Busca do site
menu

Há 35 anos, curso investe em modelo transformador no campo da saúde mental

ícone facebook
Publicado em:07/04/2017
Há 35 anos, curso investe em modelo transformador no campo da saúde mentalHá 35 anos iniciava-se, de forma pioneira no Brasil, um pensamento crítico, de práticas substitutivas ao modelo vigente no campo da saúde mental. Naquela época, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) implementara o curso de Especialização em Saúde Mental e Atenção Psicossocial que, desde então, tornou-se referência na formação de profissionais para o campo da reforma psiquiátrica. As inscrições para a 35ª turma estarão abertas até 17 de abril, mês em que se celebra o Dia Mundial da Saúde (7 de abril), cujo tema, em 2017, é a Depressão. "A falta de apoio às pessoas com transtornos mentais, juntamente com o medo do estigma, impedem muitas pessoas de acessarem o tratamento de que necessitam para viver vidas saudáveis e produtivas", diz o alerta da OMS. Paulo Amarante reforça: "Levando-se em consideração a complexidade da problemática implicada nas formas de tratamento da depressão, o alerta deve ser para que haja necessidade de se repensar esta forma de diagnóstico e de tratamento".
 
A depressão é a principal causa de problemas de saúde e incapacidade em todo o mundo. De acordo com as últimas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas vivem com depressão, um aumento de mais de 18% entre 2005 e 2015. A falta de apoio às pessoas com transtornos mentais, juntamente com o medo do estigma, impedem muitas pessoas de acessarem o tratamento de que necessitam para viver vidas saudáveis e produtivas. O tema deste 7 de abril – "Depressão: vamos conversar" – propõe que as pessoas com depressão, em todo o mundo, busquem e obtenham ajuda.
 
É com base nas formas inovadoras de ajuda e tratamento que o curso atua nessas três décadas. Para exemplificar, Amarante recordou sua trajetória nas várias cidades do país, especificamente em Santos, quando se deu a desmontagem da estrutura manicomial.
 
Há 35 anos, curso investe em modelo transformador no campo da saúde mental“David Capistrano, quando assumiu a secretaria de saúde, nos convidou para promover o primeiro curso de saúde mental descentralizado, que formou todos os quadros daquela experiência inovadora e revolucionaria em Santos. Houve, então, a “desmontagem” da estrutura manicomial e a criação de uma rede que passamos a chamar de substitutiva. O novo modelo tomava lugar daquele padrão manicomial asilar, tradicional, e se pautava nos Núcleos do Atenção Psicossocial (NAPS), com 24 horas, completos para atendimento em situações de crise, com projetos culturais. O curso foi fundamental para ajudar a construir a fundamentação teórica e a construção dessas práticas”, recordou.
 
Sobre o tema da depressão no dia Mundial da Saúde, Amarante cita que o informe da OMS coincide com as práticas da reforma psiquiátrica. Ainda assim, ele critica o aumento da medicalização e suas consequências. "Os antidepressivos têm causado síndromes de abstinência gravíssimas. Muitas vezes, as drogas prescritas são tão perigosas quanto as chamadas drogas ilícitas, talvez até mais. Então, todo esse debate tem que ser ampliado para que não haja preconceito de um lado nem de outro, para que se possa ter conhecimento do uso das drogas psiquiátricas prescritas e os interesses do mercado, da indústria farmacêutica, das categorias que se beneficiam com essa medicalização e os problemas que isso traz para o campo da saude pública”.
 
 

Seções Relacionadas:
Divulgação Científica Ensino

Nenhum comentário para: Há 35 anos, curso investe em modelo transformador no campo da saúde mental