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Diabetes: doença crônica é o tema em destaque no Dia Mundial da Saúde

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Publicado em:07/04/2016

Todos os anos, a Organização Mundial da Saúde elege um tema para marcar o dia 7 de abril, conhecido como Dia Mundial da Saúde. Em 2016, em parceria com a Federação Internacional de Diabetes, a OMS voltou sua atenção para o diabetes, que, a cada ano, é responsável por 14,5% do total de todas as mortes que ocorrem no mundo. Conforme o Atlas do Diabetes, elaborado pela Internacional Diabetes Federation (IDF), em 2015, cerca de cinco milhões de pessoas entre 20 e 79 anos foram a óbito por conta dessa doença crônica – número muito maior que todas as guerras, conflitos armados, HIV/Aids e diversas outras enfermidades juntas. Mesmo com o grande alarde sobre o diabetes, boa parte da população não volta sua atenção e nem toma os cuidados necessários para prevenir e combater a doença. A Fiocruz, preocupada com a saúde de seus servidores, realiza o maior estudo de coorte multicêntrico brasileiro, o ELSA-Brasil, coordenado pelas pesquisadoras Rosane Härter Griep, do IOC/Fiocruz, e Maria de Jesus Mendes da Fonseca, da ENSP/Fiocruz. Rosane apresenta alguns dados e informações sobre o diabetes, uma das doenças analisadas nesse estudo.
 

Diabetes: doença crônica é o tema em destaque no Dia Mundial da Saúde

A OMS, aproveitando a data, lançou seu primeiro relatório global sobre a doença. De acordo com a publicação, desde 1980, o número de pessoas vivendo com diabetes quadriplicou e alcançou os 422 milhões (em 2014), especialmente em países em desenvolvimento. O crescimento do número de pessoas com o agravo é acompanhado do aumento de casos de obesidade e sobrepeso. O relatório destaca a necessidade de implementação de políticas públicas que apoiem estilos de vida saudáveis e a garantia de que os sistemas de saúde são capazes de diagnosticar prontamente, tratar e cuidar de pessoas com diabetes.

“A melhor forma que as pessoas têm de prevenir o diabetes é seguir uma dieta saudável, evitando sobretudo os alimentos ultraprocessados – ricos em calorias e pobres em nutrientes – e bebidas açucaradas, além de realizar atividades físicas regularmente para manter um peso saudável”, disse Carissa F. Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), escritório Regional para as Américas da OMS. No entanto, Etienne esclareceu que a prevenção do diabetes “não é apenas uma responsabilidade individual" e instou os governos a adotar políticas e medidas eficazes para “fazer a escolha saudável se tornar a mais fácil”.

O objetivo da OMS é chamar a atenção para a doença e para o fato de que ações de promoção da saúde, hábitos alimentares saudáveis e práticas de atividades físicas terem a possibilidade de reduzir os fatores de risco de desenvolvimento do diabetes. A instituição internacional defende, ainda, a capacitação e instrumentalização dos governos para atender às necessidades de tratamento das pessoas com diabetes, especialmente nos países mais pobres.

Veja, também, o relatório da OMS sore o diabetes (em inglês), o resumo do relatório (em espanhol) e a seção Diabetes do Portal Fiocruz.

Fiocruz e ELSA-Brasil: juntos na luta contra o diabetes

Rosane Härter Griep, do IOC/Fiocruz e Coordenadora do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), fala ao Informe ENSP sobre a preocupação do Estudo com o diabetes, apresenta alguns dados a respeito da pesquisa na Fiocruz e ressalta a importância da adoção de hábitos saudáveis na luta contra a doença.

Informe ENSP: De que forma o projeto Elsa toca no tema diabetes?

Diabetes: doença crônica é o tema em destaque no Dia Mundial da SaúdeRosane Griep: O diabetes é uma doença crônica não transmissível cuja prevalência tem aumentado de forma significativa nas últimas décadas. Segundo as estimativas da OMS, a prevalência no mundo aumentou de 108 milhões em 1980 para 422 milhões em 2014. A doença se desenvolve quando o pâncreas não produz insulina (hormônio que regula o nível de glicose no sangue) suficiente ou o organismo não consegue utilizar a insulina que é produzida.

O diabetes tipo 2 é o tipo mais frequente de diabetes. Sua etiologia é complexa envolvendo a inter-relação de diversos fatores que resultam na deposição central de gordura, além de órgãos como fígado, coração e pâncreas. Entre esses fatores, destacam-se os hábitos alimentares inadequados, aumento da obesidade e sedentarismo. Além desses, os determinantes sociais e psicossociais, relacionados à forma como as pessoas vivem e trabalham, têm grande importância

O Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) tem como um de seus objetivos centrais investigar em profundidade essas inter-relações de fatores que poderiam explicar a ocorrência do diabetes no contexto brasileiro. O estudo foi cuidadosamente delineado permitindo, por exemplo, estudar a situação socioeconômica, o estresse crônico, os hábitos de vida e os horários de trabalho que, no conjunto, podem propiciar pessoas suscetíveis geneticamente a desenvolver diabetes.

Informe ENSP: Quais são os principais resultados do acompanhamento do Estudo em relação ao diabetes?

Rosane Griep: Diversas produções científicas sobre a prevalência e fatores associados ao diabetes foram produzidas utilizando os dados da primeira visita dos participantes ao ELSA-Brasil. Por exemplo, um estudo mostrou que cerca de 20% foram classificados com diabetes, mas metade deles desconheciam o diagnóstico da doença antes da visita aos centros de investigação. A prevalência da doença foi maior entre os homens e entre os participantes de escolaridade mais baixa, aumentando consideravelmente com o envelhecimento e o aumento do IMC.

Além disso, outros artigos recentes mostraram que a maior ingestão de laticínios deve melhorar os níveis glicêmicos, diminuindo as chances de diabetes. Esses resultados têm importantes implicações para a saúde pública, dado o declínio do consumo de laticínios e aumento da prevalência de diabetes no Brasil. Além disso, o consumo de café parece ter um efeito protetor em relação ao risco de desenvolver diabetes. Em indivíduos não obesos, foi observado associação entre o maior consumo de bebidas adoçadas artificialmente e maior prevalência de diabetes. Fatores como a idade precoce da menarca (< 11 anos de idade) também foram associadas ao maior risco da doença na população do ELSA-Brasil.

No que se refere aos fatores relacionados ao trabalho, observou-se associação entre a exposição ao trabalho noturno e o diabetes. Especialmente entre as mulheres, foi observada a relação dose-resposta entre o tempo de exposição ao trabalho noturno e as chances de ter diabetes

Informe ENSP: O relatório divulgado pela OMS diz que, de cada 11 adultos no mundo, 1 é diabético. Quais devem ser as principais ações para reverter esse quadro?

Rosane Griep: O desafio é grande, mas precisa ser enfrentado. Em primeiro lugar, a ampla divulgação, de forma que o conhecimento sobre a doença, suas complicações e as principais formas de prevenção sejam disseminadas. É preciso que a prevenção da ocorrência do diabetes, seja efetivada por meio de políticas públicas que promovam hábitos saudáveis desde a infância, tais como os hábitos alimentares, o aumento da atividade física e a prevenção da obesidade no âmbito das famílias e nas escolas. É preciso promover ambientes saudáveis com maior oferta de alimentos saudáveis e oportunidades de prática de atividade física nos locais de moradia e nos locais de trabalho. O tratamento medicamentoso, quando aplicado em estágios mais avançados da doença, por si só, não é mais suficiente, requerendo também medicamentos que podem aumentar a obesidade.

* Com informações do Portal Fiocruz e da Opas/OMS


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