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Entrevista: Gastão Wagner fala sobre os anseios para o Abrascão e o contexto das eleições 2018

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Publicado em:21/02/2018
*Por Hara Flaeschen, sob supervisão de Vilma Reis

Faltando pouco mais de seis meses para o Abrascão 2018, o presidente da Abrasco – e do Congresso – Gastão Wagner de Sousa Campos, concedeu entrevista à Comunicação da Associação expondo seus anseios e perspectivas para o 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. O professor da Unicamp falou ainda sobre o Abrascão em ano eleitoral, frisando a importância da determinação de diretrizes sobre saúde pública durante o congresso – a fim de pressionar candidatos.  Confira:
 
Abrasco: Como você deseja que seja o seu Abrascão? Qual seu anseio, enquanto presidente do Congresso?

Entrevista: Gastão Wagner fala sobre os anseios para o Abrascão e o contexto das eleições 2018Gastão Wagner: Seria muito bom que os congressistas não viessem para o Abrascão 2018 com aquele sentimento de quem vem pra uma colônia de férias… Anseio por uma participação mais coletiva, que as pessoas sintam que o congresso é de todos. Também anseio que tenhamos dinheiro: esta está sendo uma gestão se recurso público! A Abrasco tinha um aporte público importante para seus congressos e manutenção cotidiana da equipe, isto diminuiu em 80%.

Espero também que a gente reflita sobre diversidade – gênero, feminismo , indígena, população negra, trabalhadores de saúde, usuários, mas que esta reflexão em diversidade não nos impeça de produzir uma síntese, como que fatias de um projeto para a sociedade. Esta é minha expectativa para avançarmos um pouco mais na luta. Do contrário, ficamos muito fragmentados, dispersos e o controle, pelas forças dominantes, se torna mais fácil. Os responsáveis são eles – a elite da mídia, financeira, burguesia, setores da classe média conservadora, universidades privadas, indústria farmacêutica – mas e o que nós estamos fazendo?  É preciso que algo nos aglutine e nos estimule, como movimento, para a melhor escolha de candidatos.

Especificamente na Saúde Coletiva, temos que avançar em conhecimento e postura ética profissional, por exemplo: estamos perdendo a batalha para as arboviroses. Agora a Febre Amarela está ameaçando o estado de São Paulo – não só São Paulo, na verdade. Temos que rever o que pensamos sobre isso, nossa abordagem. É responsabilidade da degradação urbana, ambiental, incompetência de governança, de gestão, do Ministério da Saúde, das Secretarias Estaduais, do SUS… mas também tem responsabilidade dos sanitaristas.

Temos sempre que discutir a relação dos sanitaristas com as autoridades governamentais, com os gestores. O caso da vacinação de massa no Paraná com a Dengvaxia, é uma responsabilidade sanitária. Sabemos que o Ministério da Saúde está lavando as mãos – mas aconteceu lá, na região. Sabenos ainda que quem definiu esta política de vacinação foram os governantes, mas quem executou foi o pessoal da saúde pública. E é uma aberração. A mesma coisa nossa relação com o mercado, com a indústria. Como fica o conflito de interesses entre a lógica do mercado e os usuários? Existe possibilidade de mediação mas não ocorre naturalmente, tem que ter ação científica, política. Quero que o Abrascão reflita também sobre isso.

Abrasco: O congresso se posicionará em ano eleitoral?

Gastão Wagner: Não diretamente. O Abrascão 2018 pretende influenciar esta eleição através de um projeto – com diretrizes – como um caderno sobre SUS, Atenção Primária, ambiente e saúde, violência, e vários outros assuntos e, a partir deste documento, batalhar junto aos candidatos. Na minha opinião, os movimentos sociais devem ter autonomia em relação aos partidos políticos, não podem se perder nessa necessária divisão que faz parte da democracia.

É óbvio que divulgaremos os candidatos que apoiarem nosso projeto, queremos analisar quem apoia aquele ponto – mas não apoia o outro, por exemplo. Vamos tentar influenciar as pessoas para escolherem seus candidatos a partir de perguntas como “Você é a favor do SUS? Você é a favor da democracia, dos direitos de gênero, da inclusão social, da diversidade?”. A nossa ideia é trabalhar isso, e seria ideal termos no Abrascão um debate com os candidatos sobre a proposta social de saúde de cada um.

*Hara Flaeschen é estagiária de jornalismo da Abrasco.

 


Fonte: Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco)
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