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VISA precisa ser reconhecida como atividade de Estado

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Publicado em:27/08/2014

O Centro de Estudos da ENSP de 20/8 discutiu as questões relacionadas à construção de uma carreira pública para profissionais do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS). Para falar em que medida as propostas da Reforma do Estado interferem nas instituições públicas e nas políticas de gestão do trabalho, a atividade contou com a participação da pesquisadora Núcleo de Estudo e Pesquisa em Recursos Humanos para a Saúde da ENSP Marcia Teixeira. Abordando o processo de trabalho na vigilância sanitária, a assessora da Superintendência  de Serviços de Saúde e Gestão do SNVS/Anvisa, Claudia Santiago, citou, entre outros aspectos, as dimensões do campo da vigilância. Na ocasião o representante da Associação dos Servidores da Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro André Ferraz, fez uma análise comparativa dos planos de cargos, carreiras e salários de instituições ligadas a vigilância sanitária. O encontro foi coordenado pela pesquisadora do Centro Colaborador em Vigilância Sanitária da Escola Vera Pepe.


VISA precisa ser reconhecida como atividade de Estado

A pesquisadora do Departamento de Administração em Planejamento em Saúde da ENSP, no qual está inserido o Núcleo de Estudo e Pesquisa em Recursos Humanos, Marcia Teixeira, trouxe para discussão algumas questões relacionadas a Agenda da Reforma do Estado. Um dos aspectos abordados foi a delegação de funções reguladoras à agências independentes encarregadas de supervisionar os prestadores de serviço e lidar com as externalidades associadas à privatização ou liberação do mercado.

A pesquisadora descreveu também algumas propostas da Reforma do Estado como: o fim da obrigatoriedade do Regime Jurídico Único, permitindo a volta da contratação de servidores celetistas; a exigência de processo seletivo público para a administração de celetistas e a manutenção do concurso público para admissão de servidores estatutários; a flexibilização da estabilidade dos servidores estatutários, permitindo a demissão, além de por falta grave, também por insuficiência de desempenho e por excesso de quadros; a contratação de estrangeiros para o serviço público, sempre através de concurso ou processo seletivo público, autorizado por lei específica; a facilidade de transferência de pessoal e de encargos entre pessoas políticas; além da eliminação da isonomia como direito subjetivo.
 

VISA precisa ser reconhecida como atividade de EstadoMarcia trouxe ainda a proposta de revitalização, ocorrido a partir de 2003 com o Plano de Gestão Pública do governo Lula, que inclui, em suas orientações, o Estado como solução, tendo ele papel ativo na redução das desigualdades e promoção do desenvolvimento e a administração pública otimizada para aumentar a capacidade do governo. Como princípios, o Plano pressupõe a redução do déficit institucional, o fortalecimento da capacidade de formular e implementar políticas, a otimização de recursos, além de participação, transparência e ética. Por fim, a pesquisadora pontuou outras medidas de regulação do ingresso no serviço público que passaram a ser processadas, entre elas a ampliação do leque de carreiras para as quais se organizam concursos públicos, a instituição de mecanismos de negociação coletiva, e a correção de valores de remuneração de grupos de servidores.

A construção de uma carreira pública no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária

Para falar sobre o processo de trabalho em vigilância sanitária, a assessora da Superintendência de Serviços de Saúde e Gestão do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária da Anvisa, Claudia Santiago, expos algumas premissas teórico-metodológicas do processo de trabalho em Visa, e dimensões deste campo. Segundo Claudia, o trabalho em vigilância possui muitas particularidades. “Os objetos de trabalho da vigilância sanitária são complexos e se situam num espaço das relações entre a ciência, o mercado e a saúde. Além disso, o trabalho é direcionado por normas jurídicas e técnicas, prescrições, ritos e decisões que circunscrevem e submetem seu processo aos preceitos da administração pública”, argumentou.

VISA precisa ser reconhecida como atividade de EstadoA representante da Anvisa abordou também referências conceituas sobre condições de trabalho, perfis dos trabalhadores e trouxe exemplos dos planos de carreira, cargos e salários em vigilância sanitária existentes em alguns estados brasileiros. Mostrou resultados de um estudo sobre Formulação de Política de Recursos Humanos em vigilância sanitária, realizado em 2009, e  apresentou dados levantados pela Anvisa em 2013 sobre o perfil das vigilâncias sanitárias municipais, que revelou um número expressivo de municípios que declararam possuir profissionais concursados. Citou também a Nota Técnica do CONASS divulgada em 2013 que traz a informação de que 70% dos estados já possuem carreiras estruturadas em saúde. Por fim,  convidou os participantes a fazer a reflexão se a vigilância sanitária deve ter carreira uma própria e quais questões se colocam para sua construção.

Os planos de carreira, cargo e salário das instituições ligadas a Visa

Encerrando as discussões do Ceensp, o representante da Associação dos Servidores da Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro André Ferraz, apresentou uma análise comparativa dos planos de cargos, carreiras e salários (PCCS) de instituições ligadas a vigilância sanitária. O estudo apontou que, apesar de ser entendida como uma atividade exclusiva de Estado, intransferível e indelegável a qualquer outro tipo de organização social ou privada, os órgãos de vigilância sanitária, das três esferas de governo, apresentam relações de trabalho desiguais.

“Diversos estudos atuais demonstram a necessidade de reformulação dos planos de carreiras em todas as esferas do SUS, e no campo da Visa isso também não muda. Diferentes arranjos institucionais, distintos modelos de contratação da força de trabalho e variadas políticas de gestão de RH montam um cenário desigual entre os entes, incompatível com as suas responsabilidades compartilhadas, no que tange a execução das ações de proteção e promoção da Saúde Pública. Portanto, discutir as relações de trabalho nas três esferas de governo que necessitam desenvolver ações sanitárias articuladas, hierarquizadas e complementares entre si é de suma importância”, destacou André.
 

VISA precisa ser reconhecida como atividade de Estado
O representante expôs os dados do estudo Análise comparativa dos Planos de Cargos, Carreiras e Salários da Anvisa, Suvisa/RJ e Subvisa/RJ à luz das Diretrizes Nacionais PCCS-SUS. Segundo ele, o trabalho demonstrou que até mesmo o atual PCCS da Anvisa, o mais recente a ser instituído, também necessita de ajustes visando harmonizar-se aos princípios da universalidade, equivalência de cargos, mobilidade, gestão partilhada das carreiras e compromisso solidário. Já os PCS praticados no âmbito das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde do Rio, que também abarcam os trabalhadores de vigilância sanitária, merecem uma ampla reformulação, em virtude da baixa adesão aos princípios das Diretrizes Nacionais PCCS-SUS.
 
“A tão almejada profissionalização do trabalho em vigilância sanitária somente se dará com o fortalecimento da carreira, nas três esferas de governo, por meio de PCCS único, isonômico, digno e específico a tão relevante função pública. A vigilância e fiscalização sanitária precisa ser formalmente reconhecida como atividade típica de Estado”, concluiu André.
O debate realizado após as apresentações apontou para a necessidade de ampliar a discussão com diversos atores do SNVS e do SUS, levando o tema, inclusive, como pauta de Conass, Conasems, promovendo uma discussão tripartite.
 
Em breve as apresentações do Centro de Estudos Miguel Murat da ENSP estarão disponíveis no Canal da Escola no YouTube.

 


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