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'Trabalho, saúde e violência nas escolas' é tema de debate na ENSP

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Publicado em:26/11/2019
'Trabalho, saúde e violência nas escolas' é tema de debate na ENSPTrabalho, Saúde e Violência nas escolas foi o tema da roda de conversa, realizada pelo Centro de Estudo da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP/Fiocruz) com a finalidade de homenagear todos os professores. A moderadora da atividade, a coordenadora do Cesteh, Kátia Reis, afirmou que debate objetivou criar ideias e estudos, a fim de “avançar com o que tem, para levar ao Legislativo, e gerar políticas públicas, já que os estudos intencionam gerar transformação na sociedade”. Toda conversa girou em torno da discussão do cotidiano da escola.  
 
Convidado para participar da ,o professor de ensino especial domiciliar do Instituto Helena Antepoff (IHA) e da Secretaria Municipal de Ensino (SME), Luiz dos Santos Costa, contou sobre sua rotina de auxílio a alunos especiais. 
 
A conversa transcorreu acerca das dificuldades enfrentadas pelos professores e da resistência criada por eles para sobreviver nas reais circunstâncias. Luiz acredita que a população está começando a quebrar o paradigma de olhar o professor como um “monstro” e enxergar como ele, de fato, é, segundo Luiz, amoroso e disponível para receber as crianças. 
 
As interferências que a Educação vêm recebendo foram pontos observados pelo professor, já que o conhecimento ancestral vem sendo descartado. Mas, diante dessa crise, o professor concluiu que, apesar dos ataques sofridos, o brasileiro tem a postura de não deixar ruir por completo tais ensinamentos, mas a expansão deles requer cuidados. “Abordar esses assuntos pode ser considerado doutrinação religiosa” enfatizou.
 
O professor, que atua na área da Comunidade da Maré, relatou as situações que enfrentam dentro da escola, como a falta de apoio público, a falta de manutenção do prédio da escola, os tiroteios que interrompem aulas e causam desespero nos pais e alunos. Todos esses pontos geraram forte emoção no professor. “Depressão e crise de ansiedade assolam muitos professores. Ficar no corredor de um Ciep, com as crianças no colo e celular na mão, porque os pais estão ligando desesperados... É impossível não sofrer”, relatou Luiz, que não conseguiu conter o choro. 
 
Segundo o professor, embora a mídia retrate a favela como algo ruim, existem grupos, em parcerias com as escolas, que fazem trabalhos para fortalecer essas pessoas, por exemplo, o grupo de trabalho de luta pela paz, os skatistas, que fizeram embaixo da Linha Amarela uma pista para as crianças, e o grupo especiais da maré.  Apesar de toda a situação de dificuldade enfrentada pela classe, Luiz acredita que a resistência deve continuar. “Acredito que os professores são as únicas pessoas capazes de mudar uma realidade.”
 
A resistência continua
 
O professor de Sociologia da Rede Estadual do Rio de Janeiro Pedro Mara compartilhou a trajetória dentro da rede escolar. Ele relatou seu início, época em que sofreu assédio moral até sua chegada à Direção de uma escola. “Fui o diretor eleito e, mesmo assim, sofri várias tentativas para não assumir o cargo”, relatou ele, que participou do comando de greve, motivo dos assédios morais. 
 
Depois de se tornar diretor, Pedro enfrentou os problemas da escola com a resistência e lutas para a melhoria e bem-estar tanto de servidores como de alunos. Em sua gestão, o diretor considera dois pontos fundamentais para a normalidade escolar. “Duas coisas eu nunca admiti: a posição da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro em prejudicar a escola e o desrespeito com qualquer profissional que atue nela”, contou ele, que viu seu colégio tendo turmas cortadas, mesmo com o número de alunos fechados para formar uma nova sala. 
 
Pedro também fez uma relação entre o trabalho e a saúde dos professores. Ele lembrou que 300 profissionais vão, por mês, à perícia com a intenção de pedir licença psiquiátrica. “Ninguém aguenta mais. As condições afetam, cada vez mais, a saúde mental”, salientou ele, alegando que a categoria não tem o que comemorar, já que, continuamente, acontecem situações que geram o adoecimento. 
 
O evento transcorreu em forma de grande diálogo, com todos os presentes conversando e debatendo os temas apresentados pelos palestrantes. 
 


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