"É pequena a chance de epidemia de dengue na Copa"
Os pesquisadores Christovam Barcellos, coordenador do Observatório de Clima e Saúde (Icict) e Marília Sá Carvalho, do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e editora da revista Cadernos de Saúde Pública da ENSP, são co-autores de um artigo, publicado dia 17/5 na revista científica inglesa The Lancet Infectious Deseases, sobre o risco de dengue durante a Copa do Mundo. O estudo, realizado entre fevereiro e abril deste ano, descreve um sistema de alerta desenvolvido para apontar o risco de epidemia de dengue em 553 microrregiões do Brasil, incluindo as 12 cidades onde os jogos serão realizados. A pesquisa foi conduzida por uma equipe interdisciplinar de climatologistas, especialistas em saúde pública e matemáticos da Espanha (Instituto Catalão de Ciências do Clima), Reino Unido (Met Office, Universidade de Exeter) e Brasil (Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde e Fiocruz).
Baseado em um modelo que utiliza informações climáticas para predizer a ocorrência de epidemia de dengue nas cidades dos jogos no período de realização da Copa, o artigo aponta que essa probabilidade é pequena. “Esse artigo foi inicialmente pensado em resposta a um certo alarmismo da mídia internacional sobre o risco aumentado de dengue. Resolvemos utilizar os modelos que desenvolvemos anteriormente para avaliar esse risco, esclarece Marília Carvalho.
O estudo indica que teremos baixa incidência (menor do que 100 casos/100 mil habitantes) em Brasília, Cuiabá, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo, e média (entre 100 a 300 casos) no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Manaus. Considerando que o Ministério da Saúde define um risco alto como sendo acima de 300 casos para cada 100 mil habitantes, existe uma probabilidade de Recife, Fortaleza e Natal chegarem a esse número de casos ou mais. Mas a probabilidade disso acontecer não é alta: 19%, 46% e 48%, respectivamente. Considerando essa chance, acreditamos que a maior probabilidade é que não tenhamos epidemia. "Além disso, o alerta permite que medidas pontuais sejam tomadas nessas cidades, diminuindo ainda mais essa chance", complementa Marília Carvalho.
Segundo o estudo, o clima interfere na transmissão da dengue em regiões geralmente epidêmicas para a doença, caracterizadas por chuva e altas temperaturas. “Com o Observatório de Clima e Saúde, que disponibiliza informações sobre desastres climáticos e seus impactos em curto, médio e longo prazos sobre a saúde, foi possível obter informações de bases de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e Sistema de Informações Hospitalares (SIH), do Ministério da Saúde, entre outros, para a pesquisa”, detalha o pesquisador Christovam Barcellos.
Segundo o coordenador do Observatório de Clima e Saúde, a principal contribuição do artigo é o modelo desenvolvido, incorporando informações climáticas, que permite predizer a chance de grande número de casos, com três meses de antecedência. Com essa antecedência, torna-se possível tomar medidas locais de controle da população de mosquitos nas cidades. “O verão de 2014 apresentou redução de 80% no número de casos de dengue, se comparado com o verão de 2013, pois tivemos um verão atípico, muito quente e seco. O mais importante é que esse sistema de alerta disponibiliza para a população e os espectadores que irão às cidades dos jogos informações que normalmente seriam divulgadas pela imprensa de forma superficial. Esse é um exemplo de prestação de serviço sobre clima e saúde pública relevante para todos”, considera Barcellos.
Acesse o artigo completo.
Baseado em um modelo que utiliza informações climáticas para predizer a ocorrência de epidemia de dengue nas cidades dos jogos no período de realização da Copa, o artigo aponta que essa probabilidade é pequena. “Esse artigo foi inicialmente pensado em resposta a um certo alarmismo da mídia internacional sobre o risco aumentado de dengue. Resolvemos utilizar os modelos que desenvolvemos anteriormente para avaliar esse risco, esclarece Marília Carvalho.
O estudo indica que teremos baixa incidência (menor do que 100 casos/100 mil habitantes) em Brasília, Cuiabá, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo, e média (entre 100 a 300 casos) no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Manaus. Considerando que o Ministério da Saúde define um risco alto como sendo acima de 300 casos para cada 100 mil habitantes, existe uma probabilidade de Recife, Fortaleza e Natal chegarem a esse número de casos ou mais. Mas a probabilidade disso acontecer não é alta: 19%, 46% e 48%, respectivamente. Considerando essa chance, acreditamos que a maior probabilidade é que não tenhamos epidemia. "Além disso, o alerta permite que medidas pontuais sejam tomadas nessas cidades, diminuindo ainda mais essa chance", complementa Marília Carvalho.
Segundo o estudo, o clima interfere na transmissão da dengue em regiões geralmente epidêmicas para a doença, caracterizadas por chuva e altas temperaturas. “Com o Observatório de Clima e Saúde, que disponibiliza informações sobre desastres climáticos e seus impactos em curto, médio e longo prazos sobre a saúde, foi possível obter informações de bases de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e Sistema de Informações Hospitalares (SIH), do Ministério da Saúde, entre outros, para a pesquisa”, detalha o pesquisador Christovam Barcellos.
Segundo o coordenador do Observatório de Clima e Saúde, a principal contribuição do artigo é o modelo desenvolvido, incorporando informações climáticas, que permite predizer a chance de grande número de casos, com três meses de antecedência. Com essa antecedência, torna-se possível tomar medidas locais de controle da população de mosquitos nas cidades. “O verão de 2014 apresentou redução de 80% no número de casos de dengue, se comparado com o verão de 2013, pois tivemos um verão atípico, muito quente e seco. O mais importante é que esse sistema de alerta disponibiliza para a população e os espectadores que irão às cidades dos jogos informações que normalmente seriam divulgadas pela imprensa de forma superficial. Esse é um exemplo de prestação de serviço sobre clima e saúde pública relevante para todos”, considera Barcellos.
Acesse o artigo completo.
Fonte: CCS/Fiocruz
"É pequena a chance de epidemia de dengue na Copa"
2 comentáriosEDUARDO S. PONCE MARANHÃO
26/05/2014 16:22
Dengue na copa
Esperamos que os nossos nobres colegas do Icict tenham razão ! O Christovam e a Marília ->Perguntamos em São Paulo não vai ter copa ? ? ? DENGUE - BRASIL (25) (SÃO PAULO, SÃO PAULO), EPIDEMIA, ATUALIZAÇÃO
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Uma mensagem / Una mensaje / de ProMED-PORT
ProMED-mail e um programa da / es un programa de la
International Society for Infectious Diseases
Data: Sábado / Sábado, 17 de maio/mayo de 2014
Fonte: O Estado de São Paulo [15/05/2014] [editado]
Número de casos de dengue na cidade de São Paulo já passa de 5.000
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Segundo balanço divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde,
quantidade de registros é quase o triplo (2,8 vezes) em relação ao
mesmo período no ano passado [2013].
De janeiro [2014] até agora [maio/2014], o total de casos de dengue
registrados na cidade de São Paulo chegou a 5.093, quase o dobro de
todo o ano passado [2013], que foi de 2.617. No mesmo período de
2013, a soma era de 1.794 casos.
O número de registros divulgados nesta quinta-feira [15/maio/2014]
pela Secretaria de Saúde é 13% maior do que o da semana passada
[maio/2014], de 4.514 casos. A média nas semanas anteriores, segundo
a Prefeitura, foi de 20% de aumento.
No geral, a cidade tem baixo nível de incidência de dengue: a média
é de 45,3 casos para cada 100.000 habitantes - o Ministério da
Saúde considera baixa a incidência de 0 a 100 casos por 100.000
habitantes. A taxa, no entanto, é superior à registrada no ano
passado [2013], que foi de 23,3 [casos por 100.000].
Na capital, 4 pessoas já morreram por complicações da dengue em
2014, o dobro de mortes registradas em todo o ano passado [2013]. As
vítimas foram 1 menino de 6 anos, 1 idoso de 68 e 2 mulheres (uma de
34 anos e outra de 69). Segundo a Prefeitura, todas as mortes
aconteceram em abril [2014].
O Jaguaré, bairro onde foram registradas 2 mortes, é o distrito que
tem o maior número de casos de dengue em toda a capital até agora.
São 787 casos, e a taxa de incidência é de 1.578,3 casos por
100.000 habitantes, considerada alta. Outros dois bairros da zona
oeste vêm em segundo e terceiro lugares: Lapa, com 351 casos e
incidência de 533,9 [casos por 100.000 habitantes], e Rio Pequeno,
com 345 casos e índice de 291,2 [casos por 100.000 habitantes].
Ao todo, a cidade tem 8 bairros com incidência da doença acima do
normal: aqueles que têm mais de 100 casos por 100.000 habitantes,
índice de incidência média. Na zona norte, Tremembé e Jaraguá,
dois distritos com incidência média, tiveram aumento no número de
casos e ocupam 4.º e 6.º lugares, respectivamente. Em Tremembé, 345
casos foram notificados, com incidência de 174,9 [casos por 100.000
habitantes]. No Jaraguá, são 140 casos e índice de 75,8 [casos por
100.000 habitantes].
A taxa de incidência também está alta em comparação com a média
da cidade em distritos da zona leste, como Carrão (160,9 [por 100.000
habitantes]), Vila Jacuí (132 [casos por 100.000 habitantes]) e
Cidade Líder (82,9 [casos por 100.000 habitantes]). Na zona sul da
capital, Santo Amaro tem incidência de 97,8 casos por 100.000
habitantes e, no Campo Limpo, o índice chega a 75,7 [casos por
100.000 habitantes].
--
Comunicado por: ProMED-PORT
[O número absoluto de casos no município de São Paulo, quando
comparado com outros municípios do interior do estado, aos olhos
menos atentos pode não assustar, mas deveria, e muito. Nas áreas
críticas se observam incidências de 200, 500, 1000 casos por 100.000
habitantes. Ainda que taxas de incidência distintas possam ocorrer em
diferentes áreas de uma mesmo município, ainda que taxas próximas
aquela observada agora no bairro do Jaguaré [1.578 casos por 100.000
habitantes] não venham a ocorrer em outras regiões, uma epidemia
mais capilarizada do que a observada na temporada atual, em 2014, que
venha a se estender pelas demais áreas do município, pode significar
um cenário epidemiológico sem precedentes em todas as esferas,
social, política e econômica para a cidade de São Paulo.
Várias condições conspiram para um futuro (próximo?) pouco (ou
nada?) otimista:
- um significativo número de susceptíveis a infecção por todos os
sorotipos do vírus da dengue, já que, diferentemente de outros
municípios do interior do estado, a cidade de São Paulo nunca
experimentou uma epidemia de grandes proporções da doença;
- uma cidade em que a ocupação do espaço urbano leva a grandes
aglomerações urbanas, com densidades demográficas das mais elevadas
e condições das mais favoráveis para criadouros dos vetor;
- uma rede de assistência à saúde, pública e privada, que não
apresenta, a semelhança de outros municípios que já vivenciaram (e
ainda vivenciam) a experiência de enfrentamento, na prática, de uma
epidemia de dengue. Qual o grau de conhecimento dos profissionais de
saúde de atenção básica e das áreas de urgência e emergência no
atendimento, identificação de sinais de alarme e manejo apropriado
da hidratação em pacientes com dengue? Qual a capacidade de
organização (e adaptação) da rede de assistência, em um contexto
de epidemia de grandes proporções, em mitigar o impacto da dengue
sem colapsar o atendimento da população em geral?
Para piorar: em um cenário em que a escassez de água já é uma
fantasma que se materializa, ironicamente, na "terra da garoa", nada
mais previsível, óbvio, do que se esperar que a estocagem de água
em domicílios, estabelecimentos comerciais e afins se multipliquem e,
potencialmente, se tornem verdadeiras maternidades do _Aedes_. Mais do
que o tão temido impacto social e político decorrente de uma
política de racionamento de água, seria o possível impacto sobre a
situação epidemiológica da dengue e, consequentemente, à saúde da
população.
Calor e chuva sempre foram dois componentes importantes na
sazonalidade e incidência da dengue. O período de seca, via de
regra, é o maior dos sonhos dos coordenadores de programas de
prevenção e controle da dengue Brasil afora. No caso do município
de São Paulo, entretanto, a história pode não ser bem assim... Se
correr o mosquito pega, se ficar... também. Tudo vai depender da
adoção, priorização e manutenção de medidas ágeis, efetivas,
duradouras para o controle de vetor.
ProMED-mail
www.promedmail.org
Map of the latest alerts on infectious disease around the world
.
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Map of the latest alerts on infectious...
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MARIA APARECIDA DE ASSIS PATROCLO
24/05/2014 11:25
Parabenizo os autores do estudo e espero que seja publicado o mais rápido possível em português , ou informado como os trabalhadores de saúde, especialmente os que atuam em vigilância em saúde, podem ter acesso aos resultados quando não tiverem domínio da língua inglesa.
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