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Pesquisa aborda impacto familiar de mortes violentas de jovens

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Publicado em:27/03/2015
Pesquisa aborda impacto familiar de mortes violentas de jovens“A morte de um jovem por homicídio é sempre um evento trágico e doloroso para a família, independente da trajetória de vida do jovem, despertando sentimentos de raiva, angústia e, principalmente, de inconformismo diante de uma morte considerada prematura, violenta e ‘fora do lugar’. As ressonâncias da perda atingem a dinâmica familiar, impactando os seus membros no âmbito físico, emocional, financeiro e social. A justiça, enquanto mecanismo regulador da convivência coletiva, falha em sua função.” Esse é o diagnóstico apresentado pela aluna do mestrado em Saúde Pública da ENSP, Daniella Harth da Costa, em sua dissertação que configura-se como um subprojeto de uma pesquisa mãe intitulada Mortes Violentas de Jovens: um olhar compreensivo para uma tragédia humana e social, desenvolvida pelo Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/ENSP) entre os anos de 2014 e 2015.
 
Conforme observa Daniella, a impunidade nos casos de homicídio se apresenta como um dos principais fatores de revitimização dessas famílias no contexto brasileiro, pois viver a partir da perda de um ente querido por homicídio não é uma tarefa fácil, mas parece ser facilitada quando a família pode contar com uma rede social de apoio composta por amigos, parentes e outros atores e serviços da comunidade. “As famílias se utilizam do apego à espiritualidade como modo de apaziguar a dor e dar sentido à perda.”  
 
O objetivo dessa pesquisa maior do Claves é produzir uma análise sócio-epidemiológica da mortalidade de jovens de 15 a 29 anos, por homicídio, no Brasil e aprofundar o olhar sobre dez municípios brasileiros considerando a magnitude e a compreensão do problema, combinando metodologia quantitativa e qualitativa. 

Pesquisa aborda impacto familiar de mortes violentas de jovens
 
Em cada região foi escolhido um município com elevadas taxas de homicídios, mesmo com melhora da qualidade da informação, e um município com baixas taxas de homicídios, mesmo com piora da qualidade da informação, no período de 1990 a 2010. Das dez cidades selecionadas pela pesquisa maior, quatro compuseram o campo de estudo da presente dissertação. Foram consideradas somente as cidades com mais de 100 mil habitantes, excluindo-se as capitais. Os nomes das cidades não são revelados a fim de resguardar a identidade dos sujeitos envolvidos, mas as quatro cidades correspondem a duas da região Nordeste (cidade da região metropolitana de Salvador e cidade do semiárido do Estado de Pernambuco), uma da região Sudeste (cidade da região metropolitana de São Paulo) e outra da região Sul (cidade do Oeste do Paraná).  Participaram do estudo cinco familiares (três mães, um irmão e uma ex-companheira) de jovens vítimas de homicídio que correspondem a quatro famílias, cujo recorte essa dissertação se apropria e aprofunda. 
 
Daniella Harth da Costa é formada em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense (2013) e atua como psicóloga na equipe de desinstitucionalização da Coordenação de Saúde Mental do município de São Gonçalo/RJ. Sua dissertação intitulada Um olhar sistêmico sobre famílias de jovens vítimas de homicídio foi orientada pela pesquisadora Kathie Njaine.
 
 

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1 comentários
SANDRA MARTINS DA SILVA
29/03/2015 09:54
Importantíssima pesquisa que a psicóloga e mestre Daniella Harth da Costa vem desenvolvendo. Geracionalmente a mulher negra é violentada com o genocídio lento e sistemático a que é submetida secularmente. Para cada homem negro (independente do parentesco ou idade) que é assassinado de forma violenta é a mulher que sofre os revezes quase que irreparáveis em sua vida. Pois, é ela que largará suas aspirações (que já são restritas devido a uma sociedade racista e sexista) para uma formação formal para uma qualificação no mercado de trabalho com qualidade. Ela terá de abandonar tudo para cuidar dos irmãos, filhos, idosos, enfermos. Entrará ou se firmará mais ainda no mercado da subalternidade laboral. Este tipo de situação efetivamente são tetos de vidros extremamente espessos para as mulheres negras que não são visibilizados ou debatidos no cotidiano como deveriam ser. Mas, este trabalho sinaliza abertura para ótimos diálogos. E um destes diálogos é o que propõe a Marcha das Mulheres Negras 2015 contra o Racismo e Pelo Bem Viver que vai acontecer dia 18 de Novembro em Brasília. Em todo o país, mulheres negras junto com os que querem interromper este ciclo nefasto estão se mobilizando em reuniões em que estas personagens estão sendo as atrizes principais neste palco doloroso de brigas por demandas públicas efetivas.