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Pesquisadores da ENSP participam de audiência pública sobre TB na Câmara Municipal do RJ

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Publicado em:25/11/2015
Pesquisadores da ENSP participam de audiência pública sobre TB na Câmara Municipal do RJ“A tuberculose tem sido uma doença negligenciada no SUS, nós temos que fazer a nossa mea-culpa. Não podemos esperar a melhoria das condições sociais envolvidas na determinação social da doença, a saúde pública tem que fazer mais e melhor a sua parte”, defendeu o chefe do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, Otávio Maia Porto, durante audiência pública na Câmara Municipal do Rio de Janeiro realizada para discutir a doença e sua incidência no município. A audiência aconteceu por meio de uma articulação do Fórum ONGs TB RJ, o Observatório Tuberculose Brasil vinculado à ENSP/Fiocruz e a Frente Parlamentar Municipal de Combate à Tuberculose, por iniciativa do vereador Eduardão (PMDB).
 
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível pelo ar, que se tornou um grave problema de saúde pública no Brasil. Ela é curável em praticamente todos os casos, desde que o paciente seja tratado e medicado adequadamente. Embora seja comum o doente se sentir melhor após as primeiras semanas de tratamento, é fundamental continuar o tratamento até o final, que leva, no mínimo, seis meses. 
 
Porto disse ainda que a saúde pública deve atender a população no contexto das suas vulnerabilidades, dificuldades e reais condições de vida. Segundo ele, não há nada de novo no cenário do controle da tuberculose. “A novidade, a exemplo dessa frente parlamentar, será a política favorecendo o controle da doença no país”, esclareceu Porto. Além dele, o coordenador do Observatório TB/ENSP, Carlos Basília, também esteve presente na audiência juntamente com gestores, profissionais de saúde, parlamentares, pesquisadores, ativistas e lideranças comunitárias.
 
Presidindo o debate, o vereador Eduardão, do PMDB, lembrou as dificuldades sofridas pela população mais carente da cidade, ressaltando que a divulgação de informações sobre a doença pode ajudar a salvar vidas. O parlamentar pediu ainda apoio para prevenir, tratar e combater a tuberculose. "Eu peço a todos aqui ajuda para combater esta doença. Só com a união dos Poderes e da sociedade é que vamos conseguir vencer essa guerra”, disse o vereador. Eduardão é o autor do Projeto de Lei n° 1.344/2015, que inclui no calendário oficial da cidade o dia 3 de agosto como Dia de Combate à Tuberculose.
 
Representando o Programa Nacional do Controle de Tuberculose do Ministério da Saúde, Danielle Pelissari afirmou que o Rio de Janeiro possui um elevado índice de contaminação e a maior taxa de mortalidade do país. De acordo com ela, a doença está profundamente relacionada a pobreza, sendo os maiores indicadores de morte entre negros e analfabetos. Danielle destacou também que, embora o tratamento seja ofertado gratuitamente pelo SUS, a tuberculose foi a doença que mais causou afastamento do trabalho junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no ano de 2012.
 
Também relacionando o índice de contaminação com a pobreza, o gerente de Pneumologia Sanitária da Prefeitura do Rio de Janeiro, Jorge Pio, demonstrou a variação da endemia pelas diversas regiões do município, comprovando que a doença ocorre com mais frequência nas áreas menos desenvolvidas da cidade. De acordo com Pio, o tratamento com medicamentos é altamente eficaz e capaz de curar até 95% dos pacientes, mas a taxa de mortalidade permanece elevada devido ao retardo na detecção e início do tratamento.
 
O desconhecimento da doença foi destacado pelo secretário executivo do Fórum de ONGs Contra a Tuberculose, Roberto Pereira, que ressaltou que a tuberculose é desconhecida até mesmo pelos médicos. Dados do Conselho Regional de Medicina indicam que quase 70% dos médicos que se formam atualmente não sabem reconhecer os sintomas da TB. 
 
O colaborador da ENSP e vereador Paulo Pinheiro, criticou a ausência de políticas básicas de prevenção de doenças nas comunidades. De acordo com o parlamentar, é importante cobrar a execução de serviços que não aparecem, como o saneamento básico, além de investir na educação dos moradores para evitar a descontinuidade no tratamento da doença.
 
 
A coordenadora do Programa Estadual de Tuberculose (PCT/SES/RJ), Ana Alice Bevilaqua, chamou atenção sobre os dados epidemiológicos da doença no estado que tem a maior taxa de incidência e a mais alta mortalidade por tuberculose do país, e explicou que a tuberculose é uma doença muito relacionada à alta densidade populacional e afeta grandes centros urbanos do País. Ela disse que o Rio de Janeiro é um Estado que tem adensamento populacional na região metropolitana, com uma grande quantidade de pessoas morando em pequeno espaço. “Isso facilita muito a ocorrência de doenças respiratórias, entre elas a tuberculose, um grande desafio de saúde pública. Aqui, na cidade do Rio de Janeiro, é onde temos a maior incidência no Estado. Este é um desafio que tem que ser enfrentado agora e é urgente, tendo em vista estes números alarmantes”. 
 
Já a representante do Conselho Municipal de Saúde do RJ, Sonia Regina Gonçalves falou sobre a necessidade de se enfrentar e combater  o preconceito e o estigma associados a doença. Segundo ela, percebemos que existem pessoas que trabalham com saúde e que ainda não entendem ou não conhecem a Tuberculose. “Eu ainda vejo muita gente que queima roupas, descarta talheres e discriminam pessoas que têm a doença”, concluiu Sonia. 

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