28 de maio - especialistas refletem sobre a saúde da mulher
Publicado em:28/05/2019
Por Joyce Enzler
Esta data aponta duas agendas importantes para a saúde feminina: o Dia Internacional de Luta Pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. Ambas servem para auxiliar no debate e no fortalecimento de políticas públicas no serviço de saúde e para conscientizar sobre os cuidados que devem ser adotados. O marco inicial ocorreu há mais de trinta anos, durante o IV Encontro Internacional Mulher e Saúde, na Holanda, em 1984.
A participação social tem papel relevante na 8ª Conferência Nacional de Saúde, que vai criar as bases para construção do Sistema Único de Saúde (SUS). Embora haja a tentativa de enfatizar a atividade individual, vista como empreendedora, a partir de um suposto mérito pessoal, a realidade mostra que todas as conquistas emancipatórias, como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a Constituição Federal, o SUS, a Lei Maria da Penha, entre outros exemplos, foram coletivas.
A ampliação e o avanço de políticas públicas voltadas às mulheres se devem, predominantemente, à contribuição do movimento feminista. No campo da saúde, as feministas tiveram participação relevante nas discussões sobre a necessidade de os direitos das mulheres irem além dos sexuais e reprodutivos. Cabe, aqui, relembrar a denúncia que o Movimento Feminista Negro fez sobre esterilização das mulheres negras durante a década de 1980. Essa pressão social foi também fundamental para coibir o controle de natalidade involuntário.
No cenário atual, no qual os interesses poderosos almejam retirar as conquistas obtidas na luta, é fundamental que essas datas sejam lembradas; por isso, o Informe ENSP reuniu um grupo de pesquisadoras e/ou ativistas para informar, comunicar e refletir sobre as questões relativas à saúde feminina.
A pesquisadora do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde (Demqs) Silvana Granado analisa a mortalidade materna; a presidente da Associação das Doulas (Adoulas-RJ), Morgana Eneile, reflete sobre por que lutar pela saúde da mulher; já a assistente social do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP/Fiocruz), Idenalva Lima, descreve os avanços na descoberta de medicamentos no tratamento do HIV/Aids, além de retratar as barreiras enfrentadas pelas mulheres devido ao preconceito.
Em outro bloco de interpretações, a enfermeira da Clínica da Família Victor Valla (CFVV) Sue Ellen Magalhães ressalta a importância do pré-natal para contribuir com a redução da mortalidade materna e da sífilis congênita; a enfermeira do CSEGSF/ENSP/Fiocruz Hilda Barreto mostra a relevância de exames preventivos, como o Papanicolau; enquanto a assistente social do CSEGSF/ENSP/Fiocruz Marcia Fernandes explica a evolução do planejamento familiar realizado hoje, que marca uma ruptura com o das décadas anteriores, que visava conter a natalidade das mulheres pobres.
Na sequência, a médica do CSEGSF/ENSP/Fiocruz, Celina Boga, discute o desejo de a mulher portadora de HIV ser mãe, convivendo com a dura realidade da ausência de serviços de saúde onde reside, o desemprego e a necessidade de cuidar da casa e dos filhos já nascidos.
Completando o evento, a professora do departamento de Relações Públicas das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), Charbelly Estrella, apresenta sua pesquisa "Comunicação e Informação sobre saúde e direitos das mulheres - histórias e práticas". Confira os podcasts abaixo.
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