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Hélio Fraga apresenta novo fármaco para o tratamento da tuberculose multirresistente

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Publicado em:23/06/2017
Hélio Fraga apresenta novo fármaco para o tratamento da tuberculose multirresistenteUm novo fármaco para tuberculose multirresistente foi apresentado durante a sessão científica, na tarde de quarta-feira (14/6), pelo chefe do ambulatório do Hélio Fraga, Jorge Rocha. O evento aconteceu no auditório da instituição, na presença dos funcionários do Centro e diversos convidados. Após cinquenta anos sem um novo medicamento para o tratamento da doença, a "Belaquinina é uma promessa de melhorar a eficácia do esquema terapêutico", afirmou Jorge.
 
Segundo Jorge Rocha, aproximadamente 1,4% dos casos novos e 7,5% dos casos de TB retratados no Brasil são MDR, mas nem todos são diagnosticados. De acordo com o relatório anual da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2015, estima-se que o Brasil diagnosticou próximo a 63% de portadores da doença multirresistente, e somente 32% iniciaram o tratamento. Em 2015, o Rio de Janeiro apresentou o maior número de casos novos e de retratamento após abandono de TBMDR. A OMS afirma que a TB multirresistente é a maior ameaça para o controle da tuberculose no mundo.
 
Para Jorge Rocha, o manejo da TBDR é um grande desafio, pois exige a elaboração de um esquema terapêutico eficaz, adequado para o caso, além de outros fatores, tais como: o tempo longo de tratamento (de 18 a 24 meses), chances de ocorrência de reações adversas, vulnerabilidades sociais, até o tratamento diretamente observado com qualidade.  
 
Jorge mostrou o tipo de esquema para tratar a TBXDR, frequentemente utilizado, e falou da importância do novo fármaco, a Bedaquilina, para os portadores da enfermidade.
 
O novo medicamento inibe especificamente a ATP (adenosina 5’ – trifosfato) síntese da micobactéria, uma enzima essencial para a geração de energia do Mycobacterium tuberculosis. Essa inibição leva a efeitos bactericidas para os bacilos da tuberculose em fase de multiplicação e em estado de latência.
 
A Bedaquilina foi descoberta em 1997 e aprovada em dezembro de 2012, nos Estados Unidos, e comercializada pela Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson. Em 2013, o medicamento encontrava-se na fase III, e, segundo Jorge, pacientes do ambulatório do Centro de Referência também participaram do estudo.
 
"De acordo com os estudos pré clínicos, o novo fármaco é capaz de reduzir a duração do tratamento, tem atividade bactericida precoce demonstrada em duas semanas de uso e aumenta a eficácia de regimes terapêuticos de segunda linha. O medicamento deve ser ingerido sempre que possível com alimentos", revelou.
 
As reações adversas mais frequentes durante o tratamento foram náusea, artralgia, dor de cabeça, vomito e tonteira. O estudo apontou, também, que o uso da Bedaquilina com o álcool aumenta o risco de hepatotoxicidade.
 
Segundo Jorge, o Brasil ainda não pode comprar a Bedaquilina em virtude da falta de autorização da Anvisa. Enquanto isso, a Janssen irá doar inicialmente 30 tratamentos para os doentes que não tem alternativa terapêutica satisfatória com produtos registrados no país.
 
De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, indivíduos com 18 anos ou mais que assinem o termo de informação e adesão do paciente poderão fazer o tratamento. O medicamento não é recomendado para grávidas, pessoas acima de 65 anos, portadores de HIV, de cardiopatias severas, de insuficiência hepática severa e de micobacteriose não tuberculosa ou de tuberculose extrapulmonar.
 
"Espera-se que a Bedaquilina melhore o desfecho dos tratamentos. Há que se ter muito critério para a composição do esquema terapêutico, de modo que não coloque o novo fármaco sob risco de se tornar também resistente", admitiu o pesquisador.  

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