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Artigo do 'Cadernos' analisa saúde de trabalhadores com restrição laboral

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Publicado em:24/07/2018
Artigo do 'Cadernos' analisa saúde de trabalhadores com restrição laboralCom o objetivo de analisar a relação entre intensificação do trabalho e saúde de uma montadora automobilística da Região do ABC, em São Paulo, um estudo da ENSP indagou trabalhadores com restrição laboral por acidente ou doenças, comumente denominados de "compatível", acerca dos obstáculos para o retorno ao trabalho.
 
Nesse estudo, de autoria José Augusto Pina e Eduardo Navarro Stotz, da ENSP; e José Marçal Jackson Filho, da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho, Curitiba, o entendimento do adoecimento do compatível como um sinal permitiu refletir sobre os problemas de saúde do coletivo operário e sua determinação a partir da experiência dos trabalhadores.
Para eles, o trabalhador compatível indica uma fratura exposta por meio do processo de produção, ocasionado pela intensificação do trabalho, caracterizada na gestão por estresse, ritmo intenso, adensamento do trabalho e prolongamento da jornada.
 
A pesquisa contextualiza que o atual processo de intensificação do trabalho que se insere na conjuntura das transformações produtivas das montadoras da indústria automobilística no Brasil, a partir dos anos 1990, acarreta mudanças na produção social do desgaste operário e do perfil epidemiológico dos trabalhadores.
 
Nessa empresa pesquisada, a intensificação pode ser caracterizada pela diminuição, entre 1991 a 2011, do número de empregados de 20.625 para 12.294, com aumento da produção anual de veículos por trabalhador, que passou de 2,0, em 1991; 3,8, em 1999; 4,8, em 2005; e atingiu 6,5, em 2011.
 
Conforme relata o estudo, essas características apontadas pelos trabalhadores como responsáveis pelos acidentes de trabalho e Lesão por Esforço Repetitivo (LER) também estão associadas aos transtornos psicoafetivos e às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT); morbidades praticamente excluídas do perfil do compatível ocupacional, bem como do benefício auxílio-doença acidentário concedido aos operários das montadoras. Por isso, dizem os pesquisadores, a relação entre intensificação do trabalho e doenças crônicas merece a atenção das pesquisas e das políticas de saúde.
 
Além disso, alertam eles, o reconhecimento dos problemas de saúde-doença relacionados ao trabalho pela empresa e pela Previdência constitui um processo marcado por conflitos no processo de produção e nas relações entre ciência/técnica e política. Sua determinação histórica e social também implica na capacidade da ação sindical/coletiva, no sentido de situar os problemas de saúde e proteger os trabalhadores.
 
Com o intuito do retorno ao trabalho, de acordo com o estudo, a empresa deve identificar um posto de trabalho compatível à atual capacidade laboral do trabalhador, conforme orientação da reabilitação profissional do INSS. “Registra-se, contudo, a omissão desse órgão na efetiva reintegração do trabalhador compatível com mudanças das condições de trabalho.” A identificação do posto é realizada pelo médico do trabalho da empresa com participação do analista de recursos humanos, da chefia imediata, do próprio trabalhador e dos representantes da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa).
 
Para ler o artigo Trabalhador “compatível”, fratura exposta no processo de produção da indústria automobilística: intensificação do trabalho e saúde em questão na íntegra, publicado no Cadernos de Saúde Pública (vol.34. n.7), acesse aqui.
 

Fonte: Artigo CSP
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