Mesa destaca os múltiplos significados do parto em seminário no Rio
"O uso da tecnologia não-invasiva no parto passa muito mais pelo não invadir, pelo respeitar a vontade da mulher". A fala da enfermeira obstetra Vânia Collaço, do grupo Hanami, traduziu as discussões da mesa Tecnologias não-invasivas de cuidado na assistências ao parto, realizada na Conferência Internacional Ecos da 9th International Research Conference - Normal é natural: da pesquisa à ação. A atividade contou também com a participação do professor da Faculdade de Enfermagem da Uerj Octávio Muniz, que destacou os múltiplos significados do parto.
Para Muniz, o parto não é um acontecimento simplesmente biológico, pois está cercado de aspectos culturais, sociais, além de muitos outros. “O nascimento transforma a vida de um ser, de uma família, de uma sociedade. É muito mais que um acontecimento biológico. Mas também é preciso esclarecer que a mulher e o bebê são os protagonistas desse momento”, afirmou.
O professor da Uerj ainda apesentou cinco características não-invasivas relacionadas ao cuidado e a assistência ao parto. A primeira delas é a leveza: “Devemos ter uma tecnologia leve entre as pessoas, de respeito ao outro. Em segundo lugar, uma tecnologia aberta, que incorpore conhecimentos. Ela também precisa ser viva, já que, ao incorporar conhecimento, ela se torna dinâmica, se renova”, disse ele. As duas últimas características consistem em uma tecnologia complexa e confortável. “Incorporar o conhecimento técnico-científico à natureza, ao natural, não é algo fácil, e por isso a complexidade. Por outro lado, todos esses aspectos ditos acima devem proporcionar o conforto à mulher. Ela tem que trazer o seu filho ao mundo de forma prazerosa”, finalizou.
A enfermeira obstetra Vânia Collaço apresentou vídeos com duas experiências de parto domiciliar e os métodos utilizados pelo Grupo Hanami. As consultas oferecidas pelo grupo são todas domiciliares, no ambiente da mulher, com o intuito de entender o sofrimento, as expectativas, as dúvidas e os temores de cada uma. “Buscamos sempre reduzir a tensão emocional das mulheres. Tornamos-nos amigas, parte daquele processo. Também é importante explicar para elas o que ocasiona a dor física e o porquê ela se intensifica”, disse.