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Desafios da Epidemiologia é tema da nova edição do 'Cadernos de Saúde Pública'

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Publicado em:18/11/2014
Desafios da Epidemiologia é tema da nova edição do 'Cadernos de Saúde Pública'Está disponível a edição de outubro de 2014 da revista Cadernos de Saúde Pública (vol.30 n°10), que aborda a recente realização do IX Congresso Brasileiro de Epidemiologia em Vitória, Espírito Santo (EpiVix 2014), evento que refletiu sobre o desenvolvimento da epidemiologia brasileira e seus desafios. “O EpiVix se destacou na tarefa de valorizar a história dos congressos de epidemiologia, prestando as devidas honras aos que se dedicaram a organizar os congressos anteriores dos quais este é legítimo subsidiário. Foi um marco para a epidemiologia brasileira”, relata o editor associado, Guilherme Werneck, no editorial da revista. 
 
Com o tema As Fronteiras da Epidemiologia Contemporânea: do Conhecimento Científico à Ação, o congresso reforça o caráter científico da epidemiologia e sua conformação como um âmbito de práticas. A estrututação das atividades do evento salientou um dos grandes desafios atuais da epidemiologia: conjugar o aprimoramento teórico-metodológico com uma maior e mais profícua articulação com as outras disciplinas constitutivas da Saúde Coletiva. Essa abordagem integrada permite o fortalecimento das suas bases disciplinares e, simultaneamente, expressar seu compromisso com o aprofundamento do caráter interdisciplinar da Saúde Coletiva, visando um futuro promissor para a epidemiologia brasileira. O fascículo traz três artigos com a participação de pesquisadores da ENSP.
 
Mapeamento das capacidades de pesquisa sobre a saúde e seus determinantes sociais no Brasil, artigo dos pesquisadores Elis Borde e Alberto Pellegrini Filho, da ENSP, e Marco Akerman, da Universidade de São Paulo, descreve as tendências na pesquisa sobre os determinantes sociais da saúde (SDH) e as iniquidades em saúde no Brasil (2005-2012) e estruturas do sistema de mapas de investigação para analisar as capacidades de pesquisa sobre saúde e seus determinantes sociais. O Brasil tem um sistema nacional de pesquisa forte e conta com uma grande quantidade de pesquisas na área de desenho SDH em uma longa tradição de pesquisa e compromisso político nesta área. Enquanto estratégias inovadoras que visam reforçar os laços entre a investigação, a política e a prática têm sido desenvolvidos, o impacto da investigação SDH continua a ser em grande parte restritos à comunidade acadêmica, com repercussões notáveis, mas ainda insuficientes sobre as políticas públicas e os determinantes sociais das iniquidades em saúde. SDH pesquisa no Brasil, portanto, precisa se tornar ainda mais sensível às urgências sociais e uma melhor sintonia com os processos políticos, aumentando a sua capacidade de influenciar as decisões estratégicas que afetam as iniquidades em saúde e mobilizar agendas estratégicas para a equidade em saúde, aponta o artigo.
 
Um olhar sobre a atenção psicossocial a adolescentes em crise a partir de seus itinerários terapêuticos, produzido por Melissa de Oliveira Pereira e Marilene de Castilho Sá, da ENSP, e Lilian Miranda, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, é o título do artigo que analisa a assistência a adolescentes em crise em um município da região metropolitana do Rio de Janeiro, Brasil. Trata-se do relato de uma pesquisa qualitativa em saúde, que utiliza como recursos metodológicos o Itinerário Terapêutico e as Narrativas de Vida, adotando como principal referência teórica o psicanalista René Kaës. A pesquisa busca, valendo-se de relatos orais, apreender realidades coletivas que lançassem luzes sobre as distintas lógicas assistenciais e práticas profissionais de cuidado a adolescentes em situação de crise psicossocial. Partiu do pressuposto de que, ao ser tomada em seu caráter dialético, a crise exige a existência e a manutenção de um enquadre que permita o estabelecimento de um espaço de transição, no qual se construam condições necessárias para que elementos disruptivos e paradoxais sejam elaborados. No entanto, a atenção à crise no contexto estudado mostrou-se atravessada por dificuldades de infraestrutura e baseada em certa rigidez institucional e fragmentação das ações, com pouco direcionamento para um trabalho intersetorial.
 
No artigo Designação sexual em crianças intersexo: uma breve análise dos casos de "genitália ambígua", escrito por Anibal Guimarães, da ENSP, e Heloísa Helena Barboza, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, é feita uma breve análise das recomendações terapêuticas que, no Brasil, são atualmente propostas para o diagnóstico de intersexualidade em crianças. A vertente explorada é a da “genitália ambígua”, considerada como uma das “anomalias da diferenciação sexual” (ADS). Salvo situações em que, de fato, existe risco de vida para os bebês diagnosticados como intersexo, não se verifica, na literatura internacional, consenso médico e institucional quanto à própria definição do que se denomina intersexo, nem tampouco quanto às recomendações terapêuticas propostas para o caso em questão. De acordo com o trabalho, cabe aos pais do incapaz, ou a seus responsáveis legais, a autorização para a realização de tais procedimentos. Dada a irreversibilidade que caracteriza alguns dos citados procedimentos, merecem atenção os relatos de pessoas intersexo que, em sua vida adulta, não reconhecem os benefícios físicos e psicossexuais que justificariam as intervenções sofridas em sua infância e adolescência.
 
Confira na íntegra o volume 30, número 10 da revista Cadernos de Saúde Pública.

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