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Câncer de pulmão: Artigo de pesquisadora da ENSP analisa custos com a doença

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Publicado em:07/11/2017
Câncer de pulmão: Artigo de pesquisadora da ENSP analisa custos com a doençaO câncer é um importante problema de saúde pública no mundo, sendo estimada, globalmente, para o ano 2030, a ocorrência de 27 milhões de casos incidentes e 12,6 milhões de mortes pela doença, entre as quais 2,4 milhões (19,0%) por câncer de traqueia, brônquios e pulmão. O câncer de pulmão, por ser o mais comum de todos os tumores malignos e estar associado ao tabagismo, apresenta aumento de 2% por ano na sua incidência mundial. O estudo sobre a estimativa de custos com esse tipo de câncer, sob a perspectiva de um hospital público de referência para o SUS, resultou em artigo publicado pelos pesquisadores Margareth Crisóstomo Portela e Claudia Cristina de Aguiar Pereira, da ENSP; e Renata Erthal Knust e Guilherme Bastos Fortes, do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca/RJ). O custo com os 277 pacientes pesquisados em 2011 foi de R$2.473.559,91, sendo 71,5% relacionados à atenção ambulatorial e 28,5% às internações. Na atenção ambulatorial, predominaram os custos com radioterapia (34%) e quimioterapia (22%). Os resultados apontaram para custos menores na fase inicial de tratamento (7,2%) e custos muito elevados na fase de manutenção (61,6%). Os resultados da pesquisa ratificam a importância do tratamento radioterápico e das internações como principais componentes de custo do tratamento.
 
Segundo o artigo, no Brasil, estima-se para o biênio 2016-2017 a ocorrência de cerca de 600 mil casos novos de câncer, sendo 28.220 casos de câncer de pulmão, dos quais 17.330 em homens e 10.890 em mulheres. “Devido ao diagnóstico em estádios avançados, a grande maioria dos pacientes não é candidata a tratamento curativo, necessitando de tratamento paliativo com radioterapia e quimioterapia, com papel fundamental no aumento da sobrevida global. A doença permanece altamente letal, com uma taxa de mortalidade de, aproximadamente, 90%.”
 
Dos 472 pacientes com CPNPC (Avaliação molecular do Câncer de Pulmão Não Pequenas Células) inicialmente selecionados, 277 (58,7%) mantiveram-se elegíveis para este estudo após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão propostos. Observou-se que 63,5% dos pacientes tinham entre 50 e 69 anos. A idade mínima e máxima registradas foram 36 e 86 anos. O sexo masculino foi predominante, correspondendo a 61,4% dos casos. Em relação à etnia, 65,7% dos pacientes pertenciam à raça branca, seguida de 28,5% da raça parda. Quanto ao nível de escolaridade, quase metade dos pacientes analisados (49,8%) possuíam apenas o ensino fundamental incompleto, seguido de ensino fundamental completo (26%), médio completo (11,9%) e superior completo (6,5%). Os pacientes analfabetos foram 5,8% da população. 
 
Nos 18 meses de observação da pesquisa, 77,6% dos pacientes morreram: 25% dos pacientes foram a óbito em até 2,9 meses, 50% em até 6,6 meses, e 75% em até 13,8 meses, evidenciando um quadro de elevadíssima letalidade, em, relativamente, curto prazo. O custo total foi de R$2.473.559,91, sendo R$1.769.526,22 (71,5%) relacionados à atenção ambulatorial e R$704.035.69 (28,5%), à atenção hospitalar (internações). No que concerne à sua distribuição por fases de tratamento, 7,2% do montante foi utilizado na fase inicial de tratamento; 61,6%, na fase de manutenção; e 31,2%, na fase terminal. Os cuidados ambulatoriais perfazem a maior parte do custo da fase inicial (66,5%) e da fase de manutenção (90,2%), enquanto internações correspondem à maior fatia (64,2%) do custo total associado à fase terminal. O custo do tratamento de um paciente com CPNPC avançado no Inca variou entre R$101,71 e R$90.861,72, sendo em média R$8.929,82 e tendo como mediana R$5.887,78. A parte expressiva do custo individual médio relaciona-se ao cuidado ambulatorial da fase de manutenção, onde se concentram os custos com quimioterapia e radioterapia.  
 
Ainda conforme o estudo, o custo médio total da assistência oncológica variou entre R$4.622,56, nos casos em que o óbito ocorreu em até três meses após a entrada do paciente no serviço, até R$18.027,00, nos casos em que o óbito ocorreu acima de 18 meses, mas com registro de encaminhamento para o HC-IV (unidade de cuidados paliativos). Essas estimativas traduzem os custos reais durante a assistência do paciente, sendo consideradas fidedignas ao tratamento da doença. 
 
O hospital selecionado - Inca - é especializado e de referência na assistência da alta complexidade em oncologia no âmbito do SUS, o que limita a generalização dos resultados, uma vez que cada hospital cadastrado para prestar assistência oncológica no Ministério da Saúde é livre para incorporar diretrizes clínicas de tratamento e, dessa forma, oferecer esquemas terapêuticos distintos de outras unidades, explica o artigo. Entretanto, os custos estimados pelo artigo podem refletir o perfil dos custos na rede pública de saúde. 
 
Os pesquisadores destacam, no entanto, que os custos não devem ser o principal foco de discussão, nem devem ser usados isoladamente de forma a contribuir para alterar as recomendações clínicas para o diagnóstico e tratamento do câncer, mas devem ser auxiliares na busca de estratégias para reavaliar políticas públicas de saúde e estimular a política de negociação de preços e remuneração da tabela. “A identificação de um volume elevado de gastos não fornece, em si, informação suficiente para sugerir bom uso do recurso”, concluem. 
 
O artigo Estimativa dos custos da assistência do câncer de pulmão avançado em hospital público de referência foi publicado na  Revista de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo (USP), em agosto de 2017.
 
 

Fonte: Artigo
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