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Saúde Coletiva perde Gilson Carvalho

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Publicado em:03/07/2014
Saúde Coletiva perde Gilson CarvalhoO médico pediatra e especialista em Financiamento de Saúde, Gilson Carvalho, faleceu nesta quinta-feira (3/7) pela manhã e o corpo será velado na Câmara Municipal de São José dos Campos, em São Paulo. Em setembro de 2013, Gilson participou do debate Para onde vai o SUS? na ENSP.  A mesa redonda, que também contou com a presença da pesquisadora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Iesc/UFRJ), Ligia Bahia, foi realizada no âmbito das comemorações dos 59 anos da ENSP. A fala de Gilson Carvalho foi permeada por questionamentos sobre o futuro do SUS. "Cadê vocês? O que os intelectuais da academia estão fazendo para ajudar os profissionais da prática, amarrados com o cotidiano. Vocês precisam nos ajudar a construir o SUS!". Gilson atuou por mais de cinquenta anos no campo da saúde e foi um dos idealizadores do Sistema de Único de Saúde.
 
Durante o evento de 59 anos da ENSP, Gilson criticou, ainda, o mix de serviços público e privado. Ele destacou que, “o SUS permite que toda vez que ele não for suficiente se busque o privado para complementá-lo, mas não para substituí-lo, como vem ocorrendo. Há uma promiscuidade nessa relação. Há um movimento mundial de terceirização, inclusive temos terceirizado com muita facilidade as responsabilidades, as culpas e, consequentemente, as soluções”.
 
Entre os desafios contemporâneos da saúde que precisam ser enfrentados, o médico citou as relações entre os princípios da universalidade e da integralidade que garantiriam o ‘tudo para todos’, sendo essa a conjugação máxima da constituição da lei de saúde; os serviços próprios e privados; quantidade e qualidade de médicos; modelos a serem trabalhados; a eficiência gerencial e operacional; e a participação das pessoas nas áreas propositiva e controladora. “Eu defendo a integralidade regulada”, disse Gilson. Segundo ele, precisamos de regras, da regulação. Essa é uma função nobre do Sistema Único de Saúde. “Não podemos achar que desenfreadamente vamos ficar na mão dos que levam vantagem”, ressaltou.
 
Nascido em 1946 em Aracaju (SE), ele cresceu em Campanha (MG), cidade que considerava sua terra natal adotada, conforme citou em alguns dos artigos que escrevia. Carvalho era formado pela Escola Federal de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro e doutorado em Saúde Pública pela USP. Foi especialista ainda em Pediatria e Administração Hospitalar.
 
Gilson exerceu medicina em Alfenas (MG), Jacareí e São José dos Campos. Na área pública atuou também como diretor estadual da Vigilância Epidemiológica na RMVale. Pelo Governo Federal, foi Secretário Nacional de Assistência à Saúde, diretor do Departamento do Sistema Único de Saúde e de Controle e Avaliação do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps).
 
Para o presidente do Instituto de Direito Sanitário Aplicado (Idisa), Nelson Rodrigues dos Santos, ele era "o companheiro de vida inteira de lutas humanistas". José de Carvalho Noronha, pesquisador da Fiocruz, divulgou nota de pesar. "Perdemos um grande e valoroso combatente. Sua bravura, inteligência e agudeza crítica continuarão a nos inspirar. A luta continua e a vitória é certa." A vice-presidente da Abrasco, Maria Fátima de Sousa, disse que "hoje a saúde coletiva brasileira fica menor. A subida de Gilson Carvalho para o andar de cima nos deixa viva a certeza que ele partiu deixando a imortalidade de sua obra na terra. Meu irmão de sonho que os espíritos de luz lhe recebam de braços abertos e com o perfume dessa flores. Sentiremos muitas saudades! E sua falta na luta incansável por um SUS UNIVERSAL , justo e com financiamento estável."

Fonte: Abrasco
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