Pesquisador italiano Benedetto Terracini fará conferência na Escola
Publicado em:25/03/2014
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A Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) receberá o professor Benedetto Terracini, da Universidade de Turim, Itália. Referência internacional em temas como carcinogênese química, epidemiologia do câncer, amianto, bioestatística, ética e patologia humana, Terracini irá proferir a conferência "Será que as monografias publicadas pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC/OMS) superestimam os 'falsos positivos'? Subsídios históricos e discussão". Na ocasião, o professor debaterá sobre as Monografias do IARC, uma série de documentos técnicos que sintetizam o "estado da arte" em relação a fatores de risco de câncer, com base em um conjunto de evidências clínicas, laboratoriais, toxicológicas e epidemiológicas, como instrumento de apoio cientifico e subsídio aos organismos gestores e técnicos da saúde sobre os cuidados para proteção do homem e do ambiente. A atividade está marcada para o dia 26 de março, às 9 horas, no salão internacional da ENSP, e será apresentada em espanhol.
Terracini participou como especialista estrangeiro da Audiência sobre o Amianto, no Supremo Tribunal Federal Brasileiro, em 2012, no qual apoiou o banimento como medida necessária para a proteção da população, e acompanha profissionalmente este e diversos temas ambientais na América Latina e Itália.
Também irá participar da banca de doutorado do pesquisador da ENSP Francisco Pedra sobre Mesotelioma (câncer asbesto-relacionado) no Brasil, orientado pelos professores Hermano Castro e Ines E. Mattos na segunda-feira (24/3). No dia 25/3 terá reunião com os pesquisadores da ENSP/Fiocruz e Inca para discutir os registros de câncer. No dia 28, já em São Paulo, Terracini dará palestra sobre as doenças relacionadas ao Amianto, em Seminário organizado pela Fundacentro, do Ministério do Trabalho e Emprego.
Experiência pode ajudar o país
Na opinião do pesquisador do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh) da ENSP, Francisco Pedra, a visita do epidemiologista italiano será importante para o país, uma vez que sua experiência com epidemiologia e registros de câncer pode ajudar o Brasil a se estruturar em relação ao diagnóstico de doenças como o mesotelioma, por exemplo.
“O Brasil é um dos maiores produtores, consumidores e exportadores de amianto. Apesar de termos legislações que restringem o seu uso, ainda há uma posição dividida do governo. Por outro lado, as mais altas autoridades técnicas em saúde do mundo – OMS, IARC, OIT, Consenso das Sociedades de Epidemiologia, IPCS - reconheceram que se trata de um produto cancerígeno e que não há dose segura para exposição ao material. Notamos que há uma subnotificação das doenças causadas pelo amianto. Temos problemas na captação dos casos pela rede de saúde, pois o diagnóstico é complexo e as doenças têm um longo período de latência (podem levar até 45 anos para se manifestarem)”, analisou o pesquisador.
Ainda de acordo com Pedra, a contradição entre a larga presença do amianto e a pouca representatividade da doença nas estatísticas, apesar de sua gravidade – o mesotelioma tem uma sobrevida média menor que um ano - reforça a necessidade das ações de vigilância para tratar a realidade do país. “O Terracini tem experiência sobre o registro dos casos na Itália. Eles avançaram no controle do problema e estão se estruturando para isso. Essa é a nossa meta no Brasil. Trabalhar nas evidências e conhecimento sobre o assunto”, esclareceu.
A Conferência
Sobre a conferência, o pesquisador do Cesteh/ENSP afirmou que a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer reúne especialistas de todo o mundo, que compilam informações sobre os fatores ambientais que podem aumentar o risco de câncer, incluindo produtos químicos, misturas complexas, exposições ocupacionais, agentes físicos, agentes biológicos e fatores de estilo de vida e as condensam em estudos que são as Monografias. As agências nacionais de saúde podem usar essas informações como apoio científico para evitar a exposição a potenciais agentes cancerígenos. “O IARC é uma referência mundial e tem agido no sentido de proteger as população sobre as substancias químicas. O debate vai avançar por esse campo”, disse o pesquisador.
Resumo curricular do epidemiologista Benedetto Terracinni
Benedetto Terracini é professor aposentado da Universidade de Turim , Itália, vinculado ao Centro per la Prevenzione Oncologica, Dipartimento di Scienze Biomediche e Oncologia Umana, Università di Torino. Tem 83 anos, e quase 200 artigos publicados acessáveis via Pubmed. É uma referencia internacional em carcinogêse química, epidemiologia do cancer, em amianto, bioestatística, ética e patologia humana.
Foi membro de inúmeros Comitês Científicos como o Advisory Subcommittee for Toxicology of the European Medical Research Councils; Scientific Council of IARC ; Executive Committee of the European Association for Cancer Research. FIS-WHO/Euro Scientific Committee for the Toxic Oil Syndrome in Spain; EU Scientific Committee on Toxicity, Ecotoxicity and The Environment (CSTEE). Foi membro do Oncological Committee of the Region Piemonte, in Italy, e criador do Childhood Cancer Registryof Piemonte. Editor Científico da Revista Epidemiologia e Prevenzione”, e membro do editorial board of the International Journal of Occupational and Environmental Health.
Participou como Especialista Estrangeiro na Audiência sobre o Amianto no Supremo Tribunal Federal Brasileiro em 2012, e acompanha profissionalmente este e diversos temas ambientais na América Latina e Itália.
Foto Terracini: Gazzetta di Mantova
Serviço:
Conferência: Será que as monografias publicadas pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC/OMS) superestimam os 'falsos positivos'? Subsídios históricos e discussão
Conferencista: Benedetto Tarracini (Universidade de Turin)
Data e horário: 26 de março às 9h
A conferência será apresentada em espanhol.
Local: Salão Internacional da Ensp (4º andar), campus Manguinhos - Rua Leopoldo Bulhões, 1480 - Manguinhos, Rio de Janeiro
Foto Terracini: Gazzetta di Mantova
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