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'Radis' de setembro debate o drama dos refugiados

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Publicado em:11/09/2017
'Radis' de setembro debate o drama dos refugiadosDisponível on-line, a edição n°180 de setembro de 2017 da revista Radis destaca o drama da migração forçada, suas implicações na saúde e as perspectivas de futuro dos refugiados no Brasil. Para a Radis, a expulsão de milhões de pessoas de seus territórios em função de guerras, perseguições políticas, étnicas, religiosas, de gênero ou orientação sexual, problemas econômicos e socioambientais é a questão humanitária mais aguda no planeta, a somar-se às questões crônicas de desigualdade, miséria e injustiça social. O editor Adriano De Lavor, autor da reportagem de capa, com arte do design Felipe Plauska, fala sobre vidas dilaceradas por desagregação familiar e ruptura com vínculos territoriais e culturais, com relatos de luta pela vida e superação. Além dos refugiados, ele ouviu pesquisadores e profissionais que se especializaram nesse acolhimento, embora não exista política pública definida para a situação. São quase 10 mil pessoas recomeçando suas vidas no Brasil, ultrapassando obstáculos como língua, costumes e adaptação a profissões diferentes da formação, em busca de saúde e dignidade. Outro destaque da publicação é a decisão do Supremo Tribunal Federal de manter a proibição, no Estado de São Paulo, do uso da fibra de amianto, causadora de doenças incuráveis e câncer, abrindo caminho para o banimento total do mineral no Brasil, como já ocorre em mais de 70 países. A reportagem da Radis acompanhou a jornada de Italo Ferrero, de 77 anos, debilitado por doença respiratória decorrente da exposição ao amianto quando trabalhou no Rio de Janeiro. Ele veio da Itália, especialmente para fazer exames requeridos pela justiça brasileira e presenciar, em Brasília, esse julgamento histórico.
 
A reportagem de capa Do outro lado da linha trata da vida das pessoas que cruzam a linha de suas fronteiras e buscam refúgio por aqui. Quais as dificuldades que enfrentam no seu processo de adaptação? Que reflexos a condição de refúgio imprime em sua saúde? A partir das reflexões suscitadas pela oficina de mídia “Panorama do refúgio em São Paulo”, organizada em março de 2017 pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e pela organização Caritas Arquidiocesana de São Paulo, a Radis encarou o desafio de problematizar essas questões consultando pesquisadores e profissionais que atuam em serviços especializados e, principalmente, ouvindo o relato de “astronautas” que partiram de perigos distantes em busca de vida nova neste planeta chamado Brasil. “Para além das incertezas e medos, naturais para aqueles que embarcam em uma viagem involuntária que não sabem quando chegará ao fim, os relatos mostram que o sofrimento, a distância e a saudade não superam a resiliência, o desejo de liberdade e a coragem de recomeçar a vida com saúde e dignidade.”  
 
Um dos personagens da matéria é o jovem sírio de 27 anos, Abdul Basset Jarour, universitário de classe média da região de Aleppo, que viu sua vida mudar quando foi convocado para o serviço militar obrigatório na capital Damasco, em 2010. Em tempos de guerra, a convocação — que normalmente dura em torno de um ano — não tinha data para acabar. Machucado em 2013 num ataque das forças de Israel, quando perdeu vários amigos, entrou em choque e conseguiu afastamento — momento em que aproveitou para fugir para o Líbano, país vizinho. “Foi um milagre ter escapado. Da guerra só se sai sem uma perna ou um braço”, enfatizou. No Líbano, ele assistiu à partida de muitos sírios para o Egito, Itália, Turquia e Grécia, mas preferiu não arriscar uma fuga ilegal pelo mar. Optou pela incerteza de apostar no desconhecido e tentar a sorte no Brasil. Daqui, pouco sabia, a não ser alguma coisa sobre a natureza, o café e o futebol. No check-in para São Paulo, pediu um assento no lado com janela “para dar adeus ao mundo árabe”. Na chegada, o primeiro choque: os brasileiros não falavam espanhol, como imaginava. Pouco a pouco, foi recebendo ajuda: dormiu em uma mesquita e conheceu um grupo de africanos, que o orientaram a procurar a sede da Caritas, onde o atenderam em árabe. Um pequeno alívio para quem havia cruzado a linha da incerteza. “Nós refugiados não temos experiência em ser refugiados, agradeço a Deus por ter me mostrado um caminho para estar vivo”, emocionou-se, em um português ainda carregado de sotaque.
 
O drama de Abdul se assemelha ao de quase 10 mil refugiados que hoje vivem no Brasil. Somente em 2016, o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), ligado ao Ministério da Justiça, registrou aumento de 12% no número total de pessoas vivendo em situação de refúgio no país. 
 
Outro tema polêmico. A reportagem Tolerância Zero aborda a proibição pelo Supremo Tribunal Federal  do amianto no Estado de São Paulo e considerou que o artigo da Lei Federal que permitia "uso controlado" da fibra mineral no Brasil fere a Constituição. A decisão criou um "vácuo jurídico" nos estados e municípios, que passam a poder legislar sobre o tema. Quatro dias depois, a prefeitura do Rio de Janeiro regulamentou a Lei Estadual de 2001, proibindo o uso do mineral no município. De acordo com a Associação Brasileira de Expostos ao Amianto (Abrea), a sentença bane definitivamente a utilização do amianto da variedade crisotila em todo o território nacional. “Essa decisão tem imensa relevância socioambiental, e os movimentos sociais a celebram efusivamente”, disse Fernanda Giannasi, coordenadora da Abrea, e ex-auditora fiscal do Trabalho que luta há trinta anos pelo banimento. 
 
Essa e outras matérias de destaque estão disponíveis na Radis de número 180.
 

Fonte: Radis
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Divulgação Científica Radis

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