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Saúde pública, ensino médico e produção de conhecimento: tema de lançamento da Editora Fiocruz

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Publicado em:10/04/2014
A Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, embora instituída em 1891, só passou a funcionar efetivamente em 1913 – bem depois, portanto, das Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e da Bahia, estabelecidas no início do século XIX. Contudo, essa demora para a implantação do ensino médico em São Paulo não foi sinônimo de atraso. É o que sustenta a historiadora Márcia Regina Barros da Silva, autora do livro O Laboratório e a República: saúde pública, ensino médico e produção de conhecimento em São Paulo (1891-1933), novo título da coleção História e Saúde da Editora Fiocruz.
 
De acordo com as pesquisas conduzidas por Márcia, o período que antecedeu a implantação da primeira escola médica paulista foi muito rico em debates e embates acadêmicos e políticos. Desse modo, a Faculdade de Medicina de São Paulo emergiu como resultante de um processo estruturado com vistas a dar destaque a seu caráter moderno e científico. Frente a grupos tradicionais, ela se impôs com sua linguagem especializada e experimental, marcando a consolidação de uma abordagem médica laboratorial, o que já era uma realidade no cenário internacional.
 
Desde os primeiros debates sobre a criação de uma faculdade de medicina em São Paulo, destacava-se o argumento de que o conhecimento científico deveria ser produzido por meio da pesquisa experimental. “Para implantar o ensino médico formal foram constituídas séries de operações que prepararam terreno para a concretização de uma instituição de ensino diferente das que havia em outras partes do país”, afirma a autora. “A instalação da Faculdade de Medicina em 1913 foi resultante da concorrência de vários agentes mobilizados em torno de novas e diversas formas de realizar a prática médica”, completa Márcia, doutora em história social, docente do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP) e, atualmente, presidente da Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC).
 
As operações daqueles agentes são minuciosamente estudadas ao longo do livro, que se baseia em vasta documentação primária, incluindo relatórios, periódicos e legislação. A obra tem três capítulos. O primeiro analisa como a República paulista abordou os temas da saúde – ou, mais especificamente, a organização de serviços para combate às doenças – e as questões ligadas ao ensino. O segundo investiga as atividades médicas de atendimento e tratamento realizadas em diferentes instituições de São Paulo, como a Santa Casa de Misericórdia e a Sociedade de Medicina e Cirurgia, além de examinar as revistas médicas paulistas de maior impacto naquele momento.
 
Já o terceiro capítulo considera outras iniciativas que ajudaram a preparar o terreno para a implantação da Faculdade de Medicina, como a criação da Policlínica de São Paulo, em 1895; a realização, na capital paulista, do VI Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, em 1907; o estabelecimento da Universidade Livre de São Paulo, em 1911; o lançamento da revista médica Annaes Paulistas de Cirurgia e Medicina, em 1914; e a concretização do I Congresso Médico Paulista, em 1916. Esse capítulo discute, também, as teses apresentadas, ao final do curso, pelos primeiros médicos formados em São Paulo, entre 1918 e 1926.
 
“O objetivo mais geral de identificar os projetos propostos naquele momento é também o de entender as diferentes formas de conceber a medicina, o ensino, a saúde e as ciências por parte de uma sociedade que se queria modernizada e civilizada, mas que se mostrava muito mais intrincada do que seus sonhos fariam supor”, salienta Márcia, cujo trabalho é um dos poucos que tratam especificamente da emergência do ensino médico em São Paulo. “A Faculdade de Medicina, hoje uma centenária senhora, ainda se mantém sob holofotes, mostrando a vitalidade e a vontade de poder de seus fundadores”, comenta a professora Maria Helena Pereira Toledo Machado, do Departamento de História da USP, que assina o prefácio do livro.

Fonte: Editora Fiocruz
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