Nova edição do CSP disponível on-line
Publicado em:04/06/2014
A edição atual do Cadernos de Saúde Pública, número 30, volume 4, disponível on-line, traz, em seu editorial, uma discussão sobre governança global para a saúde, escrita pelo ex-presidente da Fundação e coordenador do Centro de Relações Internacional da Fiocruz, Paulo Buss. Em seu texto, Buss aborda a especial atenção que tem sido conferida ao informe preparado pela Comissão The Lancet - Universidade de Oslo, intitulado As origens políticas da iniquidade em saúde: perspectivas de mudança. Além de outros artigo, a revista deste mês, em sua seção Fórum, debate a temática da saúde indígena em um compilado de cinco textos. Confira a revista na íntegra.
Paulo Buss, que também já foi diretor da ENSP, ressaltou em seu texto que o documento – lançado recentemente pelo importante pelo periódico inglês The Lancet (Lancet 2014; 383:630-67) - , “o documento defende que a distribuição dos riscos em saúde continua sendo extrema e inaceitavelmente desigual e que, por sua vez, contraditando o que seria esperado, o atual sistema de governança global falha na proteção à saúde da população, afetando desastrosamente os mais pobres, vulneráveis e marginalizados”.
A comissão de elaboração do documento é formada por pesquisadores e formuladores de políticas de diversos países - o Brasil e a América do Sul são representados por Buss. A versão em português do mesmo documento foi lançado no dia 30/5, na Fiocruz, no âmbito das comemorações dos 114 anos da Fundação. Na ocasião, o Cris/Fiocruz foi oficialmente nomeado Centro Colaborador em Saúde Global e Cooperação Sul-Sul da Organização Mundial da Saúde.
A revista contou com a publicação de diversos artigos de pesquisadores da ENSP. O texto sobre Aceitabilidade da autotestagem domiciliar para o HIV entre homens que fazem sexo com homens no Brasil: dados de uma enquete na Internet, escrito pelo pesquisador da ENSP, André Périssé falou sobre a epidemia de HIV/Aids no Brasil. A Investigação entomoepidemiológica da doença de Chagas no Estado do Ceará, Nordeste do Brasil, tema de artigo escrito pelo pesquisador da Escola, Reinaldo Souza-Santos em parceria com outros oito pesquisadores de diversas instituições, que foi feita em uma região historicamente endêmica da doença de Chagas. O artigo Adaptação transcultural dos Bancos de Itens de Ansiedade e Depressão do Patient-Reported Outcomes Measurement Information System (PROMIS) para língua portuguesa, propõe uma nova ferramenta de avaliação de resultados aplicáveis às doenças crônicas com base em técnicas avançadas de estatística (TRI) e testes adaptativos computadorizados (CAT).
A seção Fórum da Revista Caderno de Saúde Pública do mês de abril concentrou cinco artigos que abordam a temática da saúde e povos indígenas no Brasil. Segundo o pesquisador da ENSP, James Welch, o presente Fórum explora os desafios contemporâneos para a saúde indígena e políticas de saúde no Brasil. O compilado de artigos são baseados em palestras, originalmente realizadas em painel do Grupo de Trabalho em Saúde Indígena, na ocasião do 10o Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, realizado no Rio Grande do Sul, pelos pesquisadores Carlos Coimbra Jr., da ENSP, Marina Denise Cardoso, da Universidade Federal de São Carlos, Eliana Diehl, da Universidade Federal de Santa Catarina e Marcos Pellegrini, da Universidade Federal de Roraima.
O primeiro texto do compilado, foi escrito por James Welch e tem foco nas contribuições ao Fórum. Ele tomou como ponto de referência um exemplo local de iniquidade nos cuidados à saúde derivado da apresentação realizada no mesmo painel pela liderança comunitária indígena da aldeia Etênhiritipá no Mato Grosso, Paulo F. Supretaprã. O artigo Saúde e povos indígenas no Brasil: reflexões a partir do I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição Indígena, escrito por Carlos Coimbra, fala sobre a configuração atual da saúde dos povos indígenas no Brasil, resultante de complexa trajetória histórica, responsável por grandes atrasos para os indígenas em relação aos avanços sociais verificados no país ao longo das últimas décadas, particularmente nos campos da saúde, educação, habitação e saneamento. Segundo ele, o principal foco dessa contribuição é rever sinteticamente uma seleção dos principais resultados do I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição Indígena, realizado entre 2008-2009, e que visitou 113 aldeias em todo o país, tendo entrevistado 6.692 mulheres e 6.128 crianças.
Analisar as políticas de saúde para os povos indígenas no Brasil, tendo como marco a Constituição Federal de 1988 e os seus desdobramentos para o atendimento médico-assistencial destas populações foi o objetivo do artigo Saúde e povos indígenas no Brasil: notas sobre alguns temas equívocos na política atual, escrito por Marina Denise Cardoso. Já o artigo Saúde e povos indígenas no Brasil: o desafio da formação e educação permanente de trabalhadores para atuação em contextos interculturais teve como objetivo refletir sobre a formação e educação permanente de trabalhadores da saúde e para a saúde indígena, uma diretriz da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas que se apresenta atrasada e inconclusa na agenda oficial. O artigo foi desenvolvido por Eliana Elisabeth Diehl e Marcos Antonio Pellegrini.
Concluindo o apanhado de artigos com foco na saúde indígena, a seção Fórum traz ainda o posfácio Diversidade homogeneizada: para onde caminha o Subsistema de Saúde Indígena?, que foi escrita pela pesquisadora do Centro de Pesquisas Leônidas & Maria Deane, Fundação Oswaldo Cruz, Manaus, Luiza Garnelo, traz os resultados apresentados no painel Saúde e Povos Indígenas no Brasil: Desafios Nacionais e Insights Locais, que expressam olhares múltiplos sobre realidades locais diversificadas, formando um mosaico capaz de exprimir, simultaneamente, situações comuns e singulares nas condições de saúde de populações indígenas no território nacional.
A resenha deste mês segue a mesma temática do Fórum e fala sobre o livro Na primeira margem do rio: território e ecologia do povo xavante de Wedezé, que foi escrito pelos pesquisadores da ENSP James Welch, Ricardo Ventursa, Carlos Coimbra Jr. e Nancy May Flowers. AO livro é uma publicação do Museu do Índio, da Fundação Nacional do Índio. A publicação constitui um desdobramento dos estudos realizados pelos autores ao longo do processo de identificação e delimitação da Terra Indígena Xavante de Wedezé, no Estado de Mato Grosso, Brasil. A resenha foi escrita por Mauricio Soares Leite, do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal de Santa Catarina.
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