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Palestras enaltecem a importância de pesquisas e a criação de redes para o controle do tabaco

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Publicado em:13/06/2019
Palestras enaltecem a importância de pesquisas e a criação de redes para o controle do tabacoEm atividade alusiva ao Dia Mundial Sem Tabaco, o pesquisador Francisco Inácio Bastos, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, alertou para a importância de as instituições de saúde permanecerem atentas às inovações da indústria. Especialista no desenvolvimento de pesquisas voltadas especialmente para a epidemiologia e prevenção do abuso de drogas e do HIV/Aids, Bastos lembrou que a indústria está sempre atenta a novos consumidores e utilizou dados do Vigitel 2017 para comprovar a afirmativa.
 
“No conjunto de 27 cidades (as capitais dos estados brasileiros e o Distrito Federal), a frequência de adultos fumantes foi de 10,1%, sendo maior no sexo masculino (13,2%) que no feminino (7,5%). Esse dado mostra que o setor saúde deve refletir sobre estratégias que incorporem questões de gênero, até porque a indústria já pensou nisso há muito tempo”, admitiu.
 
Seguindo nessa linha, o pesquisador do Icict reafirmou que os desafios são permanentes e os pesquisadores devem interpretar criteriosamente os resultados das pesquisas. Bastos também indicou que a construção de políticas públicas devem, sim, englobar aspectos genéricos, mas sem deixar de focalizar populações mais vulneráveis. 
 
“Ainda, no quesito gênero, persistem diferenciais históricos, com alguma estabilidade dos diferenciais após incremento, inicialmente, do fumo entre mulheres mais abastadas, em especial na década de 1960, seguido pelo processo inverso: ou seja, de feminização da pobreza e aumento do tabagismo exatamente entre os países mais pobres, e no contexto deles, dos segmentos mais pobres. Possuir 40% dos domicílios chefiados por mulheres não é sinônimo de empoderamento feminino, como poderia ser nos EUA, por exemplo, mas um sinal de pobreza, de morte prematura de jovens do sexo masculino. As intervenções têm que se adaptar às características do público-alvo.”
 
Na palestra seguinte, Andrea Cardoso, do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, afirmou que a inciativa se destaca na articulação para implementação, principalmente, dos artigos 12 (Educação, comunicação, treinamento e conscientização do público) e 14 (Medidas de redução de demanda relativas à dependência e ao abandono do tabaco) da CQCT.
 
Além disso, por meio de seu trabalho em rede, cria uma capilaridade que contribui na promoção e fortalecimento do ambiente favorável à implementação de todas as medidas e diretrizes de controle do tabaco no país, ainda que não estejam diretamente sob a governabilidade do setor saúde. “Temos, hoje, o desafio de ampliar a rede de tratamento, o número de escolas no ‘Saber Saúde’ e a taxação mais alta dos produtos com tabaco.”
 
Na última apresentação do dia, a pesquisadora Silvana Rubano Turci, coordenadora do Observatório sobre as Estratégias da Indústria do Tabaco, falou a respeito dos três anos da plataforma no monitoramento das ações da indústria. Baseado no Tobacco Tatics, criado pela Universidade de Bath, na Inglaterra, o observatório brasileiro atua no monitoramento das manobras da indústria para 'capturar' processos políticos e legislativos, no exagero de sua importância econômica, na manipulação da opinião pública para ganhar uma aparência de respeitabilidade, fabricação de apoio por meio de grupos de fachada e depreciação de pesquisas científicas comprovadas.
 
“A plataforma é uma ferramenta útil e versátil para demonstrar a prática da indústria. Hoje, possuímos cerca de mil documentos sobre as estratégias e manobras da indústria para atender o que preconiza as diretrizes do Artigo 5.3, da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, da Organização Mundial da Saúde (CQCT/OMS), que enfatiza a adoção de medidas a fim de proteger as políticas públicas de saúde direcionadas ao controle do tabaco dos interesses comerciais ou outros interesses garantidos para a indústria desse produto.”

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