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"É pequena a chance de epidemia de dengue na Copa"

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Publicado em:23/05/2014
Os pesquisadores Christovam Barcellos, coordenador do Observatório de Clima e Saúde (Icict) e Marília Sá Carvalho, do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e editora da revista Cadernos de Saúde Pública da ENSP, são co-autores de um artigo, publicado dia 17/5 na revista científica inglesa The Lancet Infectious Deseases, sobre o risco de dengue durante a Copa do Mundo. O estudo, realizado entre fevereiro e abril deste ano, descreve um sistema de alerta desenvolvido para apontar o risco de epidemia de dengue em 553 microrregiões do Brasil, incluindo as 12 cidades onde os jogos serão realizados. A pesquisa foi conduzida por uma equipe interdisciplinar de climatologistas, especialistas em saúde pública e matemáticos da Espanha (Instituto Catalão de Ciências do Clima), Reino Unido (Met Office, Universidade de Exeter) e Brasil (Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde e Fiocruz).

Baseado em um modelo que utiliza informações climáticas para predizer a ocorrência de epidemia de dengue nas cidades dos jogos no período de realização da Copa, o artigo aponta que essa probabilidade é pequena. “Esse artigo foi inicialmente pensado em resposta a um certo alarmismo da mídia internacional sobre o risco aumentado de dengue. Resolvemos utilizar os modelos que desenvolvemos anteriormente para avaliar esse risco, esclarece Marília Carvalho. 

O estudo indica que teremos baixa incidência (menor do que 100 casos/100 mil habitantes) em Brasília, Cuiabá, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo, e média (entre 100 a 300 casos) no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Manaus. Considerando que o Ministério da Saúde define um risco alto como sendo acima de 300 casos para cada 100 mil habitantes, existe uma probabilidade de Recife, Fortaleza e Natal chegarem a esse número de casos ou mais. Mas a probabilidade disso acontecer não é alta: 19%, 46% e 48%, respectivamente. Considerando essa chance, acreditamos que a maior probabilidade é que não tenhamos epidemia. "Além disso, o alerta permite que medidas pontuais sejam tomadas nessas cidades, diminuindo ainda mais essa chance", complementa Marília Carvalho.

Segundo o estudo, o clima interfere na transmissão da dengue em regiões geralmente epidêmicas para a doença, caracterizadas por chuva e altas temperaturas. “Com o Observatório de Clima e Saúde, que disponibiliza informações sobre desastres climáticos e seus impactos em curto, médio e longo prazos sobre a saúde, foi possível obter informações de bases de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e Sistema de Informações Hospitalares (SIH), do Ministério da Saúde, entre outros, para a pesquisa”, detalha o pesquisador Christovam Barcellos.

Segundo o coordenador do Observatório de Clima e Saúde, a principal contribuição do artigo é o modelo desenvolvido, incorporando informações climáticas, que permite predizer a chance de grande número de casos, com três meses de antecedência. Com essa antecedência, torna-se possível tomar medidas locais de controle da população de mosquitos nas cidades. “O verão de 2014 apresentou redução de 80% no número de casos de dengue, se comparado com o verão de 2013, pois tivemos um verão atípico, muito quente e seco. O mais importante é que esse sistema de alerta disponibiliza para a população e os espectadores que irão às cidades dos jogos informações que normalmente seriam divulgadas pela imprensa de forma superficial. Esse é um exemplo de prestação de serviço sobre clima e saúde pública relevante para todos”, considera Barcellos.

Acesse o artigo completo.

Fonte: CCS/Fiocruz

"É pequena a chance de epidemia de dengue na Copa"

2 comentários
EDUARDO S. PONCE MARANHÃO
26/05/2014 16:22
Dengue na copa Esperamos que os nossos nobres colegas do Icict tenham razão ! O Christovam e a Marília ->Perguntamos em São Paulo não vai ter copa ? ? ? DENGUE - BRASIL (25) (SÃO PAULO, SÃO PAULO), EPIDEMIA, ATUALIZAÇÃO ********************************************************************** Uma mensagem / Una mensaje / de ProMED-PORT ProMED-mail e um programa da / es un programa de la International Society for Infectious Diseases Data: Sábado / Sábado, 17 de maio/mayo de 2014 Fonte: O Estado de São Paulo [15/05/2014] [editado] Número de casos de dengue na cidade de São Paulo já passa de 5.000 ------------------------------------------------------------------------------- Segundo balanço divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, quantidade de registros é quase o triplo (2,8 vezes) em relação ao mesmo período no ano passado [2013]. De janeiro [2014] até agora [maio/2014], o total de casos de dengue registrados na cidade de São Paulo chegou a 5.093, quase o dobro de todo o ano passado [2013], que foi de 2.617. No mesmo período de 2013, a soma era de 1.794 casos. O número de registros divulgados nesta quinta-feira [15/maio/2014] pela Secretaria de Saúde é 13% maior do que o da semana passada [maio/2014], de 4.514 casos. A média nas semanas anteriores, segundo a Prefeitura, foi de 20% de aumento. No geral, a cidade tem baixo nível de incidência de dengue: a média é de 45,3 casos para cada 100.000 habitantes - o Ministério da Saúde considera baixa a incidência de 0 a 100 casos por 100.000 habitantes. A taxa, no entanto, é superior à registrada no ano passado [2013], que foi de 23,3 [casos por 100.000]. Na capital, 4 pessoas já morreram por complicações da dengue em 2014, o dobro de mortes registradas em todo o ano passado [2013]. As vítimas foram 1 menino de 6 anos, 1 idoso de 68 e 2 mulheres (uma de 34 anos e outra de 69). Segundo a Prefeitura, todas as mortes aconteceram em abril [2014]. O Jaguaré, bairro onde foram registradas 2 mortes, é o distrito que tem o maior número de casos de dengue em toda a capital até agora. São 787 casos, e a taxa de incidência é de 1.578,3 casos por 100.000 habitantes, considerada alta. Outros dois bairros da zona oeste vêm em segundo e terceiro lugares: Lapa, com 351 casos e incidência de 533,9 [casos por 100.000 habitantes], e Rio Pequeno, com 345 casos e índice de 291,2 [casos por 100.000 habitantes]. Ao todo, a cidade tem 8 bairros com incidência da doença acima do normal: aqueles que têm mais de 100 casos por 100.000 habitantes, índice de incidência média. Na zona norte, Tremembé e Jaraguá, dois distritos com incidência média, tiveram aumento no número de casos e ocupam 4.º e 6.º lugares, respectivamente. Em Tremembé, 345 casos foram notificados, com incidência de 174,9 [casos por 100.000 habitantes]. No Jaraguá, são 140 casos e índice de 75,8 [casos por 100.000 habitantes]. A taxa de incidência também está alta em comparação com a média da cidade em distritos da zona leste, como Carrão (160,9 [por 100.000 habitantes]), Vila Jacuí (132 [casos por 100.000 habitantes]) e Cidade Líder (82,9 [casos por 100.000 habitantes]). Na zona sul da capital, Santo Amaro tem incidência de 97,8 casos por 100.000 habitantes e, no Campo Limpo, o índice chega a 75,7 [casos por 100.000 habitantes]. -- Comunicado por: ProMED-PORT [O número absoluto de casos no município de São Paulo, quando comparado com outros municípios do interior do estado, aos olhos menos atentos pode não assustar, mas deveria, e muito. Nas áreas críticas se observam incidências de 200, 500, 1000 casos por 100.000 habitantes. Ainda que taxas de incidência distintas possam ocorrer em diferentes áreas de uma mesmo município, ainda que taxas próximas aquela observada agora no bairro do Jaguaré [1.578 casos por 100.000 habitantes] não venham a ocorrer em outras regiões, uma epidemia mais capilarizada do que a observada na temporada atual, em 2014, que venha a se estender pelas demais áreas do município, pode significar um cenário epidemiológico sem precedentes em todas as esferas, social, política e econômica para a cidade de São Paulo. Várias condições conspiram para um futuro (próximo?) pouco (ou nada?) otimista: - um significativo número de susceptíveis a infecção por todos os sorotipos do vírus da dengue, já que, diferentemente de outros municípios do interior do estado, a cidade de São Paulo nunca experimentou uma epidemia de grandes proporções da doença; - uma cidade em que a ocupação do espaço urbano leva a grandes aglomerações urbanas, com densidades demográficas das mais elevadas e condições das mais favoráveis para criadouros dos vetor; - uma rede de assistência à saúde, pública e privada, que não apresenta, a semelhança de outros municípios que já vivenciaram (e ainda vivenciam) a experiência de enfrentamento, na prática, de uma epidemia de dengue. Qual o grau de conhecimento dos profissionais de saúde de atenção básica e das áreas de urgência e emergência no atendimento, identificação de sinais de alarme e manejo apropriado da hidratação em pacientes com dengue? Qual a capacidade de organização (e adaptação) da rede de assistência, em um contexto de epidemia de grandes proporções, em mitigar o impacto da dengue sem colapsar o atendimento da população em geral? Para piorar: em um cenário em que a escassez de água já é uma fantasma que se materializa, ironicamente, na "terra da garoa", nada mais previsível, óbvio, do que se esperar que a estocagem de água em domicílios, estabelecimentos comerciais e afins se multipliquem e, potencialmente, se tornem verdadeiras maternidades do _Aedes_. Mais do que o tão temido impacto social e político decorrente de uma política de racionamento de água, seria o possível impacto sobre a situação epidemiológica da dengue e, consequentemente, à saúde da população. Calor e chuva sempre foram dois componentes importantes na sazonalidade e incidência da dengue. O período de seca, via de regra, é o maior dos sonhos dos coordenadores de programas de prevenção e controle da dengue Brasil afora. No caso do município de São Paulo, entretanto, a história pode não ser bem assim... Se correr o mosquito pega, se ficar... também. Tudo vai depender da adoção, priorização e manutenção de medidas ágeis, efetivas, duradouras para o controle de vetor. ProMED-mail www.promedmail.org Map of the latest alerts on infectious disease around the world . ProMED-mail www.promedmail.org Map of the latest alerts on infectious... .
MARIA APARECIDA DE ASSIS PATROCLO
24/05/2014 11:25
Parabenizo os autores do estudo e espero que seja publicado o mais rápido possível em português , ou informado como os trabalhadores de saúde, especialmente os que atuam em vigilância em saúde, podem ter acesso aos resultados quando não tiverem domínio da língua inglesa.