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Na inauguração do laboratório, especialista explica importância do sono nos 63 anos da ENSP

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Publicado em:13/09/2017
Na inauguração do laboratório, especialista explica importância do sono nos 63 anos da ENSPNo segundo dia de celebração do aniversário de 63 anos (5/9), a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) inaugurou o primeiro laboratório do país destinado a estudar como a privação do sono impacta a saúde do trabalhador. Vinculado ao Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador, o Laboratório do Sono é coordenado pela pesquisadora Liliane Reis. Após a inauguração, o professor Geraldo Lorenzi Filho, diretor do Laboratório do Sono do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor), da USP, falou sobre o sono na sociedade brasileira. Ele explicou o que leva o indivíduo a dormir, criticou a privação de sono da sociedade atual e detalhou como se caracteriza a apneia do sono. "Para falarmos em saúde do trabalhador, bem-estar e ausência de medo, temos que falar do sono", admitiu o convidado.
 
Laboratório do sono
 
“É mais um instrumento da nossa Vice-Direção de Ambulatórios e Laboratórios da ENSP e fruto de muito empenho do Cesteh. Esse laboratório será muito positivo para avaliação do sono nos profissionais que trabalham em turnos, à noite e em atividades com exposição a riscos químicos e físicos. A iniciativa fortalece o SUS e deve preencher rapidamente todos os moldes previstos na regulação para atender a todos os profissionais da rede”, discursou o diretor da ENSP, Hermano Castro, ao inaugurar o espaço.
 
A coordenadora fez questão de afirmar que o laboratório da Fiocruz, diferente dos laboratórios da Uerj e UFRJ, será centrado na saúde do trabalhador. O local possui isolamento acústico, dois quartos, um banheiro, uma antessala (recepção e sala de espera), uma copa e uma sala de monitoramento. O espaço opera com a realização de uma média de 40 polissonografias por mês – exame indicado para detectar distúrbios do sono. Essa possibilidade, na opinião da chefe do Cesteh, Kátia Reis, toca num tema importante para a saúde do trabalhador: a temporalidade do trabalho. “Essa é uma temática central na área. A jornada de trabalho e a intensificação devem ser analisadas na perspectiva da saúde. As ferramentas eletrônicas, como e-mail e whatsapp, trouxeram novo arranjo no tempo de trabalho, e esse é um tema que deve entrar na agenda”, admitiu.
 
Na inauguração do laboratório, especialista explica importância do sono nos 63 anos da ENSP
 
O sono na sociedade brasileira
 
Após parabenizar a ENSP pela inauguração do Laboratório, o professor Geraldo Lorenzi Filho afirmou que a revista Science classificou o sono como um dos grandes mistérios do mundo. Segundo ele, dormir é um produto das oscilações do organismo e, quando se está pegando no sono, o indivíduo perde a consciência da vigília. “Podemos dizer que pegar no sono é mágico. O medo surge porque pegar no sono traz a perda de consciência do próprio eu; você cai no vazio, cai no buraco. Todos nos relacionamos, temos total conceito do eu, mas, na hora que se pega no sono, o indivíduo perde essa noção.”
 
Ele explicou que os seres humanos dormem porque o sistema nervoso central oscila, e não há como sustentar a consciência da vigília. “Dormir é sincronizar as ondas cerebrais. Elas vão ficando lentas, você perde a consciência da vigília e cai no sono”, descreveu.
 
O professor criticou a privação do sono da atual sociedade lembrando que a luz, a televisão e o celular fazem o indivíduo dormir cada vez mais tarde. “Não seguimos mais os conselhos dos nossos avós de dormir cedo, pegar sol pela manhã, fazer exercícios. Algumas pesquisas mostram que os paulistanos dormem 6 horas por dia. Não existe perda fisiológica tão rápida em pouco espaço de tempo como essa”, lamentou.
 
Na inauguração do laboratório, especialista explica importância do sono nos 63 anos da ENSP
 
Apesar de lembrar que o ronco é muito comum, pois a garganta é estreita, e há um relaxamento da musculatura que provoca dificuldade na passagem do ar, Lorenzi alertou que a apneia obstrutiva do sono é uma doença. “A apneia impede a passagem do ar, e o indivíduo só sai dessa “parada respiratória” quando acorda. A síndrome é caracterizada pelo fato de a pessoa precisar fazer esforço para respirar durante o sono e acomete um em cada três adultos nos grandes centros urbanos”, segundo ele.
 
O sono na saúde
 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisologia, um sono de má qualidade tem várias implicações para a saúde: aumenta sonolência diurna; reduz memória, atenção e raciocínio, aumenta risco de acidentes automobilísticos; reduz crescimento das cartilagens dos ossos e produção de massa muscular; aumenta chance de ganho de peso e depressão, reduzindo, portanto, a qualidade de vida. 
 
Ainda de acordo com o órgão, a insônia e a apneia obstrutiva do sono são duas das principais doenças responsáveis por um sono de má qualidade. 
 

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