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O SUS não pertence ao governo Temer e não morrerá

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Publicado em:17/05/2016

O SUS não pertence ao governo Temer e não morreráEm meio à polêmica causada pelo novo ministro da Saúde, Ricardo Barros, em rever o tamanho do Sistema Único de Saúde, o ex-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) entre os anos 2012 e 2015 e pesquisador e professor do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA), Luis Eugenio de Souza redigiu artigo no qual defende o SUS, reitera a necessidade de melhor distribuição de recursos para a saúde, de se manter as conquistas e buscar ainda mais o desenvolvimento de um sistema público e universal, além de ressaltar o fato de que “a sociedade brasileira não aceitará passivamente que um governo ilegítimo retire seus direitos apenas para satisfazer a sanha de acumulação do grande capital”. Confira, abaixo, a integra do texto de Luis Eugenio de Souza.

O SUS não pertence ao governo Temer e não morrerá
17 de maio de 2016
Por Luis Eugenio de Souza

O ministro da saúde, Ricardo Barros, anunciou hoje ao Brasil o real programa do governo interino para a saúde: acabar com o SUS universal e com qualquer veleidade de tentar pôr em prática o princípio constitucional de que a saúde é um direito de todos.

A Abrasco divulgou as declarações sob o título Para Ricardo Barros ‘Não contem com mais dinheiro’ o ‘tamanho do SUS precisa ser revisto’ e ‘Não adianta lutar por direitos que não poderão ser entregues pelo Estado’


Nas palavras dele, o Brasil não tem capacidade financeira para oferecer saúde para todos. Nesse sentido, Barros confirma que haverá mais cortes de verbas na saúde, embora não adiante em que programas ou setores serão feitos. O SUS, que vinha sobrevivendo com dificuldades, acaba de receber uma ameaça de morte, daquele que, em tese, é o responsável maior pela sua condução.

Evidentemente, o SUS não pertence ao governo Temer e sua vontade de destruí-lo encontrará a forte resistência do povo brasileiro!

Em primeiro lugar, o povo sabe que, no país que é a 7ª maior economia do mundo, não faltam recursos que possam ser aplicados na saúde. Falta sim a decisão de distribuir melhor os recursos: não é aceitável que quase a metade do orçamento federal seja destinada ao serviço da dívida pública – remunerando rentistas e banqueiros –, enquanto o Ministério da Saúde fica com cerca de 4%.

Em segundo lugar, as pessoas que utilizam o SUS reconhecem suas deficiências, mas não estão dispostas a abrir mão dos seus bons serviços e mobilizar-se-ão em sua defesa. Se foi possível lutar e conquistar o que nunca se teve, não será difícil se mobilizar para preservar o que já se conquistou.

Em terceiro, na base de sustentação do SUS, encontram-se milhões de trabalhadores da saúde, em estreita relação com suas comunidades. São sanitaristas, médicos, enfermeiros, técnicos da saúde, agentes comunitários.

Finalmente, é importante salientar que um programa de governo como esse anunciado pelo senhor Ricardo Barros nunca seria referendado nas urnas. Com efeito, só um governo nascido de um golpe de Estado pode ter o desplante de anunciá-lo.

A sociedade brasileira não aceitará passivamente que um governo ilegítimo retire os seus direitos apenas para satisfazer a sanha de acumulação do grande capital.

Luis Eugenio de Souza – presidente da Abrasco – Gestão 2012 – 2015



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