ENSP comemora dia do trabalhador com homenagens e debates
Esse conhecimento científico poderá ser aplicado por governos, sistemas de justiça, ONGs, instituições do setor privado e pela academia no desenvolvimento de projetos e políticas públicas. As informações serão usadas também para direcionar estrategicamente a atuação do MPT e de órgãos parceiros. A ferramenta foi desenvolvida pelo Smart Lab de Trabalho Decente do MPT e da OIT, com a colaboração científica da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).
ENSP comemora dia do trabalhador com homenagens e debates
Marcando mais uma vez sua atuação na luta pela saúde e direitos dos trabalhadores, por intermédio do seu Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh), a ENSP preparou uma atividade em memória ao Dia Mundial das Vítimas de Acidentes de Trabalho e Doenças do Trabalho (lembrado em 28 de abril) e em comemoração ao Dia do Trabalhador (celebrado em 1º de maio). Marcando a data, foi realizada uma homenagem póstuma à trabalhadora Rosa Amélia Alves de Araújo, fundadora da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto do Rio de Janeiro (Abrea/RJ), que deu nome à alameda ao lado do prédio do Cesteh/ENSP. Houve também um debate sobre as reformas trabalhistas e previdenciárias, com a participação dos pesquisadores da ENSP Augusto Pina e Luiz Carlos Fadel, além da apresentação do novo espaço virtual do Cesteh, o webcesteh, que busca facilitar a comunicação entre os trabalhadores e a Fiocruz.
Em uma tenda lotada de trabalhadores, a homenagem póstuma feita Rosa Amélia Alves de Araújo - por intermédio de sua filha Inês Alves ,- com a colocação de seu nome na alameda ao lado do prédio do Cesteh, emocionou a todos, principalmente aqueles que tiveram o prazer de trabalhar, conviver e cuidar de Rosa Amélia, trabalhadora exposta ao amianto, que faleceu devido à doença. O diretor da ENSP, Hermano Castro, que é pneumologista, teve Rosa Amélia como sua primeira paciente no ambulatório do Cesteh. Para ele, “colocar o nome de Rosa Amélia na alameda é estar lado a lado na luta dos trabalhadores”.
O vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Marco Menezes, que também tem sua origem no Cesteh/ENSP, destacou que teve o prazer de trabalhar com Rosa Amélia como protagonista do trabalho realizado pela Abrea. “São exemplos como esse que não podemos esquecer. Devemos nos lembrar sempre o quão árdua é essa luta, e Abrea é um grande exemplo de como discutir a Saúde do Trabalhador no país”, apontou Marco Menezes. A professora do Cesteh/ENSP Maria Blandina Marques ressaltou o trabalho de Rosa Amélia, primeira trabalhadora diagnosticada com asbestose no Cesteh. “Rosa Amélia fez busca ativa e trouxe muitos trabalhadores doentes para o Cesteh, ela representou esse movimento. Como ela dizia, a luta não é só por mim, é por todos os companheiros do Brasil e de fora.”
Fernanda Giannasi, fundadora da Abrea, destacou que Rosa Amélia era grande defensora do trabalho do Cesteh/ENSP/Fiocruz. “A relação aqui no Rio de Janeiro é muito grand,e e a presença dela é muito forte e simboliza a luta e a resistência. Rosa é uma fonte de energia permanente para continuarmos nessa luta”, afirmou Fernanda. A homenagem contou ainda com palavras dos representes da Abrea do Rio de Janeiro e São Paulo. Na alameda com nome de Rosa Amélia, foram plantadas flores nas árvores, para que o espaço seja sempre lembrado com ternura por todos que passam por ali. Inês Alves, filha de Rosa Amélia, agradeceu emocionadamente a homenagem e finalizou, “quando a gente quer conseguir alguma coisa na nossa vida, é somente com a luta”.
Apresentação do site do Cesteh e debates sobre as novas reformas
O chefe do laboratório de toxicologia do Cesteh/ENSP, Leandro Carvalho, fez uma breve apresentação sobre novo espaço virtual do Centro, o webcesteh, que busca facilitar a comunicação entre os trabalhadores e a Fiocruz. Representando o trabalho desenvolvido por um grupo, Leandro explicou que o principal objetivo do site é criar uma proximidade cada vez maior com o trabalhador. “Buscamos o contato direto com o trabalhador que está dentro do Cesteh e com aqueles que estão fora. O intuito é facilitar a comunicação entre todos, oferecendo informações simples e acessíveis, que de fato conversem com os trabalhadores. Além disso, o webcesteh fortalece a política de informação e comunicação na instituição”, pontuou Leandro Carvalho.
Segundo ele, a ideia reforma trabalhista se aplica a desigualdade da sociedade de classes. “O que se pretende com a reforma trabalhista é ainda mais desigualdade nas relações de trabalho. Os governos passam, o Estado de direito fica”, disse ele. Fadel citou ainda alguns pontos da nova reforma trabalhista, como a fim da homologação sindical, o fim da contribuição sindical, o trabalho de mulheres grávidas em locais insalubres, além de citar diversos pontos da lei da terceirização. Leia mais sobre assunto no artigo assinado pelo professor Luiz Carlos Fadel e publicado no Informe ENSP.
O pesquisador Augusto Pina focou sua apresentação na reforma previdenciária costurando com a reforma trabalhista. Para ele, o principal problema da reforma trabalhista, por exemplo, é que o acordado prevaleça sobre a legislação. Ele, que é especialista em processos de trabalho e saúde, intensificação do trabalho, ações coletivas e sindicais em saúde do trabalhador, considera que a expansão da terceirização está acompanhada de sérias e negativas repercussões na saúde dos trabalhadores. Leia mais sobre o assunto na entrevista concedida por Augusto ao Informe ENSP.
Fonte: ENSP segue na luta - Dia do trabalhador