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Webcesteh: Nova ferramenta digital possibilita integração entre trabalhadores e campo da Saúde do Trabalhador

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Publicado em:08/08/2017
Tatiane Vargas

Lançado recentemente, o Webcesteh - a mais nova ferramenta digital desenvolvida pelo Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP) -, busca levar à sociedade informações de qualidade e atualizadas a respeito da Saúde do Trabalhador no Brasil, além de estreitar cada vez mais os laços com os trabalhadores e a sociedade em geral. Mais do que ampliar o espectro do campo da Saúde do Trabalhador, o espaço virtual intenciona também marcar posição sobre as grandes discussões nacionais que envolvem o tema.

O ‘Informe ENSP’ conversou com a coordenadora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador (Cesteh/ENSP), Kátia Reis, e o chefe do Laboratório de Toxicologia do Cesteh, Leandro Carvalho, sobre a construção do site, seus desafios e objetivos. De acordo com a coordenadora, a ideia foi configurar uma ferramenta que fortalecesse o debate, uma vez que a comunicação implica reciprocidade, que deve ser continuamente estimulada.

Segundo Kátia e Leandro, o Webcesteh se configura como uma ferramenta virtual de caráter acadêmico e de divulgação de serviços (ambulatório e laboratório do Cesteh), com a preocupação adicional de gerar fluxo contínuo de diálogo com os vários segmentos de trabalhadores e suas organizações, regido por uma dinâmica específica e influenciado pelas relações com a sociedade.

Confira, a seguir, a entrevista na íntegra.

Informe ENSP: Os recursos destinados ao desenvolvimento do Webcesteh vieram de uma proposta da Direção da ENSP de descentralização de recursos. Dessa forma, cada departamento recebeu uma verba e, internamente, decidiu como utilizaria tal recurso. O Cesteh optou pelo desenvolvimento do Webcesteh. Por que a concepção de um site?

Webcesteh: Nova ferramenta digital possibilita integração entre trabalhadores e campo da Saúde do TrabalhadorKátia Reis: Essa é uma demanda antiga do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP), anterior à gestão atual. O Cesteh é um Centro de Saúde do Trabalhador. Sua vinculação orgânica não é somente com a Escola Nacional de Saúde Pública, mas também com a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora e um conjunto de movimentos sociais relacionados aos trabalhadores. Nessa perspectiva, necessitávamos de um canal de comunicação no qual pudéssemos tanto nos mostrar para o mundo - no sentido amplo - como a sociedade poder nos achar, pois uma das dificuldades que encontramos, quando damos palestras, quando estamos em atividades externas à Fiocruz, é que as pessoas não conhecem o Cesteh. Trata-se de um centro da Escola, mas ele é muito mais que isso. Precisávamos de fato de um canal de comunicação com o mundo externo.

Portanto, escrevemos um projeto que atendesse a uma necessidade de comunicação em Saúde do Trabalhador, pois é isso que o Webcesteh é: um projeto de Comunicação e Informação (C&I), e não somente um site. Ele está dentro de um escopo maior de se pensar a nossa Política de comunicação Comunicação e Informação em Saúde do Trabalhador.

Informe ENSP: Como foi o processo de construção do Webcesteh?

Webcesteh: Nova ferramenta digital possibilita integração entre trabalhadores e campo da Saúde do TrabalhadorLeandro Carvalho:
Em 2015, quando completamos 30 anos, os trabalhadores do Cesteh discutiram o desenvolvimento de um site, pois já existia um movimento de que precisávamos de um. Estávamos reeditando um folder de apresentação do Cesteh, e, naquele momento, foi muito discutido o lugar do ensino, da pesquisa, do serviço, bem como nossa missão. Esse material gerou todo esse debate; na verdade, era uma atualização de materiais antigos. Pouco tempo depois, a Kátia Reis assumiu a coordenação do Cesteh, e, em seguida, fomos contemplados com o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Institucional (Fadi/ENSP). A Coordenação levou a proposta ao Conselho Deliberativo do Cesteh, e com a aprovação da aplicação do recurso para o desenvolvimento do Webcesteh, seguimos com todo o protocolo.

Informe ENSP: Como o projeto se desenvolveu?

Leandro Carvalho:
A determinação da Coordenação do Cesteh de que o desenvolvimento do Webcesteh era projeto prioritário foi fundamental em todo o processo. A primeira coisa, e talvez uma das mais importantes para o êxito, é que foi determinada, por meio de portaria, uma pessoa representando cada atividade, desenvolvida pelo Cesteh (Ensino, Pesquisa e Serviços), para compor um Grupo de Trabalho. Uma pessoa do ensino, uma da pesquisa, uma do laboratório, uma do ambulatório e uma da gestão; todas com o papel de trazer um olhar mais específico, mais detalhado daquela atividade, porém no contexto geral do Cesteh.

Ao final de 2016, quando a verba foi efetivamente liberada, começamos a fazer reuniões periódicas para desenvolver o site, sempre com todo o grupo presente - os representantes do Cesteh e os profissionais externos envolvidos no projeto, de uma empresa contratada para tal tarefa e da Coordenação de Comunicação Institucional (CCI/ENSP), considerados fundamentais no desenvolvimento do Webcesteh. Assim, o projeto foi acontecendo, até chegarmos efetivamente ao produto que temos consolidado hoje, e, por se tratar de um espaço virtual, estará em constante atualização.

Informe ENSP: Quanto tempo levou o processo de construção do projeto até efetivamente ir para o ar?

Leandro Carvalho:
Pouco menos de um ano. Demos início ao projeto em novembro/dezembro de 2016, quando começamos a gestar o site, e fizemos o lançamento do Webcesteh em julho de 2017. Hoje, temos noção de que foi um processo rápido, e isso se deve muito à Coordenação, pois houve total apoio na questão de recursos, bem como na construção do Grupo de Trabalho, que foi crucial, além é claro do trabalho em equipe de todos os envolvidos. Cada representante de sua área se empenhou em sua atividade e se dedicou bastante ao desenvolvimento do site.  Além disso, tivemos toda autonomia de trabalho, e sempre com muito diálogo com a Coordenação.

Informe ENSP: Agora que o Webcesteh já está efetivamente no ar, aberto a todo o mundo, o que vocês esperam com esse novo canal?

Leandro Carvalho:
Estamos sendo pioneiros na Escola com o desenvolvimento do Webcesteh, que tem uma proposta a mais, pois se desdobra em várias outras preocupações do Cesteh. Em primeiro lugar, efetivar uma Política de Comunicação e Informação  em Saúde do Trabalhador. O primeiro produto que estamos apresentando é o Webcesteh, mas pretendemos que ele se expanda.

Kátia Reis: Temos essa questão do aspecto do agenciamento político, que o Leandro colocou muito bem, ou seja, pretendemos colocar nossa posição em relação aos principais temas do Brasil. Por exemplo, soltamos uma nota sobre a Reforma Trabalhista, algo que estamos discutindo no cenário atual. A gente precisa se posicionar em relação ao mundo do trabalho, pois é para isso que existimos. Nossas pesquisas oferecem subsídios para que possamos nos posicionar diante dos principais temas nacionais. Esse é um aspecto fundamental.

Temos também o aspecto de formação e entendemos que uma ferramenta de formação deve ser pedagógica, ou seja, ter troca. Esperamos que os trabalhadores e suas organizações entrem em contato conosco estabelecendo um canal de troca. É lógico que pretendemos também dar visibilidade aos produtos acadêmicos do Cesteh, como artigos, livros e etc.

Leandro Carvalho: Temos uma parte do site destinada a isso, ‘Produções do Cesteh’, que pode ser desde um artigo até uma reportagem que cite o trabalho de algum pesquisador do Centro. Todo material disponível no Webcesteh está em acesso aberto. Toda a política do Webcesteh está em consonância com a Política de Comunicação e Informação da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz).

Informe ENSP: Qual a perspectiva em relação ao trabalhador?

Leandro Carvalho:
Esperamos que o trabalhador acesse facilmente o Cesteh. O acesso físico ao Cesteh é muito comum ao trabalhador que nos conhece, que já veio até nós, mas o mundo do trabalho se renova constantemente. Nessa perspectiva, aquele trabalhador novo ou mesmo o trabalhador antigo, que de alguma forma precisa de apoio em Saúde do Trabalhador e não consegue nos achar fisicamente, o site favorece, diminui a distância, estreita a relação e facilita a comunicação para além de uma ferramenta de gestão interna.

O Webcesteh possui um aspecto de gestão interna muito importante, uma ferramenta facilitadora, mas, certamente, ele vai melhorar a nossa comunicação com o trabalhador que está fora da Fiocruz, que está fora do Brasil, com o trabalhador que está em qualquer lugar do mundo. Pretendemos que o site também esteja disponível em outra língua. Esperamos dar cada vez mais visibilidade ao Cesteh, em todas as suas ações voltadas à Saúde do Trabalhador. Queremos que a C&I em Saúde do Trabalhador seja uma alavanca de mudanças, trazendo sempre informações, notícias, dados e resultados que fortaleçam a luta dos trabalhadores e trabalhadoras por melhores condições em seus ambientes de trabalho e em sua vida, promovendo assim mudanças sociais.

Kátia Reis: Um ponto muito importante, também, é conceituarmos o que é Saúde do Trabalhador, porque Saúde do Trabalhador não é Saúde Ocupacional e nem Medicina do Trabalho. Por isso, o Webcesteh tem também papel educativo de delimitar exatamente o que é a Saúde do Trabalhador. 

 


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