
Desenvolvido pelo aluno de mestrado Leonardo Vidal Mattos e pela pesquisadora do Núcleo de Assistência Farmacêutica da ENSP, Vera Lucia Luiza, em parceira com a pesquisadora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC/UFRJ), Lígia Bahia, o estudo de caráter exploratório mostra que a interface entre os mercados de saúde suplementar e farmacêutico, que têm crescido rapidamente nos últimos anos, pode ocorrer no âmbito dos medicamentos hospitalares ou ambulatoriais. “A oferta dos mercados farmacêuticos relaciona-se às estratégias de articulação entre setores do mercado como empresas de planos de saúde, indústrias, distribuidoras e varejo farmacêutico e as empresas de GBF atuam como intermediárias entre estes”, explicou Leonardo.
Ele citou que o Gerenciamento de Benefício Farmacêutico (GBF) surgiu nos Estados Unidos nos anos de 1970, se expandindo ainda mais nos anos de 1980 e 1990. Tratam-se de empresas intermediárias que obtém lucro principalmente a partir da negociação com os atores com as quais opera. Existem três diferentes estratégias para oferta de benefícios farmacêuticos por empresas de planos de seguro de saúde, sendo elas: farmácias próprias, convênio com redes varejistas, e contratação de empresas de GBF. No Brasil, o mercado de gerenciamento de benefício nasceu no fim dos anos de 1990 impulsionado pelas perspectivas de regulação e expansão do mercado de saúde suplementar.
Segundo Leonardo, naquela época o mercado sofria com três grandes desafios: a consolidação com as redes de farmácias, o convencimento da indústria farmacêutica sobre as potencialidades, e a adesão dos planos de saúde. “Entre 2001 e 2004 foi desenvolvida estratégia de ganho de escala, porém com grandes dificuldades. A partir de 2004 o foco foi no setor coorporativo, que já ofertava beneficio. No Brasil, atualmente, as empresas ePharma, Vidalink e Orizon são as que atuam no mercado de GBF. A contratação da empresa ePharma em 2006 para implementar o sistema de conectividade da farmácia popular proporcionou a criação de vínculos das empresas de gerenciamento de benefícios com o varejo farmacêutico, o que até então era um dificuldade”, expôs.

Os resultados do estudo apontam que a oferta de medicamentos por planos de saúde é um serviço em expansão, utilizando como principal estratégia as empresas de GBF. De acordo com Leonardo, no Brasil há uma grande diversidade de serviços ofertados para diferentes nichos de mercados, ao contrário do que acontece nos EUA, por exemplo, ondel o beneficio farmacêutico e os planos de saúde parecem não ter tanta importância. “Em nosso país esse mercado já nasceu profundamente articulado com empresas nacionais e internacionais tanto de saúde como de outros setores do mercado. E, assim como em outros casos, as políticas públicas têm cumprido importante papel para alavancar esse setor”, conclui Leonardo.