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Disponível nova edição do Cadernos de Saúde Pública

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Publicado em:14/08/2014
Disponível nova edição do Cadernos de Saúde PúblicaA edição de junho de 2014 da revista Cadernos de Saúde Pública (vol.30 n°6) aborda o tema da fragilidade física na perspectiva de seus determinantes sociais, reforçando o debate sobre a necessidade de políticas públicas voltadas à diminuição das iniquidades sociais como forma de promover o envelhecimento saudável e ativo em termos populacionais. De acordo com o editorial assinado pelo pesquisador da Universidade Estadual Paulista, Edison Iglesias de Oliveira Vidal, futuras revisões sobre este tema devem construir sínteses quantitativas sobre a força das associações entre determinantes sociais e fragilidade física, além de englobar outras formas de diagnóstico desta síndrome. Ele ressalta que os conceitos de fragilidade psicológica e social permanecem inacabados, como lacunas de conhecimento férteis para investigações e abordagens futuras em Saúde Coletiva.
 
A seção ‘Revisão’ traz a pesquisa Fatores sociodemográficos e de saúde associados à fragilidade em idosos: uma revisão sistemática de literatura. Amanda de Carvalho Mello e Elyne Montenegro Engstrom, da ENSP; e Luciana Correia Alves, da Universidade Estadual de Campinas, apontam que a fragilidade é uma síndrome que gera prejuízos práticos à vida do idoso, pois está relacionada à maior risco de dependência, quedas, hospitalização, institucionalização e morte. Na revisão sistemática que fizeram são identificados os fatores sociodemográficos, psicocomportamentais, de condições de saúde, estado nutricional e estilo de vida associados à fragilidade em idosos. O conhecimento da complexidade dos determinantes da fragilidade auxilia na formulação de ações de prevenção e intervenção precoce, garantindo maior qualidade de vida.
 
No artigo Gastos da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Brasil, com medicamentos: uma análise do período 2002-2011, os autores Rondineli Mendes da Silva e Rosângela Caetano, da ENSP, analisam o comportamento histórico das compras de medicamentos da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro, utilizando-se de dados financeiros sobre quantidade anual total adquirida e preço unitário. Foi calculado o gasto anual por habitante e a proporção das despesas com medicamentos frente aos gastos municipais em saúde, ajustados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo para compará-los a 2011. Os medicamentos foram classificados, segundo ambiente de predomínio de uso, em hospitalar ou atenção primária e pelas classes do sistema anatômico-terapêutico-químico da Organização Mundial da Saúde. Segundo o artigo, os gastos totais ajustados foram de cerca de R$ 575 milhões, com redução ao longo do intervalo analisado. Medicamentos anti-infecciosos e vinculados aos sistemas cardiovascular e nervoso responderam por 55% dos gastos totais. Conforme a pesquisa, houve transição dos gastos com medicamentos do ambiente hospitalar para aqueles de uso predominante na atenção primária em saúde. Os pesquisadores acreditam que a análise pode potencializar a gestão e sinaliza para necessidade de correção de rumos na política municipal de medicamentos.
 
A regulamentação da propaganda de alimentos no Brasil: convergências e conflitos de interesses é o título do artigo produzido pelas pesquisadoras Patricia Henriques, da ENSP; Patricia Camacho Dias e Luciene Burlandy, da Universidade Federal Fluminense. O estudo objetivou desenvolver uma análise comparativa entre o documento proposto para regulamentar a publicidade de alimentos não saudáveis e de bebidas de baixo valor nutricional, levado à consulta pública em 2006, e a Resolução aprovada em 2010. A análise se pautou em dados provenientes de documentos legais referentes à regulamentação da propaganda de alimentos, na identificação dos atores-chave e dos argumentos que fundamentaram seus discursos. Elas verificaram que a Resolução aprovada se apresenta menos detalhada e rigorosa sob o ponto de vista regulatório. Foram retiradas proibições e exigências sobre o formato, o conteúdo e os temas das propagandas de alimentos, em especial as voltadas ao público infantil. Para as pesquisadoras, é necessário fortalecer a discussão sobre o que é a esfera pública, como ela se constrói, o que são interesses públicos e quais mecanismos e processos podem contribuir para garanti-los.
 
No artigo Percepções e práticas de profissionais de saúde de Angola sobre a violência contra a mulher na relação conjugal, as pesquisadoras da ENSP Edna de Fátima Gonçalves Alves do Nascimento, Adalgisa Peixoto Ribeiro e Edinilsa Ramos de Souza retratam um estudo qualitativo exploratório com o objetivo de identificar as percepções e práticas de profissionais de saúde de Angola em relação à violência contra a mulher na relação conjugal. Entrevistas foram realizadas com macrogestor da saúde, enfermeiros diretores de enfermagem, médicos diretores clínicos, psicólogos e técnicos de enfermagem em três hospitais nacionais de Luanda. As percepções dos profissionais de saúde angolanos sobre a violência contra a mulher, dizem elas, são marcadas pela construção cultural do papel social da mulher na família, pela crença na superioridade masculina e fragilidade feminina. Apesar de conhecerem os tipos de violência e suas consequências para a saúde física e mental, suas práticas na atenção às mulheres em situação de violência priorizam o tratamento das lesões físicas, sem contemplar a subjetividade e a complexidade dessas situações. A recente inclusão do tema nas políticas públicas se reflete nas práticas dos profissionais e determina os desafios para o setor na atenção à saúde das mulheres em situação de violência.
 
As drogas ilícitas, drogas legais e excesso de consumo de medicamentos psicoativos: as muitas faces de um problema de saúde pública, artigo produzido por Francisco José Roma Paumgartten e Davyson de Lima Moreira, da ENSP, enfoca os riscos à saúde causados ​​por "drogas legais" como lesões cardiovasculares e arritmias cardíacas, e um risco elevado de mortes súbitas a partir de anfetaminas e compostos relacionados com o MDMA (metilenodioxi-metanfetamina ). Elas são uma das principais causas de internações em unidades psiquiátricas, e agentes alucinógenos têm sido implicados no aparecimento da schyzophrenia (desordem psicótica caracterizada por agitação, catatônia, alucinações, comportamento bizarro e apatia) em indivíduos susceptíveis. Riscos de desenvolvimento para o feto não podem ser ignorado também.
 
Conforme relatam os autores, embora as drogas ilícitas sejam comumente referidos como tóxicos, no Brasil, toxicidade e propriedades aditivas são apenas parte do problema. Abuso de drogas está associado a perturbações nas relações sociais, com a violência doméstica, o comportamento criminoso, acidentes e problemas no trabalho, em casa e na escola. Consumo excessivo de substâncias psicoativas para fins não terapêuticos, sejam elas drogas lícitas ou ilícitas, também é um grande problema. Agentes anti-ansiedade e anti-depressivos, por exemplo, estão entre os medicamentos mais prescritos consumidos. Benzodiazepínicos (ansiolíticos) têm sido cada vez mais utilizados para lidar com experiências estressantes e ansiedade na vida cotidiana, enquanto a fluoxetina (Prozac) é comumente usado para "tratar" os sintomas de depressão e tristeza menores desencadeados por eventos comuns, tais como a perda de amigos queridos ou parentes. 
 
A íntegra do volume 30, número 6 da revista Cadernos de Saúde Pública pode ser conferida aqui 
 

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