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ENSP lamenta morte de Marcus Matraga, defensor dos direitos humanos e militante das causas sociais

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Publicado em:11/02/2016

ENSP lamenta morte de Marcus Matraga, defensor dos direitos humanos e militante das causas sociaisA Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) amanhece triste, nesta quinta-feira (11 de fevereiro), com a notícia do assassinato de Marcus Vinicius de Oliveira, professor aposentado da Universidade Federal da Bahia, militante das causas sociais e do movimento da luta antimanicomial no país. Também conhecido como Marcus Matraga, foi vítima de homicídio no município de Salinas das Margaridas, no Recôncavo baiano, em função de sua atividade política na mediação de conflitos de terras indígenas. A ENSP, através do seu pesquisador e presidente de honra da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme), Paulo Amarante, publica sua nota de pesar contra mais esse crime em nossa sociedade.

A OCUPAÇÃO ESTÁ EM LUTO!!!

A Luta Antimanicomial Brasileira e a ocupação Valente aos 53 dias amanheceu em um dia onde até o sol recusou-se a brilhar, em profundo luto. Perdemos nosso mestre e militante do movimento da Luta Antimanicomial, Marcus Vinicius Matraga, assassinado brutalmente no interior da Bahia, possivelmente por uma emboscada armada por latifundiários, já que estava na luta pelos direitos da população menos favorecida numa sociedade burguesa.

Foi um dos mais importantes militantes da Reforma Psiquiátrica Brasileira, fundador de um dos movimentos sociais que lutam contra todos os tipos de violação de direitos à pessoa com sofrimento psíquico. Combatente dentro da sociedade brasileira, na luta da garantia dos direitos humanos.

Tivemos a notícia do corte prematuro de uma vida intensa de um mito, profundo pesar, se tratando de Marcus Vinicius Matraga. Estamos aqui com um sentimento estranho, que não conseguimos nomear, pois sua energia, alegria, emoção e afeto são as marcas em toda sua militância. Perdemos um mestre, um guerreiro, uma referência para todos nós.

Lutou bravamente como militante antimanicominial para garantir uma saúde mental sem cárceres. Para o Movimento e a Ocupação, um exemplo de ideal pela liberdade. Morreu fazendo aquilo que defendia há mais de 30 anos, militando.

Na terra, na vida, a história de Marcus Vinicius Matraga nos inspira. Seu legado nos motiva para que o Movimento Nacional da Luta Antimanicomial continue fortalecido para que não haja nenhum tipo de retrocesso!!!

A Ocupação em cárcere pela liberdade!
Marcus, PRESENTE!!!!
OCUPAÇÃO DE LUTO!!!
MOVIMENTO ANTIMANICOMIAL DE LUTO!!!
LUTO NA LUTA!!!

Ocupantes!

Paulo Amarante – pesquisador da ENSP e presidente de honra da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme)

Quem foi Marcus Vinicius de Oliveira

Nascido em Minas Gerais, tinha mestrado em Saúde Pública pela Universidade Federal da Bahia, onde se aposentou mais tarde, como professor, e doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Marcus foi um dos pioneiros na luta pela reforma antimanicomial e criação dos Centros de Atenção Psicossocial, os Caps. Graduado em Psicologia pela Fundação Mineira de Educação e Cultura (1982), Mestre em Saúde Pública pela Universidade Federal da Bahia (1995) e Doutor em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2003). Era professor associado aposentado do IPS – Instituto de Psicologia da Universidade Federal da Bahia, coordenador do LEV-Laboratório de Estudos Vinculares e Saúde Mental IPSI-UFBA, diretor do Instituto Silvia Lane-Psicologia e Compromisso Social, consultor eventual da área Técnica de Saúde Mental do Ministério da Saúde, integrante do NESM – Núcleo de Estudos Pela Superação dos Manicômios.

Marcus formou gerações de psicólogos, realizou e participou de importantes pesquisas na área. Atuou em gestões do Conselho Federal de Psicologia.

Com outros companheiros, fundou o movimento Cuidar da Profissão, que trouxe a preocupação e compromisso com os dilemas e problemas da realidade brasileira e de nossa gente. O compromisso social da Psicologia passou a orientar discursos e práticas profissionais e de formação.

Em nota, o Conselho Federal de Psicologia destacou o caráter de Matraga como defensor incansável dos direitos humanos e militante da reforma psiquiátrica e da saúde mental no Brasil. Era entusiasta da Clínica das Psicoses e ferrenho estudioso das desigualdades sociais e subjetividade.

Marcus Vinícius participou ativamente da consolidação da Psicologia no Brasil, tendo integrado o Conselho Federal de Psicologia nas gestões de 1988 – 1989, 1992 – 1995, 1997 – 1998, 1998-2001 e 2004 – 2007. Também esteve em gestões dos conselhos regionais de Minas Gerais e Bahia. Foi coordenador do Centro de Referências em Políticas Públicas – CREPOP – entre os anos de 2004 e 2007. No Conselho Nacional de Saúde participou da Comissão Nacional de Saúde Mental, como representante do FENTAS – Fórum Nacional de Trabalhadores de Saúde. Foi, ainda, integrante da Comissão Nacional de Reforma Psiquiátrica de 1994 a 1997.

(Fonte: Abrasco)

Confira, abaixo, as notas de pesar publicadas pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e pelo Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes).

Abrasco:

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva recebeu, com tristeza e indignação, a notícia do assassinato de Marcus Vinicius de Oliveira, professor aposentado da Universidade Federal da Bahia, defensor dos direitos humanos e militante das causas sociais.

Marcus Vinícius, também conhecido como Marcus Matraga, foi vítima de homicídio, no município de Salinas das Margaridas, em função de sua atividade política na mediação de conflitos de terras indígenas. Ele foi sequestrado por dois homens armados em casa e levado até uma estrada do povoado, onde foi morto com um tiro na cabeça.

Manifestamos a nossa profunda preocupação com os casos de assassinatos, agressões e expulsões relacionados aos conflitos por terras indígenas na Bahia e, por fim, exigimos que o Ministério da Justiça atue na apuração desse crime político.

A Nota de Pesar da Abrasco foi enviada na sexta-feira, 5 de fevereiro, ao Ministro de Estado da Justiça, Dr. José Eduardo Cardozo, como pedido para a apuração na morte de Marcus Vinicius.

Cebes:

É com pesar que temos a notícia do corte prematuro de uma vida intensa. Pesar, se tratando de Marcus Vinicius Matraga, é um sentimento estranho, pois suas alegrias e energias sempre foram marcas em sua militância e vida. Tiraram de nós uma referência. Para estudantes um animador de uma psicologia e um mundo não fascista. Para militantes antimanicomiais assertivo de uma saúde mental sem carceres. Para todos um militante de uma vida livre. Vida que no momento de sua morte era sua busca. Por terras sem donos, sem escravos e sem fome. Na terra o encontraram, estamos certos que germinou e continuará germinado vidas livres e antimanicomiais.

Assassinado sob os olhos coniventes da burguesia ruralista. Gestos arcaicos de um Brasil de latifundiários e donos de manicômios, gestos covardes de um Brasil de ruralistas e rentistas, NÃO PASSARÃO!

Marcus Matraga, Presente!

Movimento Nacional de Luta Antimanicomial


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