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Novos desafios para a ENSP em 2014

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Publicado em:10/01/2014

O ano de 2014 traz grandes novidades para a ENSP. Entre elas estão a ampliação dos debates sobre os problemas enfrentados pelo SUS, seja no campo do financiamento, na infraestrutura dos serviços, ou na qualificação dos profissionais; a implementação do programa ENSP Saudável; o fortalecimento da atuação da Escola em redes nacionais e internacionais; a consolidação da Vice-Direção de Serviços; e a retomada do debate do ensino em Saúde Coletiva, com vistas a deixar de lado a separação entre lato e stricto sensu.

Essas e outras questões igualmente importantes para a ENSP e seu projeto frente ao Sistema Único de Saúde, à Fiocruz e a população brasileira são apresentadas pelo diretor Hermano Castro na primeira entrevista de 2014 do Informe ENSP. Confira.

Informe ENSP: 2013 foi um ano de profundas mudanças na ENSP. Um estilo de gestão, que estava à frente da Escola há nove anos saiu para um novo modelo que completou, em dezembro, sete meses. O que podemos destacar neste período?

Novos desafios para a ENSP em 2014Hermano Castro: Em primeiro lugar é necessário ressaltar o nosso modelo de escolha de dirigentes institucionais, baseado no debate e no voto. É importante destacar o nosso processo interno porque permite que a comunidade se expresse e defina os rumos da instituição. O nosso desafio é atender às expectativas da comunidade ENSP e da sociedade, diante dos enormes problemas vividos na Saúde Pública brasileira e no SUS. O ponto culminante foi a Semana Sérgio Arouca, realizada na semana do aniversário da Escola, comemorado em setembro, momento de reflexões e discussões sobre os desafios do SUS, com participação e mobilização de professores e alunos.

As mudanças na gestão promovidas nos primeiros meses buscaram atender aos anseios da Escola no campo do ensino, pesquisa, cooperação e serviço, mas sempre com a garantia de continuidade dos processos internos, sem rupturas. O destaque central está no fortalecimento dos nossos espaços democráticos, com prioridade no debate coletivo e nas nossas principais instâncias construídas, como o Conselho Deliberativo da ENSP e, principalmente, na transparência necessária para uma gestão democrática. Esta transparência se dá na garantia de que a informação de todos os processos da nossa Escola seja disponibilizada, na íntegra e no detalhe, e debatida nos espaços construídos. Nosso primeiro relatório, de 100 dias de gestão, foi o pontapé inicial para uma série de relatórios que virão. Encontra-se também em andamento a construção do relatório de gestão anual, com a participação de todos os setores e departamentos.

Informe ENSP: A Escola conta com quatro programas stricto sensu, com alto grau de excelência. Que estratégias podem ser adotadas para continuar fazendo da ENSP uma referência entre as instituições acadêmicas do país?

Hermano Castro: Primeiro, é preciso parabenizar todos os trabalhadores dessa Escola, principalmente professores e alunos dos quatro programas pela excelente avaliação que tivemos.

Falar de excelência remete à discussão de padrões. Precisamos aprofundar o debate sobre o que definimos como padrão de excelência na área da saúde coletiva e onde queremos chegar. Este debate não é da ENSP. É um debate da área e que precisa ser feito em diálogo com as demais instituições do campo, com a Abrasco e a Capes. Se não avançarmos nessa discussão, podemos trabalhar pesadamente na Escola e não alcançar os resultados junto à avaliação externa no próximo triênio.

Nesse sentido, o diálogo com a Capes é imprescindível. É preciso aperfeiçoar os mecanismos de avaliação de modo a considerar a diversidade do campo e de sua produção. A saúde coletiva é uma área que tem como missão trabalhar de forma interdisciplinar e com foco na intervenção e nas práticas em saúde. Portanto é preciso reconhecer e valorizar a produção que se apresenta na interface com outras áreas, bem como a produção que é voltada para a intervenção ou mesmo para o ensino propriamente dito. Estabelecer este debate em parceria com a Abrasco é fundamental.

Outro aspecto igualmente importante é garantir condições de trabalho e estimular nossos docentes e discentes para o debate e para a constante construção de um ensino comprometido com a missão da saúde coletiva e com a qualidade de nossa produção. Revisitar nossos projetos político-pedagógicos e os objetivos de cada Programa no contexto da Escola é uma estratégia importante para reconhecer fragilidades, estabelecer novos objetivos e readequar os caminhos a serem tomados, explicitando para a comunidade acadêmica o que se quer alcançar. Tudo isso pode implicar a revisão de áreas, de grades curriculares, de novas estratégias para apoiar nossos docentes e discentes no desenvolvimento dos seus estudos.

Por fim, cabe ressaltar a importância de se constituir uma política de ensino respaldada no debate institucional e participativo. Fortalecer as instâncias colegiadas e promover de forma transparente as diretrizes para o desenvolvimento do ensino é uma estratégia importante para garantir a coerência e sustentação do projeto político da ENSP.

Informe ENSP: Assim como o stricto sensu, o ensino lato sensu tem fundamental importância para a ENSP. Quais medidas podem ser adotadas visando uma maior articulação entre os cursos de ambos os ensinos?

Hermano Castro: Precisamos retomar o debate do ensino em saúde coletiva e não mais reforçar essa separação entre lato e stricto sensu. A Abrasco surgiu na década de 1970 como uma Associação de Pós-graduação em Saúde Coletiva. Naquela época, toda a pós-graduação era discutida, os encontros de ensino tratavam das residências, das especializações e dos mestrados/doutorados, esses últimos ainda iniciando uma trajetória. É fato que tivemos uma mudança importante no campo e que o stricto sensu cresceu enormemente desde então. Outras modalidades de curso também surgiram, como os mestrados profissionais e a graduação em saúde coletiva, assim como os cursos a distância. Ou seja, estamos muito mais complexos com um conjunto ainda maior de questões a serem tratadas, que não podem e não devem ser vistas de forma desarticulada. Não considerar a trajetória de formação de nossos alunos nos diferentes cursos é um erro estratégico. Não trabalhar de forma articulada é repetir esforços e não avançar em discussões que poderiam fortalecer nosso campo.

Para enfrentar esse cenário de desarticulação é preciso, primeiramente, enfrentar o debate. Precisamos reconhecer que abandonamos o debate de ensino em saúde coletiva para tratar de processos formativos de forma isolada, seja no stricto, seja no lato, com suas variações, pois há desarticulação também no interior de cada um deles. Por exemplo, não discutimos o mestrado profissional no contexto do stricto sensu. Não discutimos a educação a distância no contexto do lato sensu. Enfrentar o debate significa reconhecer as experiências e seus objetivos e traçar estratégias para o trabalho conjunto/articulado.

Tanto para enfrentar a primeira, como a segunda questão, precisamos ter em mente a agenda de encontros e grupos de trabalho que iniciaremos agora em 2014, conforme documento extraído do Encontro de Ensino do dia 10 de dezembro de 2013 e que se encontra em consulta pública para o debate.

Ainda no campo do ensino, e principalmente na área de formação e qualificação profissional para o SUS, temos avançado em duas frentes fundamentais. A primeira diz respeito ao esforço em se fazer um mapeamento de nossas competências estabelecidas para a formação de quadros estratégicos para o SUS, visando cada vez mais poder qualificar e priorizar as demandas cotidianamente recebidas, em particular pelo Ministério da Saúde, para cursos e programas de formação. Essa iniciativa tem sido bastante discutida no Colegiado de Escola de Governo e tem recebido a adesão de um grande contingente de professores dos diferentes departamentos, núcleos e centros da ENSP. Esperamos poder apresentar ao coletivo de nossa Escola, ainda no primeiro semestre de 2014, as bases para a consolidação de um Programa Institucional de Formação em Saúde Pública, retomando o protagonismo da ENSP na formulação e na indução de áreas estratégicas de formação e qualificação profissional em saúde.

A segunda frente diz respeito à busca pela consolidação de critérios e padrões de qualidade na oferta de nossos cursos e programas de formação. Nesse sentido, a Escola de Governo, em parceria com a Rede de Escolas e Centros Formadores em Saúde Pública e a Abrasco, está desenvolvendo um amplo e estratégico projeto de acreditação pedagógica de cursos, consolidando uma série de esforços empreendidos ao longo dos últimos 15 anos no sentido da busca por padrões de qualidade na oferta de cursos de Saúde Pública nas diversas regiões do país. Esse esforço, capitaneado na Vice-Direção de Escola de Governo em Saúde, pela equipe da Secretaria Executiva da Rede de Escolas, e que conta ainda com o apoio de parceiros da Universidade de Rennes, na França (uma referência na área), deverá ser o pontapé inicial para a discussão e a implementação de uma política institucional de qualidade para o ensino na ENSP.

Informe ENSP: Uma das inovações da Escola em 2013 foi a consolidação de três fóruns de articulação: Movimentos Sociais; Saúde e Ambiente; e Informação, Comunicação e Tecnologias da Informação. Como você vê a importância deles e o fortalecimento das ações críticas da ENSP perante o Estado e a sociedade a respeito desses temas?

Hermano Castro: A iniciativa da constituição de fóruns de discussão na Escola tem por objetivo construir espaços de diálogo, discussão e definição de políticas em cada tema específico. Neste contexto se colocam os três fóruns constituídos até o momento. Em 2014, a Direção trabalhará no sentido de fortalecer cada um deles, garantindo a infraestrutura necessária para o seu funcionamento. Ao longo destes últimos seis meses vimos a importância de cada um dos fóruns, quando foram colocados desafios com respostas rápidas no campos das políticas públicas. Exemplo disto foi o papel do Fórum dos Movimentos Sociais nas manifestações de junho. Outra atividade foi do Fórum de Saúde e Ambiente na elaboração do questionário de levantamento das nossas expertises e dos grupos de pesquisa neste campo. Já o Fórum de Informação, Comunicação e Tecnologias da Informação vem realizando um trabalho interno de mapeamento de toda as áreas onde existam atividades de TI para a construção de matrizes de responsabilidades dos setores que trabalham com comunicação e informação.

Tenho certeza de que o investimento nos Fóruns trará bons retornos para a nossa instituição, principalmente na definição de políticas de cada uma destas áreas e na inter-relação entre os pesquisadores dos diferentes departamentos e setores que possuem como objeto temas relacionados aos Fóruns.

Informe ENSP: A prisão do pesquisador Paulo Bruno, em outubro de 2013, foi um fato chocante para a Escola, mobilizando a comunidade ENSP e Fiocruz como um todo. Que balanço podemos fazer da atuação da Escola contra essa arbitrariedade imposta pelo Estado?

Hermano Castro: O Brasil viveu, após junho de 2013, um processo de intensa mobilização onde as grandes questões como educação e saúde tornaram-se a pauta central das reivindicações populares. A ENSP tem uma longa tradição de luta pela democracia e de fortalecimento dos movimentos sociais, como forma de inclusão da sociedade nas políticas públicas. Desta forma, não poderia ser diferente a sua atuação diante de um momento decisivo da nossa história recente. O Fórum dos Movimentos Sociais teve um papel preponderante neste processo. Paulo Bruno é um membro atuante deste fórum e sempre esteve nas mobilizações populares como cidadão e como pesquisador da saúde. Durante sua prisão, toda comunidade acadêmica foi em sua defesa atuando diretamente para sua libertação e assumindo uma postura combativa pelos direitos de expressão. O apoio jurídico institucional foi fundamental para que o nosso professor fosse posto em liberdade.

A ENSP externa todo agradecimento aos advogados da Asfoc-SN que não só buscaram a liberdade de Paulo Bruno, tanto como dos outros 19 presos detidos injustamente durante a manifestação dos professores.

Informe ENSP: A Escola está investindo na cessão de um software para combater o plágio tanto nas defesas de mestrado e doutorado, quanto nos artigos a serem publicados. De onde partiu essa iniciativa? Isso pode aumentar a excelência dos trabalhos produzidos pela instituição?

Hermano Castro: A ENSP está pagando pela cessão de uso por três anos deste software, com direito a 1.500 usuários, de modo a permitir que tanto nossos professores quanto as bancas tenham acesso ao programa.

Este contrato, em vigor há pelo menos quatro meses, foi negociado pela gestão anterior e a contratação e adequação mediante a incorporação de bases de dados com trabalhos em português (como o Lilacs e o banco de teses da Capes, por exemplo), foram disponibilizadas desde novembro e já estão em uso, mediante senha que deve ser solicitada à Vice-Direção de Pesquisa (maricato@ensp.fiocruz.br), tal como amplamente divulgado na Escola.

Como dito, esta iniciativa, da pesquisadora Margareth Portela (vice-diretora de Pesquisa anterior), deve-se a necessidade manifestada por diversos colegas e pela acumulação de problemas com o uso indevido, cada vez mais frequente, de textos de trabalhos e projetos sem citação de autoria.

Este tipo de iniciativa não visa aumentar a excelência, que decorre naturalmente das competências acumuladas na instituição, mas com certeza visa assegurar que más práticas adotadas por alguns não prejudiquem a tradição desta Escola. Outra função importante é assegurar a qualidade do material publicado e das dissertações, teses e monografias defendidas nesta Escola.

Informe ENSP: A iniciativa Território Escola Manguinhos (Teias) continuará sendo uma estratégia primordial da ENSP junto à região de Manguinhos?

Hermano Castro: A ENSP sempre entendeu o Território como um campo de práticas e saberes em Saúde, onde a população é o sujeito das transformações sociais loco regionais

Em 2014, encerra-se o primeiro período de cinco anos do contrato de gestão entre a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-RJ) e a ENSP através da Fiotec e a etapa seguinte, de outros cinco anos, implica em nova recontratualização.

Esse processo visa garantir, dentro deste modelo, não só a continuidade da prestação de serviços de saúde à população de Manguinhos, no âmbito da atenção primária, como também fortalecer as potencialidades no campo da formação de recursos humanos, investigação e pesquisa, monitoramento/avaliação e a vigilância em saúde.

Será também uma oportunidade de conciliar o compromisso com a formação de recursos humanos para o SUS – que sempre pautou as atividades do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP) –, com a gestão do projeto que teve inicio em meados de 2013. O ideal é que haja consonância deste programa de ensino com o Projeto Político Pedagógico a ser definido pela ENSP.

Os principais desafios para 2014 dizem respeito à necessária conformação de, pelo menos, uma nova equipe de saúde da família para atender a demanda dos moradores da Vila Arará. Por causa da lógica de organização municipal, esta área estava vinculada a AP 1.0 e isto cria dificuldades para o atendimento das famílias. Há algum tempo esse pleito vem sendo feito e acreditamos que é uma medida justa que deve ser providenciada.

A renovação dos membros do Conselho Gestor Intersetorial é outro ponto importante. A potência e importância deste instrumento de gestão participativa e controle social são indiscutíveis e devemos procurar incentivar e favorecer o processo de renovação, fortalecendo o próprio CGI. Implementar etapas de monitoramento e desenhar um modelo de avaliação do projeto é tarefa inadiável e que, para além do cumprimento das metas dos indicadores eleitos pela Secretaria Municipal de Saúde, podem contribuir para o seu aprimoramento.

Informe ENSP: Como está o processo de modernização do parque laboratorial da ENSP e da construção do novo prédio de laboratórios para a Escola?

Hermano Castro: Iniciamos revendo o layout referente à disposição e distribuição dos laboratórios que irão ocupar o novo prédio de Laboratórios da ENSP. A partir desse estudo, propomos alterações que objetivassem uma melhor organização e maior integração entre os laboratórios com atividades de pesquisa similares. Essas alterações viabilizaram, ainda que não o ideal, mas certamente uma estrutura mais moderna onde laboratórios com atividades próximas poderão interagir e compartilhar insumos e equipamentos e, sobretudo, preparar os laboratórios para desempenharem com maior articulação, suas diferentes competências, sejam no ensino, na pesquisa e na referencia para o SUS.

O estagio atual do polo de Laboratório da ENSP encontra-se com a primeira fase do projeto executivo concluído, onde todos os laboratórios já discutiram o seu respectivo layout. Com as alterações, aumentamos em mais de dois mil metros quadrados a área interna do prédio, o que possibilitou ampliar o número de escritórios dos pesquisadores, a criação de um biobanco, além de observarmos todos os aspectos que envolvem as boas praticas de laboratório e biosseguranca. A próxima etapa está prevista para o final de janeiro e esperamos concluir até o mês de agosto. Sendo assim, estaremos licitando a obra do prédio no início de 2015.

Paralelamente, iniciamos junto com o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Presidência da Fundação, a recuperação do prédio do Ineru (Instituto de Endemias Rurais), situado em Jacarepaguá, onde a ENSP tem um laboratório de Vetores que há mais de 20 anos atua desenvolvendo pesquisas, principalmente no Parque Estadual da Pedra Branca e na região oeste do Rio de Janeiro.

A Direção da ENSP também está atuando no sentido de apoiar mais efetivamente o Laboratório de Referencia Nacional em Tuberculose do Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF), na busca de melhores condições de trabalho e no fortalecimento do ensino e da pesquisa.

Outra atividade que a Direção vem desenvolvendo, em relação aos laboratórios, é sua atuação junto com a Coordenação do campus Fiocruz Mata Atlântica, onde demos inicio ao estudo junto com IOC, no sentido de construirmos um laboratório de Vetores e Zoonose naquele setor da Fiocruz, onde as atividades de pesquisa serão prioritariamente voltadas para esse território.

Informe ENSP: Uma nova Vice-Direção será implantada em 2014, como se dará esta implantação?

Hermano Castro: A constituição/estruturação da Vice-Direção de Serviços Ambulatoriais e Laboratoriais da ENSP é uma demanda da comunidade da Escola há alguns anos. Esta nova estrutura organizacional será fundamental para consolidar, integrar, e dinamizar as atividades desenvolvidas no âmbito dos laboratórios e ambulatórios da instituição. Também potencializará a nossa atuação no desenvolvimento de ações de promoção da saúde e atividades que apoiam a vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental.

O modelo de desenvolvimento econômico do nosso país, cada vez mais nos demanda ações no campo da relação saúde e ambiente, como na questão dos grandes empreendimentos.

A recente visita do secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), Jarbas Barbosa, à ENSP, reafirmou a importância estratégica das nossas atividades, especialmente na geração de evidências e a integração entre os serviços de saúde. Na questão da assistência temos que consolidar a nossa proposta para atuação de forma integrada, na rede de referência e contra referência, interna e externa, em consonância com os programas da Fiocruz, e às necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS).

Atualmente, a Escola conta com 23 laboratórios/setores laboratoriais, estruturados em sete departamentos. ‘Os trabalhos desenvolvidos nesses laboratórios estão vinculados a 18 grupos de pesquisas do CNPq e atuam nas áreas de ensino, apoio diagnóstico, consultorias e assessorias, capacitação e treinamento técnico, sejam para outros departamentos da Escola, unidades da Fiocruz ou instituições de ensino e pesquisas espalhadas pelo país, além de realizarem cooperação técnico-científica nacional e internacional’ (Relatório da Coordenação de Serviços Ambulatoriais e Laboratoriais da ENSP em 9/10/2012).

A recente publicação da Carta de Serviços ao Cidadão Fiocruz, exemplifica a complexidade, a qualidade e a importância das atividades desenvolvidas nos serviços da Escola. A construção do Prédio de Laboratórios da ENSP é mais um grande desafio que temos pela frente. A empresa que realizará a elaboração do projeto executivo já foi contratada e o levantamento das características de cada laboratório/grupos de pesquisa, que ocuparão o novo prédio, já foi realizado.

Com a incorporação, em 2008, do Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF), passamos a ter três grandes ambulatórios que atuam de forma estratégica para o SUS, realizando, além da assistência, o ensino e a pesquisa. Os ambulatórios do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh) e do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF) foram os primeiros, nas suas respectivas especialidades e no âmbito do serviço público, a serem acreditados pela Joint Commission International. Atualmente, vivemos o processo da recertificação internacional destes centros. O CRPHF inicia agora o caminho na busca por esta certificação, complementando de forma integrada a atuação dos Serviços na Escola.

Algumas iniciativas por parte dos departamentos, da Direção e do Conselho Deliberativo da ENSP foram implementadas, como a coordenação de serviços e a instituição de comissões para elaborar propostas para atualização do regimento interno. Este processo produziu uma série de documentos e gerou acúmulo de ações e experiências que validam a constituição da Vice-Direção de Serviços. Com a publicação da portaria GD-ENSP 081/2013, rearticulando e ampliando o escopo de atuação da Coordenação de Serviços Ambulatoriais e Laboratoriais, iniciamos uma nova etapa na gestão das atividades dos ambulatórios e laboratórios da ENSP. O processo de atualização do regimento interno da Escola é a oportunidade para a definição, de forma coletiva, da estrutura organizacional e a forma de governança da nova Vice-Direção.

A sinergia destas ações, organizada na estrutura da Vice-Direção de Serviços, também fortalecerá e consolidará as atividades desenvolvidas nos serviços como um espaço estratégico para o desenvolvimento de pesquisas, atividades de ensino, formação profissional e de novas tecnologias.

Informe ENSP: Que outros planos estão previstos para a ENSP em 2014?

Hermano Castro: Teremos muito trabalho pela frente. O principal deles é o desafio do SUS, hoje com grandes problemas a serem enfrentados, seja no campo do financiamento, na infraestrutura dos serviços, ou na qualificação, formação e distribuição igualitária dos profissionais de saúde em todo território nacional. Garantir a equidade ao acesso é função primordial do Estado e a Escola tem um papel importante neste cenário, principalmente na contribuição no campo da gestão e do planejamento. Ainda em janeiro de 2014, será constituída uma comissão especial para conduzir o debate sobre o SUS em um ano eleitoral de definições do destino da nação onde a Saúde será um tema central.

Além disso, será o ano do VII Congresso Interno da Fiocruz, momento em que a Fundação realiza um balanço sobre as nossas ações estratégicas e aponta as diretrizes políticas para os próximos quatro anos. Será um período de debate intenso sobre o nosso regimento interno e o a construção de um planejamento estratégico institucional.

Uma iniciativa importante é a implementação do programa ENSP Saudável. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca a importância de incentivar a participação dos trabalhadores em atividades saudáveis. Tais objetivos caracterizam o conceito de ‘Promoção da Saúde nos Locais de Trabalho’. Na Fiocruz, o Programa Fiocruz Saudável surgiu na década de 1990 e tem objetivo estratégico de “promover a Fiocruz à condição de instituição saudável e ambientalmente sustentável, por meio de ações integradas de saúde do trabalhador, biossegurança e gestão ambiental”, conforme estabelecido no Plano Quadrienal (2011/2014).

A proposta do Programa ENSP Saudável é o de disseminar o conceito de saúde e ambiente incorporando-o nas práticas cotidianas, nos ambientes e processos de trabalho da Escola, estabelecendo um projeto interno de adequação ambiental mediante a operacionalização da área de gestão ambiental, adequação do espaço físico biossegurança e vigilância em saúde do trabalhador.

Os referenciais para a estruturação do ENSP Saudável são os do campo da saúde do trabalhador e da saúde ambiental, incorporando a expertise e as práticas dos departamentos e centros da Escola. A proposta é integrar com as ações do macro projeto Fiocruz Saudável. Na audiência pública do Programa Fiocruz Saudável, realizada em dezembro de 2013, a proposta da ENSP foi destacada como uma iniciativa importante para a internalização e potencialização das ações do programa da Fiocruz nas suas unidades.

A integração com as ações do Fiocruz Saudável será articulada com características específicas da nossa unidade através de uma proposta construída coletivamente. Algumas propostas já foram elaboradas, por especialistas, para serem implementadas em 2014. Dentro da perspectiva de dar início a uma vasta ação em Saúde do Trabalhador, será implantado na Escola um Programa de Ergonomia. Com este programa, pretende-se ir além de intervenções ergonômicas pontuais nas situações de trabalho, uma vez que está prevista uma etapa de formação e capacitação dos trabalhadores da unidade nas bases conceituais da Ergonomia da Atividade. Todo o trabalho será desenvolvido de forma a promover intensa participação dos coletivos de trabalho implicados no processo, estimulando e sistematizando uma prática contínua de identificação de situações onde haja risco para a saúde em função da ausência de Ergonomia.

Outra ação estratégica para 2014 é o fortalecimento da atuação da ENSP no âmbito de redes nacionais e internacionais, em particular sua atuação como Secretaria Executiva da Rede de Escolas e Centros Formadores em Saúde Pública, nacional e da Rede de Escolas de Saúde Pública da UNASUL-Saúde (RESP), na América do Sul. É nosso objetivo ter um papel cada vez mais indutor de ações e projetos que unam Escolas de Saúde Pública do país e da América do Sul em torno da formação qualificada de quadros estratégicos em saúde pública e do desenvolvimento de sistemas e serviços de saúde.

O projeto de acreditação pedagógica que mencionei anteriormente é uma das ações prioritárias que temos que desenvolver no âmbito de nossa Rede nacional. No âmbito regional, pudemos discutir formas para aproximar cada vez mais as Escolas Sul-americanas durante o Fórum Global de Recursos Humanos em Saúde da OMS, recentemente realizado no Recife (PE). No evento, foram levantadas propostas como a criação e o aprimoramento de canais de comunicação, o apoio à criação e consolidação de Escolas de Governo em Saúde na região e o conhecimento aprofundado das competências regionais de formação e qualificação profissional em Saúde Pública.

Ainda no campo da cooperação internacional, buscaremos a consolidação de parcerias com instituições do campo da Saúde Pública, através da formalização de termos de cooperação em ensino, pesquisa, desenvolvimento tecnológico e oferta de serviços de referência.

Tivemos um segundo semestre de 2013 intenso nesta área, com a visita de autoridades de diversos países e o início da discussão dos marcos gerais para acordos com instituições da Europa, Estados Unidos, África e América Latina. Daremos prioridade a acordos que possibilitem contrapartidas institucionais, como a possibilidade de estágios internacionais para nossos alunos e professores, organização conjunta de eventos e cursos, transferência tecnológica para a ENSP e apoio à organização de nossos serviços de referência.


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2 comentários
SUELY ROZENFELD
21/01/2014 13:12
Congratulações e apoio, Hermano. Nota-se- que a "gramática do poder" mudou. Frases suas como "Fortalecer as instâncias colegiadas e promover de forma transparente as diretrizes para o desenvolvimento do ensino é uma estratégia importante para garantir a coerência e sustentação do projeto político da ENSP." não é apenas retórica. O relatório dos 100 dias, a visita sua e da sua equipe aos departamentos, os foruns, a plenária sobre docencia, testemunham a mudança. Os aspectos maliciosos da campanha contra sua candidatura me parecem superados!!!!
EDUARDO S. PONCE MARANHÃO
10/01/2014 16:16
Parabéns, Hermano ! Excelente entrevista : objetiva,consequente, responsável ! Demonstra o conhecimento e bom diagnóstico sobe essa nossa escola [Ensp] ! Enfrentando esses desafios [que não são novos] estaremos caminhando para um futuro melhor e um sucesso papável e dentro da realidade para a nossa verdadeira e querida Ensp !!! Eduardo S. Ponce Maranhão- Dpto de epidemiologia e métodos quantitativos -Ensp-Fiocruz