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'Mulheres no mundo da ciência' é tema do Cadernos de Saúde Pública de março

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Publicado em:12/03/2018
'Mulheres no mundo da ciência' é tema do Cadernos de Saúde Pública de marçoA revista Cadernos de Saúde Pública (vol.34 n.3), de março de 2018, traz um debate bem atual para a pauta científica. Com o tema Mulheres no mundo da ciência e da publicação científica, as editoras da publicação Marilia Sá Carvalho, Claudia Medina Coeli e Luciana Dias de Lima observam que as "lutas feministas que se expressaram nas passeatas quando da posse do presidente americano, explicitamente misógino, e na resistência das brasileiras em defesa do direito ao aborto já tão limitado. O movimento se capilarizou e permitiu que viessem à tona diversos casos de abusos sexuais. As mulheres se fortaleceram para denunciar, compartilhando suas experiências". Conforme o editorial da revista, "também entre cientistas, como não poderia ser diferente, denúncias de abuso apontam relações de poder que se estabelecem entre orientador e orientanda, entre cientista sênior e jovem em início de carreira, que levam a situações tão graves como as já mencionadas, afastando inúmeras e promissoras jovens mulheres da carreira acadêmica". As três editoras do 'Cadernos' reforçam que estimular a igualdade de gênero é um compromisso da publicação.
 
Ainda de acordo com editorial, no Brasil, cerca de metade das publicações do quadriênio 2011-2015 foram de autoria de mulheres, um aumento expressivo comparado aos 38% do período 1996-2000. “Entretanto, entre os pesquisadores que recebem bolsas de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) cujo objetivo é valorizar a produção científica, as mulheres estão mais presentes nos níveis mais baixos. Em parte essa diferença pode ser explicada como resultante de um efeito coorte, mas também pode ser a reprodução de um padrão observado nas organizações em geral. Em cargos de chefia de alta hierarquia o número de mulheres é muito menor do que o de homens, mesmo em empresas com elevada presença feminina.” 
 
Vários artigos da revista são de autoria de pesquisadores da ENSP. No artigo O consumo de alimentos ultraprocessados e nível socioeconômico: uma análise transversal do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto, Brasil, Bárbara dos Santos Simões e Sandhi Maria Barreto, da Universidade Federal Minas Gerais; Letícia de Oliveira Cardoso, da ENSP; Isabela Judith Martins Benseñor, da Universidade de São Paulo;  Maria Inês Schmidt , Bruce Bartholow Duncan, e Vivian Cristine Luft, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; e Maria del Carmen Bisi Molina, da Universidade Federal do Espírito Santo, estimaram a contribuição dos alimentos ultraprocessados à ingestão calórica total e investigar se essa contribuição difere de acordo com nível socioeconômico. Foram analisados os dados da linha de base do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto-Brasil (ELSA-Brasil 2008-2010; N = 14.378) e os de ingestão alimentar, usando um questionário sobre frequência de consumo alimentar, em três categorias: alimentos não processados ou minimamente processados e ingredientes culinários processados, alimentos processados e alimentos ultraprocessados. Estimamos as associações entre nível socioeconômico (escolaridade, renda domiciliar per capita e classe social ocupacional) e o percentual da contribuição calórica dos ultraprocessados, usando modelos lineares generalizados, ajustados por idade e sexo. Os alimentos não processados ou minimamente processados e ingredientes culinários processados representaram 65,7% da ingestão calórica total, seguidos pelos ultraprocessados (22,7%). Depois dos ajustes, a contribuição dos ultraprocessados foi 20% mais baixa entre participantes com ensino fundamental incompleto, quando comparados aos indivíduos com pós-graduação. Quando comparados aos indivíduos das classes de renda mais alta, a contribuição calórica dos ultraprocessados foi 10%, 15% e 20% mais baixa entre aqueles pertencentes aos três quintis de renda mais baixos, respectivamente. Além disso, a contribuição calórica dos ultraprocessados foi 7%, 12%, 12% e 17% mais baixa entre os participantes da classe social ocupacional mais baixa, comparados aos das classes sociais mais altas. Os resultados sugerem que a contribuição calórica dos alimentos ultraprocessados é mais alta entre os indivíduos de nível socioeconômico mais alto, com gradiente de dose e resposta nas associações.
 
O artigo Análise do efeito idade-período-coorte na mortalidade por câncer colorretal no Estado do Rio de Janeiro, Brasil, no período 1980 a 2014, de Brenda Gasparini e Cosme Marcelo Furtado Passos da Silva, da ENSP; Marcus Valadão, do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva; e Adalberto Miranda-Filho, da International Agency for Research on Cancer, Lyon, France, estimou a contribuição do efeito da idade, do período e da coorte de nascimento na mortalidade por câncer colorretal. Foram analisados dados de óbitos pela neoplasia entre indivíduos com mais de 35 anos de idade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil, extraídos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) entre 1980 e 2014. As taxas de mortalidade foram calculadas por gênero e faixa etária. O efeito da idade, período e coorte de nascimento foi estimado pelo método que utiliza funções estimáveis: desvios, curvaturas e drift, na biblioteca Epi do software R. As taxas de mortalidade por câncer colorretal padronizadas foram 27,37/100 mil homens e 21,83/100 mil mulheres em 2014. Verificou-se aumento da mortalidade pela neoplasia entre 1980 e 2014, sendo as taxas de mortalidade entre homens superiores às das mulheres após a década de 1990. O efeito idade foi observado com o aumento das taxas e o envelhecimento. A análise das gerações mostrou o menor risco de óbito nas coortes mais antigas comparadas às mais recentes coortes, o que pode estar ligado à adoção do estilo de vida ocidental. Tal cenário aponta a relevância da implantação de estratégias de rastreamento visando ao diagnóstico e ao tratamento precoce de lesões precursoras da doença.
 
Acesse aqui todos os artigos do Cadernos de Saúde Pública (vol.34 n.3), de março de 2018.

Fonte: CSP vol 34 n 3

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