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Documentário mostra trajetória de pesquisador da ENSP

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Publicado em:14/03/2014

*Por Haendel Gomes

Produzido e dirigido pela pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) Stella Oswaldo Cruz Penido, o filme de 25 minutos de duração narra a trajetória do médico, pesquisador e professor emérito da Fiocruz Luiz Fernando da Rocha Ferreira da Silva, que ocupou a presidência da Fundação em 1990. A obra reúne imagens históricas do acervo do Departamento de Arquivo e Documentação (COC) como a construção do Pavilhão Mourisco, do pesquisador em seu ambiente de trabalho, na Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP), revelações sobre a vida pessoal e de sua carreira, além de contar com depoimentos. O filme será lançado no próximo dia 26 de março, às 10h, no auditório do Museu da Vida, na Fundação.

Documentário mostra trajetória de pesquisador da ENSP

O documentário mostra edificações como o Pavilhão do Relógio (Pavilhão da Peste), erguido em Manguinhos no início do século 20, a vida simples do professor, que usa o metrô e o ônibus para chegar à Ensp. Revela ainda o homem dedicado à ciência e à paleoparasitologia, ciência que criou e que estuda a presença de parasitos em animais extintos e múmias pré-colombianas. Em 2012, Luiz Fernando Ferreira ganhou o Prêmio Jabuti na categoria Ciências Naturais com o livro Fundamentos da paleoparasitologia, organizado em parceria com o também pesquisador da Ensp Adauto José Araújo e Karl Jan Reinhard, da Universidade de Nebraska. Este livro foi lançado pela Editora Fiocruz em comemoração aos 111 anos da Fundação. “É compatível”, disse em uma passagem do documentário, ao referir-se à ciência e à religião. “É muito confortável também você pensar que depois de morto vai para o céu, do que pensar que tudo acaba. A ciência responde como, e a fé, a religião, explica o porquê!”

O pesquisador desenvolve suas atividades no Departamento de Ciências Biológicas (ENSP/Fiocruz), criado por ele na década de 1960. É importante incentivador da formação de recursos humanos para a saúde nos diferentes níveis escolares, aparecendo também como referência mundial nas pesquisas paleoparasitológicas. Luiz Fernando é o principal responsável pelo aperfeiçoamento de grupos de pesquisadores nacionais e estrangeiros nesta área. No documentário, ao falar sobre os cientistas que o inspiraram a seguir carreira na ciência, cita Adolpho Lutz, que desenvolveu importantes trabalhos como médico e pesquisador no campo da zoologia no Brasil.

“O meu ídolo é essa gente de Manguinhos, especialmente o dr. Adolpho Lutz. As histórias do dr. Lutz, eu repetia, contava; foi uma coisa que me marcou. Eu tenho uma admiração até hoje pelo dr. Lutz. Agora o mestre que me ensinou foi José Rodrigues da Silva, catedrático na época em doenças tropicais. Doença tropical mexia com laboratório, mexia com clínica também”, explicou.

O amor à ciência é manifestado, em tom de brincadeira no documentário, referindo-se a si mesmo e ao amigo, o pesquisador Adauto José Araújo, ao falar do personagem criado por Miguel de Cervantes, o Dom Quixote de La Mancha: “Antes de ir para a guerra, o Quixote passou na taberna. Chegou lá, encontrou um jovem – evidentemente, Adauto! – e perguntou: você se chama Sancho? Não, eu me chamo Quixote! Puxa, estranhou. Eu vou à guerra e preciso de um escudeiro, você me acompanha? Sim, disse o outro. Quando ficaram velhos e já não podiam mais ir à guerra, contavam histórias e se embriagavam. Um dia, Quixote disse: Eu não me lembro mais quantas guerras ganhamos, quantas perdemos. Nem me lembro mais se as nossas guerras eram justas ou injustas. Agora, lembro muito bem quanto nós nos divertíamos nas nossas guerras!”. Esse, definiu Luiz Fernando, “é o resumo da história da ciência para mim”.

Luiz Fernando Ferreira nasceu no Rio de Janeiro em 23 de setembro de 1936. Formou-se em medicina pela Faculdade Nacional da Universidade do Brasil, onde concluiu, em 1962, o doutorado. Em 1966, ingressou como professor-titular da disciplina de parasitologia na recém-criada Fundação Escola de Saúde Pública. Em 1978, criou a paleoparasitologia motivado pelo questionamento em torno da autoctonicidade da esquistossomose mansônica no Brasil. Isso foi possível graças à investigação do parasito em fezes humanas preservadas (coprólitos) originadas de diversos sítios arqueológicos brasileiros.

Produzido em 2013, o documentário Fé eterna na ciência, uma frase cunhada por Oswaldo Cruz, é uma realização da COC. Para a produtora e diretora, Luiz Fernando Ferreira tem uma “relação lúdica com a ciência” Criou um campo do conhecimento, e tem muito reconhecimento no campo científico”, disse Stella Penido. A pesquisadora destaca ainda a erudição do professor emérito: “É um tipo de formação que não existe mais”.

Haendel Gomes é Jornalista da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).


Fonte: Agência Fiocruz de Notícias

Documentário mostra trajetória de pesquisador da ENSP

2 comentários
ELIZABETH ARTMANN
17/03/2014 12:19
Também tenho muita admiração pelo Luiz Fernando e lembro dele com muito carinho contando histórias de episódios relacionados à pesquisa, à trajetória da Fiocruz e seus personagens e com muito humor! Ano passado compartilhei com muito orgulho a notícia sobre o recebimento do Prêmio Jabuti. Outro dia ainda comentava com colegas do DAPS como é bom estarmos em uma instituição com tão rico e belo capital intelectual (como dizia o velho Matus) e que bom podermos preservar isso, manter um lugar para nossos colegas e continuarmos a colher os frutos de suas pesquisas e experiência ao mesmo tempo que acolhemos novos pesquisadores. Parabéns à Casa Oswaldo Cruz pela iniciativa! Elizabeth Artmann
ELVIRA MARIA GODINHO DE S. MACIEL
17/03/2014 10:46
Admiro imensamente iniciativas como esta, e tenho grande admiração pelo Dr. Luiz Fernando. Espero por outros documentários sobre a Fundação, suas unidades e pessoas que trazem a ela o reconhecimento ao qual faz jus. Infelizmente estarei dando aula neste dia e horário e gostaria de saber como poderei assistir ao documentário em outro momento.