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Vidas negras importam: um Brasil forjado na escravidão é debate na ENSP

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Publicado em:16/05/2019

Vidas negras importam: um Brasil forjado na escravidão é debate na ENSPA Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) promoveu a 15ª Edição do Ciclo de Debates – Conversando sobre a Estratégia Saúde da Família. O primeiro dia do Ciclo de Debates, 8 de maio, discutiu o "Contexto Histórico-Social em um Brasil forjado na Escravidão". Na ocasião, a pesquisadora da UFRJ, Katiuscia Ribeiro, ressaltou que a maior violência, maior do que a violência do extermínio cotidiano da população preta, é ter que pedir que as vidas negras sejam garantidas. Confira a playlist no canal da ENSP no youtube.

A cerimônia de abertura do evento contou com participação da vice-diretora de Ensino da ENSP, Lúcia Dupret, e das coordenadoras da Residência Multiprofissional em Saúde da Família, Maria Alice Pessanha e Mirna Teixeira. Lucia Dupret destacou que as análises feitas, com base nos temas propostos para o debate, são imprescindíveis, visto o atual cenário político do país. “Estamos em um momento em que precisamos muito dessas reflexões. Precisamos que os alunos nos ajudem a defender ideias e trajetórias; nós precisamos disso. A formação é a nossa principal estratégia de resistência”, destacou ela.
 


Um Brasil forjado na escravidão

Após a cerimônia de abertura, teve início a mesa "Contexto Histórico-Social em um Brasil forjado na Escravidão", sob mediação da coordenadora do Programa de Pós-Graduação da ENSP, Vera Lúcia Luiza. A mesa contou com a participação da filósofa e coordenadora do Laboratório de Pesquisa de Filosofia Africana Geru Maã da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Katiuscia Ribeiro, e da antropóloga e professora adjunta do Departamento de Segurança Pública do Instituto de Estudos Comparados de Administração de Conflitos da Universidade Federal Fluminense (Ineac/UFF), Jacqueline Muniz.

As convidadas abordaram o tema sob diferentes perspectivas, com embasamento histórico e factual das problemáticas vivenciadas pela população brasileira ainda no século XXI. Em sua fala, Katiuscia trouxe uma análise histórica e filosófica do assunto, a fim de contextualizar ocorrências – de cunho racista – que perpassam o cotidiano da comunidade negra do Brasil.

Ela apontou questões atuais que comprovam as influências do período colonial e escravocrata que marcaram a história do país, principalmente a subalternidade em que o negro é colocado, bem como a desvalorização de sua vida. “A maior violência, maior do que a violência do extermínio cotidiano da população preta, é ter que pedir que a nossa vida seja garantida”, lamentou.
 


 

O reflexo da construção da insegurança

Em seguida, a cientista social Jacqueline Muniz esclareceu narrativas de segurança e de seletividade, no que diz respeito ao sistema de segurança pública. Segundo dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a cada 100 vítimas de homicídio, 71 são negras. Para ela, tais estatísticas são fruto de uma fabricação de insegurança, na qual uma parcela da sociedade é inserida, de forma que se tornem vulneráveis aos ocupantes de camadas sociais superiores.

“Insegurança é uma espécie de lugar, por excelência, em que se pode fazer a síntese de todos os outros medos. Ao viver o risco, ao nos sentirmos inseguros, isolados, amedrontados, vamos ficando cansados existencial, emocional e socialmente, de modo a comprometer nossa capacidade de resistência, de reação, de mobilização e de luta. Isto não é trivial”, finalizou Jaqueline.

 


*Por Mariane Freitas, sob supervisão de Tatiane Vargas.

*Mariane Freitas é estagiária de jornalismo da Coordenação de Comunicação Institucional da ENSP. Tatiane Vargas é jornalista da Coordenação de Comunicação Institucional da ENSP.



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