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ENSP elege trabalhos de iniciação científica vencedores do Prêmio Adauto Araújo

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Publicado em:07/06/2017
ENSP elege trabalhos de iniciação científica vencedores do Prêmio Adauto AraújoNa primeira edição do Prêmio Adauto Araújo para os melhores trabalhos da ENSP, na 25ª Reunião Anual de Iniciação Científica (RAIC 2017), dois deles saíram vencedores. A aluna Thamyris Perez de Souza e a orientadora Ana Cecília Amado Xavier de Oliveira foram premiadas pelo trabalho intitulado Regulação do Citocromo P4502A6 pelo óxido nítrico em células de hepatocarcinoma humano; e a aluna Yasmim Furtado de Souza e a orientadora Lilian Miranda receberam o prêmio por Noções de saúde segundo usuários com transtorno mental: uma revisão bibliográfica. No evento, ocorrido em 2/6, estiveram presentes o vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rodrigo Stabeli, o pesquisador emérito Luiz Fernando Ferreira, o diretor da ENSP, Hermano Castro, a vice-diretora de Pesquisa da Escola, Sheila Ferraz, a coordenadora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), Maria de Fátima Baptista, além da esposa e filha do pesquisador que dá nome ao prêmio, Amélia e Elisa, respectivamente. Todos afirmaram a relevância da condecoração para a iniciação científica, fundamentalmente do pesquisador e ex-diretor da ENSP Adauto Araújo. Luis Fernando disse ser um mestre realizado, já que Adauto, como seu discípulo, superou-o. Hermano lembrou como Adauto estimulava a entrada de jovens na academia desde a graduação. Já Rodrigo destacou a importância de os jovens duvidarem, questionarem e crescerem na área da pesquisa. Sheila, idealizadora do prêmio, considerou difícil a escolha dos melhores trabalhos devido à sua alta qualidade nessa RAIC.
 
A Comissão Julgadora foi composta das pesquisadoras da ENSP Maria Auxiliadora Oliveira, Roberta Gondim e Shênia Novo. Das duas vencedoras do Prêmio, apenas Thamyris pôde comparecer ao evento. A estudante estava emocionada e acredita que seu trabalho foi escolhido pela sua importância no que diz respeito às interações medicamentosas na área de Toxicologia Ambiental. 
 
Agora, é aguardar a próxima edição, no ano que vem, para agraciar novos estudantes com o prêmio.
 
Resumos dos trabalhos vencedores
 
Regulação do Citocromo P4502A6 pelo óxido nítrico em células de hepatocarcinoma humano
 
Citocromos P450 (CYP) podem ser induzidos ou inibidos por xenobióticos, como medicamentos e poluentes ambientais. Interações medicamentosas levando a falhas terapêuticas e ativação metabólica de pró-carcinógenos são efeitos adversos relevantes consequentes às alterações de CYP. Doenças infecciosas e inflamatórias também podem regular CYP, mas os mecanismos subjacentes a esses efeitos não estão ainda esclarecidos. Durante o processo inflamatório, o efeito mais frequente sobre CYP é a regulação negativa de sua expressão e atividade. Como os mecanismos de defesa do organismo contra o ataque microbiano envolvem a produção de óxido nítrico (NO) e citocinas, estudos para investigar o envolvimento dessas moléculas na regulação de CYP têm sido conduzidos in vivo e in vitro. Estudos realizados em camundongos evidenciaram que o lipopolissacarídeo (LPS) de bactérias Gram-negativas deprimia a expressão hepática dos RNAm de CYP, enquanto elevava a expressão dos RNAm de citocinas pró-inflamatórias. Em camundongos knockouts (KO) para a Interleucina (IL)-6, por exemplo, a elevação das atividades hepáticas de CYP2E1 e CYP4A levou os pesquisadores a sugerir que a IL-6 estaria envolvida na regulação dessas CYPs. Em estudos com hepatócitos humanos, a hipótese do envolvimento do NO sobre a depressão de CYP2B6 foi reforçada quando o efeito depressor sobre CYP foi revertido pelo inibidor seletivo da NO sintase induzível (iNOS), 1400W. A indução da CYP2A5 foi descrita na vigência de infecções por alguns autores e associada à lesão e ao estresse oxidativo do retículo endoplasmático dos hepatócitos. Recentemente, o estudo da regulação da atividade hepática de CYPs durante a evolução temporal da malária letal e não letal em camundongos DBA-2, realizado no nosso laboratório, revelou que a indução da CYP2A5 ocorria nos momentos do auge da parasitemia. Em outro estudo, em que a resposta imune foi desencadeada por uma ampla faixa de doses de LPS de Escherichia coli, a depressão das atividades da CYP2A5 foi evidenciada nos animais que haviam recebido as doses baixas da endotoxina (quando os níveis séricos de NO não estavam alterados), mas não nos que haviam recebido as doses mais altas, quando os níveis de NO estavam elevados. A configuração de uma curva dose-resposta em U (dose de LPS x atividade de CYP2A5) mostrou que o NO pode ter um papel na regulação de CYP2A5. A depressão das citocinas pró-inflamatórias com o tratamento combinado pentoxifilina+LPS não reverteu a depressão de CYP2A5, mas mostrou a elevação de IL-2 e IL-4, sugerindo que citocinas anti-inflamatórias poderiam estar associadas à regulação dessa CYP. Se as citocinas e o NO também regulam a CYP2A6, ortóloga humana da CYP2A5 murina, no entanto, não tem sido investigado. A importância do estudo da regulação de CYP2A6 justifica-se pela sua participação na eliminação de fármacos e na bioativação de pró-carcinógenos, como aflatoxina B1 e nitrosaminas do tabaco. A regulação da CYP2A6 em células hepáticas humanas (linhagem de células de hepatocarcinoma humano, C3A) com o tratamento com o LPS, o doador de óxido nítrico, S-morfolinosidnonimina (SIN-1) e a citocina IL-4 está sendo investigada. Até o momento, esses estudos in vitro mostraram que o tratamento com o LPS deprimiu a expressão de CYP2A6 e de CYP2B6 induzida pela rifampicina, indutora de ambas as CYPs; com o SIN-1, elevou a expressão de CYP2A6 e de CYP2B6 de forma concentração-dependente, enquanto o tratamento combinado com SIN-1 e rifampicina deprimiu a sua expressão. Os efeitos dos tratamentos sobre o estado oxidativo hepático estão sendo investigados com a diclorofluoresceína, utilizando o peróxido de hidrogênio como padrão. Com estes ensaios, e com os próximos, usando citocinas recombinantes humanas IL-2 e IL-4 para o tratamento das células, esperamos contribuir para compreender os elos entre a resposta imune, o estresse oxidativo intracelular provocado por radicais livres e a regulação de CYP2A6 durante o processo inflamatório. 
 
Noções de saúde segundo usuários com transtorno mental: uma revisão bibliográfica
 
Tendo em vista o exíguo número de estudos que abordam noções de saúde e cuidado sob a perspectiva do usuário, este trabalho teve por objetivo investigar os diferentes sentidos que os usuários de saúde mental atribuem à sua condição de saúde-doença e ao cuidado recebido. Para isso, desenvolvemos uma Revisão Bibliográfica Sistematizada no banco de dados da Capes, tendo sido utilizadas 11 combinações de palavras-chave. Considerando critérios de inclusão e exclusão, selecionamos os trabalhos primeiramente por título, depois por resumo e, finalmente, por texto completo, totalizando 27. Eles foram sistematizados levando-se em consideração: ano de publicação e autores; sujeitos da pesquisa; Cidade/Estado e Região onde a pesquisa foi realizada; e tipo de serviço. O conteúdo foi discutido a partir de cinco categorias: a) Atividade laboral, inserção no mercado de trabalho formal e suas relações com a experiência da saúde; b) O estigma e seus efeitos sobre o usuário de saúde mental; c) O conhecimento sobre o adoecimento, o processo de significação dessa experiência e suas implicações para a saúde; d) Contribuições e impasses que o ambiente institucional oferece à experiência da saúde; e) Outros modos de experimentar a saúde e a possibilidade de recuperação (recovery). A análise do material permitiu-nos verificar que a maioria das pesquisas desenvolveu-se em cidades de grande e médio porte da região Sudeste e tiveram como cenário serviços públicos de saúde do tipo CAPS. De modo geral, verificamos que os usuários de saúde mental apresentam uma concepção de saúde ampliada e, apesar das dificuldades inerentes à lida com o transtorno mental, têm se engajado num processo de recuperação (recovery) que não visa à remissão completa dos sintomas ou o desaparecimento da doença, mas a possibilidade de suportá-la e conviver com sua presença. Para torná-lo possível, esses sujeitos constroem sentidos para sua experiência, inventam estratégias absolutamente singulares para contornar períodos de crise e lidar com experiências anômalas de modo menos angustiante, fazem uso de medicamentos e terapias, se aproximam ou se afastam do ambiente familiar e de outros elementos de sua rede social, “se virando” com os recursos que o ambiente dispõe e que lhes serve. Assim, a revisão da literatura consultada aponta que, ainda que a saúde não tenha se mostrado uma garantia na jornada do tratamento, as tentativas de experimentá-la parecem incansáveis, e os modos de vivê-la bastante variados. 

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