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Condições de água, solo e rios de Manguinhos (RJ) são impróprias, diz pesquisa da ENSP

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Publicado em:15/09/2016
Condições de água, solo e rios de Manguinhos (RJ) são impróprias, diz pesquisa da ENSPUma pesquisa da ENSP sobre as condições sanitárias da água residencial, do solo peridomiciliar e dos rios Faria-Timbó, Jacaré e Canal do Cunha das comunidades do território de Manguinhos, no Rio de Janeiro, detectou que 73% das amostras de água coletadas de filtros e galões apresentaram-se impróprias e 27% estavam próprias, pelo padrão de potabilidade, que deve ter ausência de coliformes totais e de Escherichia Coli, segundo a portaria 2.914/11 do Ministério da Saúde. Das amostras de água coletadas nas torneiras, 69% estavam impróprias e 31% das amostras encontraram-se próprias. O estudo de autoria da aluna do mestrado em Saúde Pública e Meio Ambiente, Natasha Berendonk Handam, sob orientação  da pesquisadora Adriana Sotero Martin, fez coletas de água residencial nas treze comunidades de Manguinhos, totalizando 134 residências. “Nessa região, os serviços de água e de esgoto não chegaram na mesma velocidade em que se deram as construções das casas e vielas, de forma que grande parte dos domicílios possui fornecimento de água da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) ligado de forma clandestina, geralmente próximo aos canos de esgoto, o que pode contaminar tanto a água que chega a estes moradores quanto, também, aos que recebem a água pelos encanamentos da Cedae”, informa a aluna.
 
Manguinhos possui 38.461 moradores, apresentando um dos cinco menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), de acordo com dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010), e um dos oito menores Índices de Desenvolvimento Social (IDS) do município do Rio de Janeiro, conforme dados de 2008 do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos. Pesquisadores apontam que, atualmente, o bairro apresenta graves problemas habitacionais e ambientais, como residências mal ventiladas, sombreadas e superpovoadas, insuficiente coleta de resíduos sólidos, circulação de animais errantes, contaminação de reservatórios de água por esgotos mal canalizados, sendo condições propícias à proliferação e à circulação de patógenos, contribuindo para a degradação ambiental e para o aumento de agravos na saúde da população.
 
A pesquisa indica que os resultados de amostras de água impróprias se apresentaram semelhantes nas amostras “com tratamento” e “sem tratamento”. Na opinião de Natasha, isso demonstra que a água que abastece os moradores não é confiável e requer cuidados para eliminação dos contaminantes para uso como água de consumo, principalmente para beber e lavar os alimentos, a fim de evitar possíveis agravos à saúde.” A razão da água estar contaminada pode ser pela falta de cuidados dos moradores, como por exemplo, falta de limpeza da caixa d’água e troca do refil dos filtros. Contudo a água fornecida às residências pode estar chegando contaminada por conta da Cedae que realiza o tratamento de água de consumo que, neste caso, tem maior responsabilidade do que os moradores.” Para Natasha, outra possibilidade desta contaminação pode ser por conta da água distribuída pela Cedae estar sendo contaminada durante a distribuição, que foi providenciada pelos moradores, e sem garantias da qualidade até o domicílio.
 
Já as análises parasitológicas das 19 amostras de solo peridomiciliar das treze comunidades de Manguinhos mostraram que 58% das amostras se apresentaram negativas e 42% apresentaram resultados positivos para parasitologia. Quanto aos níveis de contaminação colimétrica do solo dos rios, em todos os pontos amostrais o solo se apresentou impróprio para contato primário recreacional, de acordo com os padrões estabelecidos pela Resolução da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de 2010. 
 
Após as análises da qualidade das amostras de água residencial, Natasha disse que os resultados encontrados foram entregues em formato de laudos simplificados aos moradores, junto com o “Caderno de Saúde e Ambiente, volume temático N° 1- Água Potável: cuidados e dicas”, elaborado por Adriana Sotero Martin em 2014. No momento da entrega foram explicadas as informações e recomendações contidas no laudo e no caderno, orientando os moradores sobre como proceder para a melhoria da qualidade da água de consumo humano. O objetivo é que a ação contribua para trazer melhorias para a qualidade de vida dos moradores, participantes do estudo, das comunidades de Manguinhos, no sentido de obter uma melhor qualidade da água de consumo, e com isto evitar agravos à saúde. Além do mais, este material informativo também poderá ser utilizado em domicílios de outras comunidades e regiões do Brasil, auxiliando a melhoria da qualidade da água de consumo humano.
 
Sobre a autora
 
Natasha Berendonk Handam possui especialização em Promoção de Espaços Saudáveis e Sustentáveis pela ENSP (2012); e graduação em Ciências Biológicas (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Estácio de Sá (2010). A aluna tem experiência na área de Qualidade Sanitária da Água e do Solo, com ênfase nos parâmetros parasitológicos e colimétricos. 
 

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