Busca do site
menu

Entrevista: Protagonismo da ENSP no mestrado profissional é exemplo para o país

ícone facebook
Publicado em:19/06/2015
Tatiane Vargas e Filipe Leonel

Foi a partir de 2002 que a Escola Nacional de Saúde Pública incluiu a modalidade profissional dos cursos de mestrado em sua grade curricular. O Mestrado Profissional (MP) é uma modalidade de Pós-Graduação stricto sensu voltada para a capacitação de profissionais, nas diversas áreas do conhecimento, mediante o estudo de técnicas, processos, ou temáticas que atendam a alguma demanda do mercado de trabalho, tendo como objetivo qualificar gestores e profissionais de saúde, estimulando-os a desenvolver atividades de pesquisa e produzir inovações tecnológicas orientadas para o desempenho de suas funções, visando a produção de diagnósticos de problemas e de soluções aplicadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Com mais de dez anos desde a sua criação, o mestrado profissional avançou na Escola e, atualmente, é ofertado por dois Programas: Saúde Pública e Epidemiologia em Saúde Pública. Neste momento, a ENSP disponibiliza 14 cursos de mestrado profissional, sendo 11 deles vinculados ao Programa de Saúde Pública e dois ao Programa de Epidemiologia em Saúde Pública (está em desenvolvimento mais um curso para o próximo ano no âmbito deste programa). Reconhecida como protagonista nessa modalidade de ensino nos últimos dez anos, a ENSP já formou centenas de profissionais altamente qualificados para atender as demandas dos serviços de saúde.

A discussão sobre a formação profissional ainda é um desafio. Pensando em refletir sobre suas características e necessidades específicas a Escola organizou o seminário Mestrados Profissionais da Pós-Graduação Ensp/Fiocruz: avanços e perspectivas, nos dias 17 e 18 de junho. A atividade buscou propor uma reflexão acerca dos avanços, desafios e perspectivas dessa modalidade de formação na ENSP, conforme o cenário nacional e os mecanismos de regulação da Capes, além de apresentar as experiências das turmas de mestrado profissional (MP) dos programas de pós-graduação em Saúde Pública e Epidemiologia em Saúde Pública, considerando as múltiplas temáticas, propósitos e abordagens adotadas.

Na ocasião do evento, o ‘Informe ENSP’ conversou com a coordenadora adjunta da Área da Saúde Coletiva para mestrados profissionais da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pesquisadora do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, Eduarda Cesse, que destacou o protagonismo e exemplo da ENSP nessa modalidade de formação. A convidada também citou alguns aspectos necessários para a realização de um curso de mestrado profissional e as formas de dar autonomia e visibilidade aos produtos desse tipo de formação.

Confira a entrevista abaixo:

Informe ENSP: Como a senhora enxerga a iniciativa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca em promover um debate para estabelecer políticas de ensino para o mestrado profissional?

Entrevista: Protagonismo da ENSP no mestrado profissional é exemplo para o paísEduarda Cesse:
Vejo na realização deste seminário, mais uma vez, um pioneirismo da Fiocruz - instituição reconhecida por ser uma das primeiras do país a promover cursos de pós-graduação e de mestrado profissional. A Escola saiu na frente, mas não apenas pelo compromisso de que seja um parâmetro para outros Programas, e sim para a própria instituição.

Esse protagonismo é uma missão social que a Fiocruz assumiu com o Brasil não só pelas características de ser pioneira na pós-graduação, mas também porque vivencia um volume enorme de cursos profissionais. A ENSP, por sua vez, é a única unidade da Fiocruz que possui, em apenas um Programa de mestrado, onze cursos ancorados. Isso suscita diversas dúvidas e questionamentos. Momentos como este, no qual reunimos docentes e coordenadores de Programas, ajudam a resolver parte dessas dúvidas.

Informe ENSP: Quais os principais aspectos que uma política para mestrado profissional deve contemplar?

Eduarda Cesse:
Umas das principais características para que um mestrado profissional exista é boa articulação com os serviços de saúde, ou seja, com o seu demandante. Isso é imperativo e vai fazer com que se desenvolva um curso que tenha, de fato, o comprometimento social e retorne à sociedade com profissionais qualificados para as demandas do Sistema Único de Saúde (SUS).

Se isso é feito, já há uma grande diferenciação, porque a Saúde Coletiva é um campo profissional e de práticas também. Sendo assim (enquanto campo teórico e de práticas), ele carrega, por si só, um componente profissional muito grande. É necessário que as políticas sejam consonantes com as necessidades locais e que os serviços tenham que dar conta.

Informe ENSP: A ENSP é uma das poucas instituições que oferece diversos cursos de mestrado profissional sob diferentes demandas. A Escola já desenvolveu mais de 35 turmas desde 2002. Comente o papel da atuação da ENSP nessa modalidade.

Eduarda Cesse: A ENSP carrega esse compromisso há muitos anos. Desde que eu me entendo como pesquisadora e antes de ser pesquisadora eu já enxergava a Escola como uma instituição que entrava nos estados brasileiros e apoiava a formação, isso começou com os cursos de especialização descentralizados do qual eu fui aluna.

Atualmente eu percebo que em um cenário no qual pós-graduação stricto sensu se avoluma e cria a modalidade profissional, a ENSP de novo carrega a missão de apoiar, de levar os cursos para áreas onde não existe a possibilidade de docentes para formatar o curso. Na minha opinião, o papel da ENSP nesse cenário é fundamental e carrega a missão que ela possui desde seu nascimento.  

Informe ENSP: Ampliar e dar maior visibilidade aos produtos do mestrado profissional ainda representam um desafio nas instituições. Como garantir maior autonomia e fortalecimento a essa modalidade?

Eduarda Cesse:
Do ponto de vista da produção eu acho que mais uma vez a ENSP tem um componente importante: a existência de veículos próprios de disseminação da informação, que são utilizados como forma de dar visibilidade os produtos do mestrado profissional.

É preciso continuar incentivando a produção dos periódicos e de outros veículos que tenham números específicos para dar visibilidade aos produtos do mestrado profissional. É necessário incentivar também a produção de livros, a articulação com o Ministério da Saúde e os serviços de saúde, a formatação de normas técnicas e de documentos didáticos para os gestores. São inúmeras as possibilidades que a ENSP possui e que já realiza para continuar dando visibilidade e autonomia a esses produtos. 

Seções Relacionadas:
Entrevistas

Nenhum comentário para: Entrevista: Protagonismo da ENSP no mestrado profissional é exemplo para o país