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Por um fio: pesquisador comenta crescimento dos acidentes com motos no Brasil

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Publicado em:29/07/2016

Nas propagandas e nos filmes, a moto é um símbolo de liberdade: vento no rosto, velocidade, agilidade. Mas a vida real tem mostrado que o preço de se locomover e trabalhar sobre duas rodas é alto. Entre 2008 e 2013, o número de internações por acidentes com motocicletas aumentou 115% no Brasil. Prioridade para o transporte rodoviário, incentivos ao consumo, cidades engarrafadas e a pressa do cotidiano estão entre os fatores que motivaram o aumento da frota de motos no país e, consequentemente, dos acidentes.

Essa semana, no dia 27 de julho, foi celebrado o Dia do Motociclista. A data foi uma oportunidade para se refletir sobre o crescente número de mortos e acidentados, os impactos que isso vem causando na economia e no Sistema Único de Saúde e, principalmente, sobre os rumos de uma sociedade que prioriza o lucro em vez da vida.

Para falar desse assunto,  o Informe ENSP ouviu o pesquisador Francisco Pedra, do Cesteh/ENSP. Confira, no vídeo, a entrevista.

 


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1 comentários
JOSÉ FRANCISCO PEDRA MARTINS
30/07/2016 07:49
Agradeço a oportunidade de abordar um assunto tão grave e indicador das distorções provocadas pelo modelo economico adotado no país nas administrações federais desde o governo Juscelino Kubistchek, qual seja, a de privilegiar a produção de veículos de transportes movidos por motores a explosão. O Brasil torno-se refém das montadoras multinacionais, transformou seu padrão de transporte de cargas e passageiros, um "país sobre rodas", como se chama; e renunciando a uma estrategia essencial para o desenvolvimento economico voltado para os interesses nacionais: a construção de malhas ferroviárias de longo alcance, a absoluta prioridade para o transporte coletivo. Nos ultimos 14 anos os governos federais vem alimentando o crescimento da frota de automoveis e motocicletas de movo acelerado - apenas em SP são 4,5 milhoes de carros e 2,5 milhoes de motos, atraves de incentivos vários, com recursos publicos. Os resultados são os piores possiveis: violencia extrema, mortes, traumas graves, custos hospitalares, familias desorganizadas e desamparadas, custos elevadissimos, produtividade perdida. A perda de horas de trabalho de dezenas de milhões de trabalhadores retidos no trânsito, que em grandes núcleos urbanos pode chegar a 4-6 horas diárias. Não há duvida de que este é um dos maiores macrodeterminantes da saúde do pais, consequente ao modelo politico e econômico adotado, de situar o Brasil como um apêndice dos países centrais do capitalismo, que aceita cumprir seu papel de exportador de commodities, e renuncia cada vez mais à sua própria industria nacional. Os acidentes com motoristas de motocicletas, e aqueles focalizados na matéria - os profissionais que exercem seu trabalho com motos, são uma imensa janela que exibe a destruição da nossa juventude, daqueles que constroem o pais, em função de interesses que nao veem, nao querem ver, e nunca verão por si mesmos as consequencias sociais - cujo custo será socializado, enquanto os lucros sempre são privatizados. Cumprimento o jornalista pela escolha do tema e pela excelente concepção e produção técnica, que eleva ainda mais o importante papel que a Comunicação Institucional da Escola nacional de Saude Publica vem cumprindo.