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Rio de Janeiro não está sofrendo uma epidemia de caxumba

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Publicado em:13/07/2015

Tatiane Vargas

Rio de Janeiro não está sofrendo uma epidemia de caxumbaNos últimos dias, algumas regiões do município do Rio de Janeiro registraram aumento no número de casos de caxumba, uma infecção viral que afeta as glândulas parótidas e se manifesta principalmente em crianças e adolescentes. A caxumba é uma doença de transmissão respiratória, desta forma, nas estações do ano em que a temperatura cai, os ambientes fechados e com pouca circulação de ar livre contribuem significativamente para sua propagação. Para a enfermeira e coordenadora de vacinação do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP) Slete Ferreira da Silva, no Rio de Janeiro não se configura uma epidemia de caxumba. Existem surtos isolados que não devem ser associados a falhas na cobertura vacinal. “O Rio possui uma excelente cobertura vacinal. De 2008 a 2014, a cobertura da tríplice viral - que protege contra caxumba, rubéola e sarampo - nas crianças de até um ano de idade foi até maior que 100% em alguns anos. Em 2014, a cobertura foi de cerca de 98%. Nos meses de junho a setembro, a população tende a estar em locais mais fechados. Isso colabora ainda mais para a transmissão da caxumba e, consequentemente, para o aumento do número de casos. Mas dizer que existe uma epidemia é alardear uma situação que não existe”, explicou Slete.

A população mais atingida pela doença está na faixa etária dos 10 anos aos 19 anos. De acordo com dados da Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde da Superintendência de Vigilância em Saúde do Rio de Janeiro, em 2015 foram notificados 197 casos de caxumba em crianças entre 10 e 14 anos e 175 casos na faixa etária compreendida entre 15 e 19 anos. “Nesses meses do ano temos estações mais frias e como todo vírus, o vírus da parotidite, vulgarmente chamado de caxumba, gosta de frio e umidade, então sua quantidade aumenta entre junho e setembro. Na faixa etária entre 10 e 19 anos, normalmente as crianças e adolescentes frequentam a escola e estão sempre em grupos. Muitas vezes ficam em salas de aulas cheias e fechadas, sem a circulação de ar, o que contribui ainda mais para a transmissão”, ressaltou Slete.

Segundo a enfermeira, diante dessas questões, não se pode afirmar que existe uma epidemia de caxumba no município do Rio de Janeiro. “Até o momento já foram registrados aglomerados de casos de caxumba que compreendem dois ou mais casos em um mesmo lugar, como numa escola, por exemplo. Atualmente, no Brasil e no mundo, existem relatos de aglomerados de casos, principalmente em crianças e jovens adultos, mesmo vacinados. No município do Rio, o que acontece no momento é exatamente isso, um aumento no número de casos, porém todos vinculados a aglomerados de casos. É preciso fazer bloqueio, que significa vacinar todos aqueles que não foram vacinados, além de fazer uma investigação para saber o porquê daquele surto isolado”, afirmou.

A questão da imunização: quem deve tomar a vacina?

De acordo com Slete, não há necessidade de fazer campanha indiscriminada para vacinação, pois esse tipo de iniciativa só é necessária quando se trata de uma epidemia. No momento, segundo ela, o que ocorre é um surto com um número um pouco maior de casos que o esperado. Sendo assim, a orientação é conferir se a pessoa está em dia com o calendário de vacinação do Ministério da Saúde. A vacina tríplice viral, que protege contra caxumba, rubéola e sarampo, deve ser aplicada em duas doses, até os 19 anos, com intervalo mínimo de trinta dias. Dos 20 aos 49 anos, aqueles que nunca se vacinaram tomam apenas uma dose. Quem já tomou as duas doses da vacina quando criança não precisa tomar novamente, pois já está protegida.

A enfermeira citou também que é importante a fiscalização dos pais na questão da vacinação. “Os pais precisam, antes de tudo, estar em dia com o calendário de vacinação do Ministério da Saúde e procurar os postos de saúde para a aplicação das vacinas. A maioria dos casos de caxumba notificados nos últimos meses acontecerem na zona sul e na Barra da Tijuca, locais nos quais a população tem um nível econômico mais alto, o que muitas vezes os leva a procurar clínicas particulares ao invés de postos de saúde. Infelizmente não podemos garantir a eficácia de vacinas que sejam aplicadas fora dos serviços públicos, pois nos níveis municipal, estadual e federal há uma enorme fiscalização torno da conservação das vacinas. Fora do serviço público não há como atestar isso”, advertiu Slete.

A doença

A caxumba é uma doença benigna e com cura espontânea, mas em alguns casos pode ter complicações graves. Para os homens ela é um pouco mais perigosa, pois causa inflamação nos testículos, o que pode afetar a fertilidade. “Não temos que nos desesperar, pois não vivemos uma epidemia. 97% das pessoas que tomam a vacina adquirem anticorpos e apenas 3% não adquirem os anticorpos mesmo tomando a vacina. Essas pessoas podem ter uma fabricação de anticorpos um pouco menor e, dessa forma, podem desenvolver a doença de maneira mais branda. Os dados do município apontam que a cada 100 pessoas, apenas três não foram vacinadas, ou seja, a maior parte da população está imunizada”, garantiu.

A enfermeira advertiu ainda que as pessoas não devem se vacinar caso não haja necessidade pois vacina ‘não é agua’ e possui reações adversas que podem trazer problemas mais graves. “É muito importante estar em dia com a caderneta de vacinação, principalmente a população compreendida na faixa etária dos 10 aos 19 anos; lavar as mãos com frequência é fundamental; e se possível evitar locais fechados que não possuam circulação de ar livre e locais com grandes aglomerações”, recomendou Slete.


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