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CSP de junho trata das políticas de controle do câncer de mama no Brasil

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Publicado em:04/07/2018
CSP de junho trata das políticas de controle do câncer de mama no BrasilO câncer de mama é potencialmente curável, desde que diagnosticado e tratado precocemente. Segundo o editorial do Cadernos de Saúde Pública (vol. 34 n.6), existem duas abordagens diferentes, porém complementares, para alcançar esse objetivo: downstaging, para garantir que a doença clinicamente detectável seja diagnosticada em estágio inicial; e rastreamento, por meio da detecção precoce da doença clinicamente oculta, ou seja, antes de apresentar sintomas ou ser palpável no exame clínico (com tumor maior que 2 cm). Para Isabel dos-Santos-Silva, pesquisadora da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, que assina editorial, no Brasil, a grande proporção de mulheres diagnosticadas em estágios avançados, quando as opções terapêuticas são mais limitadas e menos eficazes, chama a atenção para a urgência do downstaging como prioridade nas políticas de controle do câncer de mama. “A garantia do diagnóstico precoce do câncer de mama sintomático aumenta significativamente a sobrevida.”
 
Como informa o editorial do CSP, uma parte importante das diretrizes nacionais brasileiras lida com o rastreamento. “A mamografia está longe de ser uma ferramenta de rastreamento perfeita e está associada tanto a benefícios como a danos (falsos-positivos, sobrediagnóstico e sobretratamento, além de cânceres induzidos por radiação ionizante).” 
 
No entanto, conforme alerta o editorial, os programas populacionais de rastreamento mamográfico têm sido desenvolvidos em muitos países de renda alta desde o final dos anos 1980, quando foram publicados os resultados dos primeiros estudos randomizados. “Desde então, houve pressão crescente por grupos nacionais e internacionais em defesa dos sistemas de saúde nos países de renda baixa e média, no sentido de replicar a experiência dos países de renda alta. No entanto, essa demanda tem sido mal interpretada, porque aquilo que funciona nos países de renda alta não se repete necessariamente nos países de renda baixa e média.”
 
A pesquisadora ainda evidencia no editorial que é provável que o downstaging também seja mais custo-efetivo do que o rastreamento, por vários motivos. Primeiro, os recursos se concentram no pequeno grupo de mulheres sintomáticas, e não em uma população muito maior de participantes assintomáticas em um programa de rastreamento, a grande maioria das quais nunca irá desenvolver um câncer de mama. Em segundo lugar, os elementos necessários para os cuidados de saúde no diagnóstico da doença clinicamente detectável são muito menos complexos do que aqueles exigidos para diagnosticar a doença assintomática. Em terceiro, continua ela, é o tratamento precoce que salva vidas, e não a detecção precoce propriamente dita. Portanto, conçlui Isabel, para que o rastreamento mamográfico seja eficaz, as mulheres nas quais são detectadas lesões suspeitas devem ser investigadas rapidamente (com mamografia confirmatória, ultrassom e/ou biópsia) e, se o diagnóstico de câncer de mama for confirmado, precisam ser tratadas adequadamente. 
 
O editorial do CSP salienta também que apenas um sistema de cuidados oncológicos forte e bem organizado, que consiga tratar a doença sintomática de maneira apropriada, será capaz de lidar com a demanda adicional associada ao volume grande de mulheres com lesões suspeitas detectadas pelo rastreamento.
 
Esse número do CSP destinou um espaço temático para os estudos sobre câncer de mama no Brasil, com os seguintes artigos:
 
Diretrizes para detecção precoce do câncer de mama no Brasil. I - Métodos de elaboração, de Arn Migowski, Airton Tetelbom Stein, Camila Belo Tavares Ferreira, Daniele Masterson Tavares Pereira Ferreira, Paulo Nadanovsky.
 
Diretrizes para detecção precoce do câncer de mama no Brasil. II - Novas recomendações nacionais, principais evidências e controvérsias, de Arn Migowski, Gulnar Azevedo e Silva, Maria Beatriz Kneipp Dias, Maria Del Pilar Estevez Diz, Denise Rangel Sant'Ana, Paulo Nadanovsky.
 
Diretrizes para detecção precoce do câncer de mama no Brasil. III - Desafios à implementação, de Arn Migowski, Maria Beatriz Kneipp Dias, Paulo Nadanovsky, Gulnar Azevedo e Silva, Denise Rangel Sant'Ana, Airton Tetelbom Stein.
 
Para ler na íntegra todos os artigos do Cadernos de Saúde Pública (vol. 34  n. 6), clique aqui .
 

Fonte: CSP vol. 34 n.6

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