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Pesquisador da ENSP comenta caso de médico que expôs paciente em rede social

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Publicado em:13/09/2016
Pesquisador da ENSP comenta caso de médico que expôs paciente em rede socialO caso do médico de Serra Negra (SP) que postou uma foto em uma rede social debochando da maneira de falar de um paciente é apenas um exemplo de como o surgimento de novas formas de interação social vai exigir atualizações cada vez mais constantes no Código de Ética Médica. Em entrevista ao Portal Medscape - site de compartilhamento de informações voltado para profissionais de saúde -, o pesquisador da ENSP e coordenador-geral do Programa de Pós-Graduação em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva (PPGBIOS), Sergio Rego, defendeu que o Código de Ética Médica deve abranger também essa nova questão. Segundo ele, o respeito ao paciente é fundamental, seja no atendimento, seja nos passatempos virtuais. “A liberdade de expressão é fundamental, mas o respeito ao outro também", ressaltou. 
 
 
O caso do médico de Serra Negra (SP) que postou uma foto em uma rede social debochando da maneira de falar de um paciente é apenas um exemplo de como o surgimento de novas formas de interação social vai exigir atualizações cada vez mais constantes no Código de Ética Médica.
 
O que, para o profissional em questão, era uma brincadeira entre médicos e aparentemente sem maiores consequências, acabou ganhando repercussão nacional. O profissional chegou a pedir desculpas ao paciente e sua família, mas a postagem resultou no afastamento dele da unidade de saúde em que atuava.
 
Desde 2011, o Conselho Federal de Medicina já se preocupa com a exposição em redes sociais, tanto que criou uma resolução para regular o assunto, atualizada posteriormente em 2015. Agora, com a atualização do texto que orienta a conduta médica no país, o tema 'redes sociais' deve ganhar ainda mais espaço no texto. Segundo o Dr. José Fernando Maia Vinagre, coordenador adjunto da Comissão Nacional de Revisão do Código de Ética Médica, as informações contidas na Resolução 1.974/2011 e na atualização de 2015 (Resolução 2.126/2015) passarão a ser contempladas também no Código de Ética Médica.
 
As resoluções estabelecem "os critérios norteadores da propaganda em Medicina, conceituando os anúncios, a divulgação de assuntos médicos, o sensacionalismo, a autopromoção e as proibições referentes à matéria" e consideram mídias sociais: sites, blogs, Facebook, Twiter, Instagram, YouTube, WhatsApp e similares.
 
O documento esclarece que as mídias sociais dos médicos e dos estabelecimentos assistenciais em medicina "devem obedecer à lei, às resoluções normativas e ao Manual da Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos (Codame)".
 
A normatização se destina, no entanto, mais à regulamentação da publicidade médica, vedando aos médicos, por exemplo, "a publicação nas mídias sociais de autorretrato (selfie), imagens e/ou áudios que caracterizem sensacionalismo, autopromoção ou concorrência desleal", bem como se preocupa com a exposição do paciente, sendo vedado ao médico, por exemplo, expô-lo "como forma de divulgar técnica, método ou resultado de tratamento, ainda que com autorização expressa do mesmo".
 
No entanto, para o médico Dr. Sergio Rego, pesquisador titular da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ), a resolução não contempla a situação envolvendo o médico de Serra Negra. Para ele, o Facebook é uma mídia nova, utilizada muitas vezes para escrever coisas sem importância por usuários que crêem que estão confidenciando tais informações em sigilo a amigos, quando, na realidade, não estão. Essas postagens, segundo o pesquisador, "equivalem a uma declaração pública e as consequências, em geral, não são previsíveis".
 
"O grande erro desse médico foi ter debochado na presença do paciente e exposto isso publicamente. Ele é jovem, fez uma grande besteira e está sofrendo as consequências."
 
Segundo o pesquisador, há publicações que contemplam o assunto, como, por exemplo, o livro Trambiclínicas, Pilantrópicos, Embromeds: um ensaio sobre a gíria médica, de Christopher Peterson, publicado pela Editora Fiocruz. O Dr. Rego conta que a obra é resultado de uma tese de doutorado defendida na instituição e traz a discussão acadêmica de gírias médicas e casos, "que expressam problemas muito sérios e que não são enfrentados pela corporação".
 
De toda a forma, o Dr. Rego destaca que o Código de Ética Médica precisa cuidar também dessa questão, deixando "cada vez mais claro que o respeito ao paciente é fundamental, seja no atendimento, seja nos passatempos virtuais. A liberdade de expressão é fundamental, mas o respeito ao outro também".
 

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