Especialistas debatem critérios de avaliação da Capes
Quatro palestrantes, quatro exposições e uma mesma conclusão para todos: é necessário se repensar os critérios de avaliação da Capes para os programas stricto sensu. O debate sobre este tema, realizado na ENSP em 24 de novembro, reuniu o coordenador-geral da área de Saúde Coletiva na Capes, Guilherme Werneck; o professor do IMS/Uerj, Kenneth Camargo Jr.; a professora da Faculdade de Ciências Médicas, da Unicamp Rosana Onocko Campos; e o pesquisador da ENSP e coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (Laps/ENSP), Paulo Amarante.
O encontro, promovido pela Vice-Direção de Pós-Graduação da Escola, buscou aprofundar as discussões acerca da avaliação trienal da Capes, fazendo com que a comunidade ENSP apresente suas contribuições, principalmente acerca do processo que o Instituto de Medicina Social da Uerj já vem desenvolvendo e que resultou em uma carta que traz questões importantes sobre esta temática.
Primeiro a se apresentar, o coordenador-geral da área de Saúde Coletiva na Capes, Guilherme Werneck, trouxe um panorama dos critérios adotados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e de como foi feita a avaliação da produção científica para o triênio 2010-2012. Entre diversos problemas e limitações destacados no modelo atual, Guilherme ressaltou que os critérios não se adequam ao caráter multidisciplinar e aplicado da área de Saúde Coletiva; dão ênfase na quantificação da produção científica, levando a distorções éticas como autoria concedida, salomização da produção, plágio; e que os índices utilizados para avaliar a produção científica carecem de credibilidade.
Em seguida, a professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp Rosana Onocko Campos apresentou uma análise mais crítica do Programa Nacional de Pós-Graduação da Capes 2011-2020, destacando seus avanços inegáveis como a expansão no número de programas e de alunos, bem como no aumento da produtividade nas publicações científicas mas, ainda assim, ressaltou que é fundamental se adotar a seleção de um número máximo de produções por autor/ano ou que sejam agregados indicadores de produtividade tecnológica e social aos critérios predominantemente acadêmicos já existentes, por exemplo.
O professor do IMS/Uerj Kenneth Camargo Jr. lembrou que não há ciência sem publicação, ressaltando que o problema da linguagem estrangeira para os trabalhos científicos já não é mais uma barreira para o país. Outro argumento do pesquisador para a importância desse processo é que a publicação é uma forma de prestação de contas para a população, por meio da qual o pesquisador mostra o que está sendo feito com os investimentos em pesquisa. Entretanto, Kenneth lembrou que há um excesso de trabalhos publicados, uma vez que as formas de avaliação atuais induzem para qualidade de onde a publicação foi indexada e não avalia, necessariamente, a sua qualidade.
Por fim, trazendo sua visão como editor da revista Saúde em debate, o pesquisador da ENSP Paulo Amarante, afirmou que é necessária a elaboração de um sistema de avaliação de artigo científico mais qualitativo e envolvido com as proposta dos programas existentes. Para ele, é fundamental também que haja uma maior visibilidade do processo editorial das publicações, explicitando como os artigos são selecionados e que sejam informados aos autores os motivos pelos quais seus artigos não foram aprovados para publicação.
Confira, abaixo, as quatro apresentações do evento.
Critérios de avaliação da pós-graduação Capes - Guilherme Werneck (1/4)
http://youtu.be/ciSHwpZyZmQ
Critérios de avaliação da pós-graduação Capes - Rosana Onocko Campos (2/4)
http://youtu.be/V8NFQmCpnVk
Critérios de avaliação da pós-graduação Capes - Kenneth Camargo Jr. (3/4)
http://youtu.be/PIKJMARK67w
Critérios de avaliação da pós-graduação Capes - Paulo Amarante (4/4)
http://youtu.be/PVAPmmyZVrU