Busca do site
menu

ENSP ratifica apoio à Agente Comunitária de Saúde

ícone facebook
Publicado em:24/07/2019
ENSP ratifica apoio à Agente Comunitária de SaúdeEm repúdio à decisão da Justiça do Rio de Janeiro em retirar a guarda do filho da Agente Comunitária de Saúde (ACS), Rosilaine Santiago da Rocha, alegando que ela mora em área de risco, a ENSP, situada em Manguinhos, presta solidariedade e apoio à trabalhadora e ratifica as cartas assinadas pelos docentes do Curso Técnico em Agente Comunitário de Saúde (Ctacs) da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e pelos trabalhadores e estudantes da Fiocruz e do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria/ENSP.
 
Rosilaine, ACS da Clínica da Família Victor Valla (CFVV) e aluna da EPSJV/Fiocruz, moradora de Manguinhos, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, perdeu a guarda da criança de 8 anos, na primeira sentença, em 1 de fevereiro de 2017. O juiz alegou que Rosilaine morava em área de risco e que o menino necessitaria de um exemplo masculino, além de nomear a cidade do Rio de “uma sementeira de crimes”.  
 
O pai da criança é militar e mora em Joinville (SC). Segundo Rosilaine, o pai não vê o menino há quatro anos e a separação ocorreu em 2014 após o ex-marido a ameaçar com uma faca. A ACS mora em casa própria, com o garoto de 8 anos e outro de 15. Ele estuda em escola particular e ambos seguem criação rígida, com horários determinados para estudo e brincadeiras. 
 
“Nós, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), e trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS), neste território, estamos totalmente solidários com a nossa trabalhadora”, afirmou o diretor da ENSP, Hermano Castro. Sobre a sentença do magistrado, Hermano espera que as autoridades judiciais possam revê-la. “Essa decisão é absurda e arbitrária e traz em seu âmago uma discriminação social e territorial do estado do Rio de Janeiro.” Confira as cartas dos trabalhadores da Fiocruz, participe do ato em apoio à Rosilaine Santiago e clique aqui para assinar a petição pública em solidariedade à ACS. 
 
 
ENSP ratifica apoio à Agente Comunitária de Saúde
 
Carta dos docentes da Ctacs da Epsjv/Fiocruz em apoio à Rosilaine Santiago
 
Nós somos docentes do Curso Técnico em Agente Comunitário de Saúde (Ctacs) da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), no qual Rosilaine é aluna regularmente matriculada e está qualificando sua atuação no trabalho que ela desempenha há alguns anos na comunidade de Manguinhos. Isso já é o suficiente para perceber que é uma mulher trabalhadora e comprometida. Nossa unidade de trabalho está localizada na comunidade de Manguinhos, onde Rosilaine mora e trabalha como Agente Comunitária de Saúde (ACS).
 
O corpo docente do Ctacs e os estudantes da turma são colaborativos com todas as alunas e alunos, que são trabalhadores, mães e pais, que eventualmente trazem seus filhos consigo para a sala de aula, a fim de garantir presença, cuidado e segurança das crianças. Isso não acontece apenas com o filho de Rosilaine, mas também com outros filhos de nossos alunos e alunas que são adultos trabalhadores. Sempre temos oportunidade de observar o quanto a Rosilaine é uma mãe cuidadosa, atenta e responsável.
 
Entendemos que Rosilaine apresenta-se como uma pessoa íntegra, aluna dedicada e que preza pelo cuidado e pela segurança do filho e nos colocamos em apoio à manutenção da guarda com a mãe.
 
Camila Furlanetti Borges, Cristina Maria Toledo Massadar Morel, Mariana Lima Nogueira, Cristiane Teixeira Sendim, Jonathan Ribeiro Farias de Moura, Letícia Batista da Silva, Marcia Cavalcanti Raposo Lopes, Muza Clara Chaves Velasques – coordenadores e professores do Curso Técnico em Agente Comunitário de Saúde da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz
 
Carta dos trabalhadores e estudantes da Fiocruz
 
Nós, pesquisadores, trabalhadores, professores e alunos, que realizamos nossas atividades em Manguinhos, na Fiocruz, manifestamos solidariedade à Rosilaine,  aluna regularmente matriculada na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (ESPSJV/Fiocruz).
 
Recentemente foi publicada decisão judicial determinando que o seu filho fosse retirado da sua convivência, supostamente justificada em função da violência urbana no território. Nós trabalhadores e alunos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), há mais de cem anos presente em Manguinhos, consideramos que as pessoas duramente atingidas por essa violência não podem ser ainda mais penalizadas, com a absurda privação até mesmo da guarda dos próprios filhos.   
 
Manifestamos nossa total solidariedade à Rosilaine, cujo filho, assim como muitas crianças da Comunidade de Manguinhos, participa regularmente de atividades no Campus. Manifestamos a preocupação, essa sim justificada, com os problemas advindos dessa separação forçada, interrompendo a convivência entre a criança e a mãe, que por ela zelou durante a vida inteira.
 
Somos totalmente favoráveis à manutenção da guarda por Rosilaine, solicitando a revisão da sentença, para que seja reparado esse equívoco.
 
Carta Aberta dos Servidores, trabalhadores, residentes e alunos estagiários do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria/ENSP em apoio à Rosilaine Santiago
 
Servidores, trabalhadores, residentes e alunos estagiários do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria/ENSP, nos unimos a outras vozes, fazendo coro contra a sentença que fere, agride e desrespeita nossa amiga Rosilaine. Compreendemos que é seu direito natural, continuar criando seus filhos, de forma digna e responsável como tem feito até agora. Sempre presente e atenta às necessidades que se apresentam com os dois.
 
Impensável propor que os meninos sejam apartados do convívio diário entre si e que o menor seja enviado para longe de sua mãe, de sua casa, de sua família e de suas referências.
 
Impensável concluir que a solução para o cenário da violência existente no Rio de Janeiro será enfrentada como o juiz propõe: através da violência psicológica imputada a uma criança e toda sua família.
 
Todos os cidadãos têm direito a segurança em seu território de moradia, trabalho e lazer. Homens, mulheres, crianças, idosos. Segurança promovida e garantida pelo estado que busca harmonia e bem estar social.
 
Seguramente não é isso que temos recebido, especialmente os moradores de comunidades pobres. Ao contrário, são alvos fáceis das balas que brotam do chão e do céu, pois a política executada até agora pelo governo do Estado tem sido aplicar ações policiais que restringem, ainda mais, a vida cidadã.
 
Queremos paz!
 
Queremos todos os nossos filhos!
 
Os da favela e do asfalto.
 
Os mais ricos e os mais pobres. Todos os filhos.
 
Por isso, somos todos Rosilaine.
 

 


Seções Relacionadas:
Opinião

Nenhum comentário para: ENSP ratifica apoio à Agente Comunitária de Saúde