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Febre amarela: um novo desafio

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Publicado em:08/02/2017
Febre amarela: um novo desafioO surto de febre amarela em Minas Gerais vem deixando o país em estado de alerta. A doença, cuja última ocorrência em áreas urbanas havia acontecido em 1942, volta a assustar a população. Até 24 de janeiro, havia 393 casos suspeitos no estado e, entre as 83 mortes provocadas pelo provável diagnóstico de febre amarela, 38 foram oficialmente confirmadas pela Secretaria Estadual de Saúde. No vizinho Espírito Santo, as mortes de 80 macacos por suspeita da doença deixaram a população em pânico. Nas regiões Sul e Noroeste do estado capixaba, mais de 20 mortes vinham sendo investigadas como possíveis casos da doença.

Para efeitos de comparação, a Folha de S. Paulo (18/1) demonstrou que, em 2016, foram confirmadas seis infecções pelo vírus da febre amarela, com cinco mortes no país inteiro; em 2015, foram nove ocorrências e cinco mortes. A bióloga e pesquisadora da Fiocruz, Márcia Chame, alerta para o fato de que mudanças ambientais podem ter contribuído para o surgimento dos casos. “Mudanças bruscas no ambiente provocam impacto na saúde dos animais, incluindo macacos. Com o estresse de desastres, com a falta de alimentos, eles se tornam mais suscetíveis a doenças, incluindo a febre amarela”, disse em entrevista ao Estado de São Paulo (17/1).

Ela não descarta a hipótese de que a devastação ambiental da Bacia do rio Doce, agravada pelo vazamento de rejeito de minério de ferro na barragem da Samarco, em Mariana, há pouco mais de um ano, tenha relação com o novo surto. Ao jornal O Globo (17/1), a bióloga acrescentou que a destruição dos ecossistemas no Brasil é assustadora e que a Bacia do rio Doce já é impactada há muitos anos, embora a tragédia de Mariana possa ter contribuído para o que vem acontecendo em Minas. “Os estudos em andamento para avaliação do impacto da tragédia de Mariana devem incorporar o monitoramento da saúde silvestre como elemento fundamental da vigilância da emergência de zoonoses (doenças que são transmitidas entre animais e humanos) conhecidas e desconhecidas na região. Só os estudos poderão comprovar”, explicou.

Para especialistas, o grande desafio é impedir a proliferação da febre amarela em áreas urbanas, o que poderia ser catastrófico, como alerta reportagem no site do El País Brasil (17/1).  Se nas regiões rurais e de mata os transmissores são mosquitos como o Haemagogus e o Sabethes que infectam principalmente macacos, nas cidades o transmissor da doença é o Aedes aegypti, responsável também pela transmissão da zika, chikungunya e dengue, doenças com surtos frequentes no país.

Para a nova presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, a grande vantagem no caso do combate à febre amarela em relação a outras enfermidades transmitidas pelo Aedes Aegipti é que existe a vacina. Desenvolvida pelo laboratório Bio-Manguinhos da Fiocruz desde 1937, a vacina está presente no calendário nacional de vacinação onde a doença é endêmica e é recomendada para quem viaja para áreas de risco. Ao jornal O Globo (18/1), Nísia disse não ser o caso de vacinação em massa, indiscriminada, mas afirmou que a Fiocruz vem intensificando a produção da vacina e concentrando esforços que estavam destinados a algumas áreas de imunização não urgentes. “Temos condição de atender à demanda. A Fundação atua em todas as áreas, do diagnóstico à rede de vigilância, à produção de vacinas, às pesquisas, e até na orientação para atendimento aos doentes”, ratificou.

Seguindo recomendação do Regulamento Sanitário Internacional de informar à Organização Mundial da Saúde ocorrências importantes de saúde pública, o Ministério da Saúde notificou a OMS sobre os casos recentes, segundo reportagem da BBC Brasil (11/1). A pasta também afirmou que enviou cerca de 285 mil doses de vacina contra a febre amarela para Minas Gerais para controlar a doença. Pessoas nas áreas onde há registro de casos serão vacinadas, e, em seguida, moradores de municípios vizinhos.

O que é a febre amarela?
Doença infecciosa grave, causada por vírus e transmitida por vetores (mosquitos infectados).
Uma pessoa não transmite a doença diretamente para outra.

Quais os sintomas?
Febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. Na forma mais grave da doença, podem ocorrer insuficiências hepática e renal,
icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso.

Qual a diferença entre a febre amarela silvestre e a urbana?
A forma de transmissão. No ciclo silvestre, em áreas florestais, o vetor da febre amarela é
principalmente o mosquito Haemagogus. Já no meio urbano, a transmissão se dá pelo Aedes Aegypti.

Como prevenir?
Além dos cuidados contra a disseminação do mosquito, devem ser tomadas medidas de proteção individual, como a vacinação, especialmente para aqueles que moram ou vão viajar para áreas com indícios da doença. Outras medidas preventivas são o uso de repelente de insetos, mosquiteiros e roupas que cubram todo o corpo.

*Fonte: Instituto de Tecnologias em Imunobiológicos (Bio-manguinhos / Fiocruz).

Fonte: Revista Radis
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