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‘Cadernos de Saúde Pública’ indica a agroecologia para reverter cenários desfavoráveis

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Publicado em:13/12/2016
‘Cadernos de Saúde Pública’ indica a agroecologia para reverter cenários desfavoráveisDe acordo com o editorial da revista Cadernos de Saúde Pública (volume 32 número 11), De acordo com o editorial da revista Cadernos de Saúde Pública (volume 32 número 11), assinado pelos pesquisadores Paula Fernandes de Brito e Marcia Gomide da Silva Mello, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, de uma agricultura de subsistência, nos tempos passados, chegou-se a outro extremo: um modelo direcionado ao mercado, em que as regras do jogo são ditadas pelo capital. “A Revolução Verde foi além, ofertando em seu legado a usurpação cultural e social dos povos tradicionais mediante a uniformização das práticas e o achatamento dos conhecimentos ancestrais de camponeses e camponesas. Na atualidade, tais grupos são majoritariamente dependentes do uso de agrotóxicos, fertilizantes e sementes industriais. Esse modelo de produção, mecanizado e envenenado, colabora inclusive para o êxodo rural e o distanciamento entre o campo e a cidade.” Os autores festejam que a história tenha demonstrado a capacidade humana em reverter cenários desfavoráveis, sendo um dos caminhos para tal reversão a agroecologia, que tem, dentre seus pilares, a promoção de práticas de cultivo respeitosas a todos os seres, bem como a aproximação entre o rural e o urbano, na busca de diálogo entre produtores e consumidores, no intuito de ofertar alimentos saudáveis, livres de insumos químicos, e promover encontros harmônicos. Eles citam algumas experiências agroecológicas, como a da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no campus da Ilha do Fundão, onde existem diversos coletivos que têm na agroecologia seu objetivo maior. A Feira Agroecológica da UFRJ, que agrega agricultores do Município do Rio de Janeiro e outros, aproxima produtores e consumidores. Também o Projeto de Extensão Muda (Mutirão de Agroecologia), coordenado pela Escola Politécnica da UFRJ e do qual o Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC/UFRJ) é integrante, dentre as suas linhas de ação, oferece capacitação para criação e manejo de hortas comunitárias na cidade, além de produzir alimentos no próprio campus universitário, em um sistema agroflorestal. A ENSP, em parceria com a Escola Politécnica Joaquim Venâncio, também realiza a Feira Agroecológica Josué de Castro, há dois anos, comercializando alimentos orgânicos, produzidos sem o uso de agrotóxicos, adubos químicos ou mudanças genéticas. Ela tem se firmado como um espaço de troca de experiências e conhecimentos entre pequenos produtores rurais e pesquisadores acadêmicos.
 
Entre os artigos publicados nesse volume da revista, Confiabilidade e Validade da Versão Brasileira da Pesquisa Sobre Cultura de Segurança do Paciente em Hospitais (HSOPSC): um estudo piloto, de Cláudia Tartaglia Reis, da Secretaria Municipal de Saúde de Cataguases; Josué Laguardia, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde/Fiocruz; e Ana Glória Godoi Vasconcelos e Mônica Martins, da ENSP, explorou a confiabilidade e a validade da versão brasileira do Inquérito aos Hospitais da Cultura Segurança do Paciente, um instrumento que avalia características da cultura de segurança do paciente entre o pessoal hospitalar. A validade do instrumento foi realizada por meio de análise fatorial exploratória e confirmatória. 
 
Iniciativas de enfrentamento da barreira patentária e a relação com o preço de medicamentos adquiridos pelo Sistema Único de Saúde, artigo de Carolinne Thays Scopel e Gabriela Costa Chaves, da ENSP, teve como objetivo analisar a série histórica do preço do lopinavir/ritonavir (LPV/r) no Brasil e no mercado internacional à luz de iniciativas de enfrentamento da barreira patentária no período de 2001 a 2012. Os resultados encontrados apontam que, entre 2001 e 2003, identificaram-se esforços de ameaça de licença compulsória. De 2005 a 2007, identificaram-se iniciativas por diferentes atores: declaração de interesse público, subsídios ao exame e ação civil pública. De 2006 e 2008, iniciativas internacionais de licença compulsória resultaram na redução do preço no Brasil. Entre 2009 e 2012, observa-se uma redução do preço de aquisição pelo Brasil de 30%.
 
No artigo Aloimunização RhD em gestantes no Estado do Rio de Janeiro, Brasil: perspectivas e desafios, as pesquisadoras Ana Heloisa Nascimento Beserra e Maria Cristina Pessoa dos Santos, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira/Fiocruz, e Elizabeth Artmann, da ENSP mostram resultados da pesquisa sobre a persistência da aloimunização RhD nas gestantes atendidas na rede pública do Rio de Janeiro, Brasil, por meio de análises de prontuários e de entrevistas com gestores, profissionais de saúde e gestantes. As entrevistas apresentaram fatores que contribuíram na persistência do problema como: perda de reestruturação do Programa de Prevenção da Aloimunização RhD (PPARhD); ausência de um sistema de monitoramento e avaliação do PPARhD; baixa articulação da rede de referência e contrarreferência de atendimento pré-natal; capacitação insuficiente dos profissionais de saúde que atendem à população em risco e a insuficiente divulgação do programa de prevenção da aloimunização. Esses nós críticos apontam a necessidade de a Secretaria Estadual de Saúde voltar a priorizar o programa de prevenção de aloimunização e investir na articulação da rede de assistência. O estudo mostrou que o problema é multicausal e enfrentá-lo exige ações interdisciplinares e complexas relacionadas ao atendimento integral no pré-natal e à atenção à saúde da mulher.
 
Confira aqui todos os artigos do volume 32 número 11  da revista Cadernos de Saúde Pública de novembro de 2016.
 

Fonte: CSP

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