INFORME ENSP

* Annalu Silva

Luciana Ribeiro, gerente da Estratégia de Saúde da Família do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF) fala sobre a estratégia no território Manguinhos.

Luciana Ribeiro: Sou gerente do Programa e vejo a resolutividade deste, talvez não saiba expressar em números exatos o impacto social, econômico, mas posso afirmar, como alguém que já esteve trabalhando nos dois lados.

Trabalhei em regime hospitalista antes do programa ser efetivado, e não foram poucas as vezes que vi pessoas chegando em estágios avançados de doenças, óbitos evitáveis. Pessoas que poderiam ter melhor qualidade de vida, se houvessem, ou melhor, se tivessem acesso aos programas de acompanhamento e reconhecimento das necessidades.

Vi pessoas descrentes, que não conseguiam ter acesso, ter esta porta de entrada no sistema. Hoje posso testemunhar outra realidade com este programa onde existe sim ajustes a serem feitos. Afinal todo processo deve ser constantemente revisto e adequado, mas, não temos como negar que a Estratégia de Saúde da Família é a principal porta de entrada do sistema único.

Vejo a reorganização do processo de trabalho mediante as operações intersetoriais e ações de prevenção, promoção e atenção à saúde. É levado em conta a dinâmica do local, o que interfere nas questões saúde e doença, assim, podendo-se traçar um perfil epidemiológico, situações que podem emergir, e ter um cenário de pluralidade de agravos a saúde.

Como problemas de violência, saúde mental, de pobreza, uso de drogas ilícitas e licitas, mulheres em idade fértil, detecção precoce de patologias, captação precoce de sintomáticos respiratórios, gestante, acidentes enfim....

Definimos a adstrição propiciando vinculo, afetividade, confiança entre pessoas/família e grupos profissionais, onde estes passam a ser referência para o cuidado, e garantia para o usuário da continuidade a resolutividade das ações de saúde, onde o usuário é corresponsável neste processo.

Quantas pessoas estão cadastradas no programa?

Luciana Ribeiro: No Território de Manguinhos, temos cadastrados mais de 40 mil pessoas, estando o CSEGSF com 22.005 destes cadastros.

Quantas equipes?

Luciana Ribeiro: Possuímos sete equipes, sendo estas compostas por: um médico, um enfermeiro, um técnico, seis agentes comunitários, um dentista, para cada três equipes. Um auxiliar de saúde bucal acompanhando este dentista e um técnico em saúde bucal para todas as equipes.

Estas 22.005 pessoas são divididas em equipes. Cada uma dessas equipes é responsável em média por 3 mil a 3.500 pessoas.

Cada agente comunitário recebe em média 160 a 210 famílias, ou 400 a 600 pessoas. Estes valores são fornecidos em média, pois depende da vulnerabilidade da área adstrita.

Quanto maior a vulnerabilidade, menor será o número de pessoas acompanhadas pela área e consequentemente pelo agente, devido a maior complexidade, atenção e demandas que a área necessitará.

Vocês possuem um Núcleo de Apoio a Família?

Luciana Ribeiro: Contamos com uma equipe Núcleo de Apoio a Família (NASF), onde atuam em diferentes áreas de conhecimento, de forma integrada a nós, fazendo orientações de práticas, análise e intervenção sobre os problemas e ou necessidades de saúde, é uma responsabilização compartilhada. Um matriciamento evitando referências e aumentando nossa resolutividade. Onde podemos até mesmo realizar um projeto terapêutico singular.

Nosso NASF é composto por: Assistente Social, Psicólogo, Pediatra, Fisioterapeuta, Educador Físico.

Possuímos metas, indicadores, grupos, visitas domiciliares para quem possui restrição em locomoção e ou acamados. Programas Saúde nas Escolas. Temos o privilégio de uma vez por semana nos reunirmos em um espaço para reflexão de nossas práticas.

Acredito na população do Território de Manguinhos participativa, conhecedora de seus direitos, participativa dos Conselhos Gestores. Utilizando o canal da ouvidoria. É essencial para gestão do Cuidado e a resolutividade das demandas.

Contamos com uma rede de apoio de SISREG para pareceres de especialidades e ou intervenções e o Rio Imagem, como facilitador para fechamento de algum diagnóstico e ou prognóstico.

Temos situações limítrofes que necessitam de apoio da Rede para internações eletivas e ou imediatas, e um fluxo para este fim. Pensar em ajustes nos processos de trabalho, na rede...sempre.

* Annalu Silva é jornalista do Teias-Escola Manguinhos