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Estudo associa segregação a hipertensão e diabetes

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Publicado em:20/09/2017
Matheus Cruz (CCS/Fiocruz)
 
Estudo associa segregação a hipertensão e diabetesUma pesquisa inédita realizada pela Fiocruz e mais cinco centros de pesquisa do país revela que indivíduos que moram em vizinhanças mais segregadas economicamente - locais com maior concentração de responsáveis pelo domicílio com renda menor do que 3 salários mínimos -  têm 26% mais chance de apresentarem hipertensão e 50% mais de desenvolverem diabetes, comparados a pessoas que residem em áreas menos segregadas. O estudo foi publicado na edição de agosto da Social Science & Medicine, uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo.
 
A população analisada, de 10.617 indivíduos, é participante do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil), investigação longitudinal composta por funcionários de seis instituições públicas, entre elas a Fiocruz, que tem como objetivo investigar a incidência e os fatores de risco para doenças cardiovasculares e o diabetes tipo 2, incluindo determinantes sociais, ambientais, ocupacionais e biológicos. As pesquisadoras Letícia Cardoso, Simone Santos e Dora Chor, do Departamento de Epidemiologia da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), assinam o artigo junto com Sharrelle Barber, Ana V. Diez Roux, VeronicaToste, Sherman James, Sandhi Barreto, Maria Schmidt e LuanaGiatti.
 
“Até onde conseguimos identificar, esses são os primeiros resultados de estudo epidemiológico brasileiro de grande porte a demonstrarem a associação entre a segregação residencial e condições relacionadas à saúde. Além disso, incorpora o contexto de moradia à etiologia da hipertensão e diabetes, normalmente relacionada somente a características individuais como idade, obesidade e história familiar”, afirmou Dóra Chor, autora senior do artigo e membro da coordenação do estudo na instituição.
 
Os resultados, ressalta a pesquisadora, sugerem que a segregação econômica, presente na vizinhança, está associada a uma maior prevalência de hipertensão e diabetes, independentemente de características individuais como idade, renda e escolaridade. Além disso, comparados aos brancos, participantes pretos e pardos moram mais frequentemente em vizinhanças com maior nível de segregação e apresentam maior prevalência das duas doenças.
 
De acordo com o estudo, além da periferização da parcela mais pobre da população das cidades brasileiras, a segregação residencial significa segregação econômica e social. Em numerosas situações, vizinhanças altamente segregadas são completamente excluídas do acesso ao trabalho formal e infraestrutura pública que são indispensáveis à saúde e bem-estar. 
 
Segundo o Ministério da Saúde, em 2012, 30% de todas as mortes no Brasil foram atribuídas a doenças cardiovasculares, fazendo dos fatores dos riscos cardiometabólicos, como hipertensão e diabetes, um grande problema de saúde pública.
Fonte: Agência Fiocruz de Notícias
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