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Nascer no Brasil: artigo científico avalia satisfação com a assistência hospitalar no parto

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Publicado em:16/09/2019

Nascer no Brasil: artigo científico avalia satisfação com a assistência hospitalar no partoO estudo Nascer no Brasil elaborou um artigo, publicado no Cadernos de Saúde Pública, que analisa as propriedades psicométricas da escala de satisfação com a assistência hospitalar no parto. Essa pesquisa, com a  coordenação geral da pesquisadora da ENSP, Maria do Carmo Leal, teve como objetivo compreender os determinantes, a magnitude e os efeitos adversos das cesarianas desnecessárias no Brasil.

O artigo explica que as experiências relacionadas ao parto interferem diretamente na saúde e no bem-estar da mãe e do recém-nascido, bem como na escolha de um parto futuro. “Mulheres satisfeitas com o parto têm menos dificuldades em cuidar do recém-nascido, tendem a amamentar seus bebês por mais tempo e se adaptam mais facilmente às novas funções da maternidade. A insatisfação com o parto aumenta o risco de resultados negativos para a saúde, como depressão pós-parto e medo de dar à luz novamente, o que pode levar à preferência pelo parto cesáreo em futuras gestações e causar impactos na reprodução.”

Assinado pelos pesquisadores Dayana Dourado de Oliveira Costa, Valdinar Sousa Ribeiro, Marizélia Rodrigues Costa Ribeiro, Ana Paula Esteves-Pereira, Lucas Guimarães Cardoso de Sá, Joana Athayde da Silva Cruz, Maria do Carmo Leal e Antônio Augusto Moura da Silva, o artigo define a satisfação do paciente como o grau de qualidade atribuído a um serviço ou produto de saúde por um indivíduo ou se sua entrega foi considerada útil, eficaz ou benéfica, sendo assim, a satisfação com a entrega expressa a avaliação do usuário sobre os cuidados recebidos.

Eles destacam que a avaliação da satisfação do nascimento das mulheres tornou-se objeto de interesse dos gestores e profissionais de saúde no Brasil. Um dos objetivos específicos da Avaliação Nacional de Serviços de Saúde é avaliar a satisfação dos pacientes com o Sistema Único de Saúde (SUS) em centros de saúde especializados, ambulatórios e hospitais do Ministério da Saúde. Apesar disso, dizem eles, a estratégia da Rede Cegonha para a humanização do pré-natal, parto e gravidez propõe indicadores de avaliação de serviços que não incluem a satisfação do paciente.

Conforme o artigo, no Brasil, foram identificados dois estudos que avaliaram a satisfação do nascimento. O primeiro utilizou uma escala tridimensional desenvolvida pela equipe de estudo, mas nenhuma evidência de confiabilidade e validade foi apresentada. Os autores concluíram que 67% dos entrevistados estavam satisfeitos com o processo de entrega. Em 2015, o Questionário de Experiência e Satisfação na Infância (QESP) fez amostra de 237 mães submetidas ao parto vaginal em uma maternidade de ensino da cidade de Fortaleza. Os autores também concluíram que o QESP apresentava alta confiabilidade. O QESP foi desenvolvido em Portugal e mostrou algumas evidências de boas propriedades psicométricas em uma amostra de 306 mulheres.
 
Já a pesquisa Nascer no Brasil utilizou uma escala para medir a satisfação das mulheres com os cuidados ao parto recebidos no hospital. Esse instrumento foi adaptado de perguntas que mediram a satisfação do usuário com os cuidados gerais de saúde da World Health Survey (WHS), além de três específicos: questões relacionadas à satisfação geral com o parto, assistência pós-parto e neonatal e uma questão sobre violência institucional (física, psicológica ou verbal). Os resultados dão conta de que a satisfação do parto das mulheres associou-se positivamente à idade, número de filhos, escolaridade e renda. Aqueles que tiveram mais controle pessoal durante o parto, mais apoio social , problemas médicos durante o trabalho de parto e baixa dor no parto apresentaram níveis mais elevados de satisfação ao nascer.
 
Sobre o Nascer no Brasil
 
Com esse estudo procurou se conhecer melhor a atenção ao pré-natal, ao parto, nascimento e puerpério no Brasil, além de estimar a prevalência da prematuridade e a incidência de complicações clínicas imediatas ao parto, e após o parto para as mães e recém-nascidos. Também descreveu-se a prevalência de morbidade materna grave (near miss materno) e desenvolveu-se o conceito de morbidade neonatal grave (near miss neonatal).

Os objetivos do estudo foram:

Analisar a atenção à gestação e ao parto no país e seus principais desfechos;
Estimar a prevalência de cesarianas e outras intervenções obstétricas e neonatais;
Descrever as complicações maternas e neonatais de acordo com o tipo de parto, com ênfase na prematuridade;
Descrever a motivação das mulheres para opção pelo tipo de parto;
Descrever a estrutura das instituições hospitalares e analisar a relação com os desfechos obstétricos e neonatais;
Analisar a saúde mental materna pós-parto.

Realizada de fevereiro de 2011 a outubro de 2012, as puérperas foram entrevistadas para a pesquisa durante a internação hospitalar e os dados foram extraídos de seus prontuários médicos. No primeiro segmento, realizado de março de 2011 a fevereiro de 2013, os participantes foram contatados por telefone até seis meses após o parto.

Nessa pesquisa foi realizada amostragem por conglomerados em três estágios, com estratificação prévia, de acordo com as cinco regiões do país, a localização (capital ou não capital) e o tipo de hospital (público, misto ou privado). Na primeira etapa, foram selecionados hospitais com 500 ou mais nascimentos por ano; na segunda etapa, foi definido o número de dias que os funcionários estariam nos hospitais para coletar dados dos prontuários (pelo menos sete dias em cada hospital); e na terceira etapa, foi estabelecido o número de pesquisadores por hospital e o número de turnos e entrevistas por dia para garantir a seleção aleatória dos participantes. Um total de cerca de 90 mães que tinham dado à luz recentemente foram selecionadas para serem entrevistadas em cada um dos 266 hospitais, totalizando 24.200 recém-nascidos.  O tamanho da amostra totalizou 23.892 mulheres. As entrevistas pós-parto foram realizadas por telefone até seis meses após a alta hospitalar. Um total de 16.255 mulheres foram localizadas e entrevistadas no segmento. O tamanho da amostra para análise totalizou 16.109 mulheres, correspondendo a 67,4% da amostra inicial.

A probabilidade de participação no segundo segmento foi estimada com base nas três variáveis ​​que compuseram o estrato (macrorregião, capital ou não capital e tipo de hospital), status socioeconômico, idade materna, trabalho materno, satisfação com a gestação no início da gravidez e morte infantil.

Leia o artigo Propriedades psicométricas da escala de satisfação com a assistência hospitalar no parto: estudo Nascer no Brasil na íntegra.

Para saber mais sobre o Nascer no Brasil.


 
 


Fonte: Artigo CSP
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Artigos Cadernos de Saúde Pública

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