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'Observatório da Medicina' da ENSP problematiza questões atuais dessa área do conhecimento

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Publicado em:12/11/2018
'Observatório da Medicina' da ENSP problematiza questões atuais dessa área do conhecimentoO Portal ENSP disponibiliza a página do Observatório da Medicina (ObMed), com o objetivo de problematizar questões atuais da Medicina, suas origens e consequências, além de procurar prever futuros caminhos dessa área do conhecimento. Pesquisas, artigos, notícias, atualidades em geral são divulgados, periodicamente, por pesquisadores da instituição e convidados. Confira!
 
Para a equipe responsável pelo site, não se trata de concentrar o estudo sob o viés público ou privado, sob olhar ético ou técnico. “Sem se furtar ao debate, por vezes volátil e pontuais, de cada um destes e outros tópicos em que se sentir provocado, a intenção do ObMed é escalar o complexo monte multicultural, político e econômico de onde possa observar, estrategicamente, o território onde ocorrem as interrelações que constroem a Medicina.”  O ObMed não quer se limitar a temas a serem tratados pelo observatório, mas serão consequência da observação, diz a equipe do Observatório.
 
A última publicação da página, A Medicina, a TI e o que mais? trata do movimento pela segurança do paciente em ambiente cirúrgico. De acordo com o artigo assinado por Luiz Vianna, esse movimento foi liderado por Atul Gawande, cirurgião norte-americano, do Brigham and Women’s Hospital em Boston, e professor de cirurgia na Harvard Medical School, e saúde pública na Harvard School of Public Health, que participou da criação e difusão dos checklists em cirurgias e procedimentos médicos, aos moldes do utilizado pelas práticas de segurança na aeronáutica. 
 
Em 2009, Gawande lançou “The Checklist Manifesto: How to Get Things Right” (Metropolitan Books, Holt and Company). No mesmo ano da publicação de seu livro, ingressou como articulista regular no caprichado semanário “The New Yorker”, onde escreve para o público em geral sobre os problemas da medicina contemporânea e o sistema de saúde norte-americano. “E é esse Gawande que nos interessa no momento, já que o foco das lentes do nosso ObMed busca analisar e falar não de medicina, mas da medicina.”
 
Segundo o artigo, Gawande descreve como se deu a chegada da Tecnologia de Informação (TI), com a implantação do programa de informatização na Partners HealthCare, em 2015, empresa com setenta mil funcionários – espalhados por doze hospitais e centenas de clínicas na Nova Inglaterra/EUA. Ao custo de US $ 1,6 bilhão, o processo de adaptação de todos foi lento e os resultados só foram notados com o tempo, e muito ainda se espera. Como essa empresa se constituiu e concentrou tanta riqueza ao longo das últimas décadas, tornando-se uma das gigantes do ramo? Qual contradição podemos perceber num sistema injusto e perdulário, anunciado como prestes a quebrar, mas dominado por grandes corporações que tiveram crescimento exponencial nas últimas décadas?, levanta o artigo.
 
“Mas o novo modelo de oferta de serviços médicos, controlado pela TI, é anunciado como o caminho inescapável para esse sistema”, afirma Vianna. “A maior utilização pelos próprios pacientes de seus dados do prontuário, com acesso ao seu histórico permitindo melhor acompanhamento e evitando redundância e repetições de inúmeros processos diagnósticos e terapias desnecessárias.” O artigo continua: O sistema informatizado assumindo diversas atividades que eram delegadas a terceiros e, passado um longo e desgastante período de aprendizado e ajustes, a ‘relação médico-paciente’ está toda ali, sem outros intermediários. 
 
Para Vianna, Gawande ressalta que a informatização não deixou mais tempo livre para esse médico, apenas mudou o modelo de sua atividade; ele dispende mais tempo para o registro de seus atos, perde muito mais tempo nas atividades relacionadas ao registro de informações, principalmente levando tarefas decorrentes da informatização para casa. “Os relatos de desgaste físico e emocional são muito frequentes. Mas melhorou a segurança e aumentou a produtividade. O atendimento estandartizado abriu mais vagas nas agendas. E as possibilidades de arrocho na gestão e tratamentos desses dados de saúde e extração de excedentes financeiros (o que é relatado sempre como ‘redução de custos’) são infinitas: o exemplo de atendimento aos prontuários por médicos de Mumbai, na Índia, é bem ilustrativo da capacidade do ambiente virtual.”
 
Sobre o ObMed
 
“As questões da vida e seus limites permanecem como um ponto chave nas ciências da saúde no século XXI. Entretanto, a velocidade de propagação e a onipresença de informações de múltiplas origens, o potencial predomínio de algoritmos e da inteligência artificial sobre decisões cruciais em várias esferas sociais, o contínuo avanço da genética, da neurociência, e suas integrações a BIG Data, apontam horizonte de mudanças desafiador e que faz indagar a que quimeras encontraremos ao avançar nesse horizonte.
A força da medicina e das ciências médicas dentro da organização de toda a economia movimenta fortes interesses dos que a conduzem e normatizam.
 
O pensamento acadêmico deve estar atento ao ensino e abordagem, não só, das tecnologias e bases das mudanças, como das ideologias que as permeiam, suas práticas e aos potenciais impactos sociais de uma medicina muito transformada neste século que se inicia.
É para tratar desta temática que se constituiu o Observatório da Medicina, um laboratório de olhar crítico vinculado à Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca / ENSP, da Fiocruz.
 
Composto por pesquisadores da instituição e convidados, com espectro de interesse de cunho largo, o Observatório intentará abordá-los quanto às consequências sobre a medicina, à prática médica, e seus impactos sociais, culturais, ambientais, econômicos, laborais e no sistema de saúde do país.”
 
Equipe:
 
Célio Ribeiro – médico, Pesquisador ICICT/FIOCRUZ
Ciro Floriani – médico, Doutor pela ENSP/FIOCRUZ
Fernando Telles – médico, Pesquisador ENSP/FIOCRUZ
Gisele O’Dwyer – médica, Pesquisadora ENSP/FIOCRUZ
João Andrade – médico, Professor de Bioética da UFRJ
Lígia Bahia – médica, Professora da UFRJ
Luis Castiel – médico, Pesquisador ENSP/FIOCRUZ
Luiz Vianna – médico, Doutorando PPGBIOS-ENSP/FIOCRUZ
Marcelo Magalhães – médico, HU-UFRJ
Marcos Besserman – médico, Pesquisador ENSP/FIOCRUZ
Nelson Sousa e Silva – médico, Professor Emérito UFRJ
Rodrigo Felippe – médico, Professor da UNIRIO
Sérgio Rego – médico, Pesquisador ENSP/FIOCRUZ
William Waissmann – médico, Pesquisador ENSP/FIOCRUZ
 
Para obter mais informações, acesse a página do Observatório da Medicina.
 

 


Fonte: Observatório da Medicina
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