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Encontro busca repensar o ensino na ENSP

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Publicado em:29/11/2013

A pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde da ENSP Tatiana Wargas assumiu, em maio de 2013, um novo desafio: a Vice-Diretoria de Pós-Graduação da Escola. Passados sete meses de experiências e novidades, ela conversa com o Informe ENSP sobre os rumos e perspectivas que a Escola está buscando para o ensino na instituição, seja no lato sensu, no stricto sensu ou na Educação a Distância, a partir da realização, no dia 10 de dezembro, das 9h às 17 horas, no auditório térreo, do Encontro sobre Ensino da ENSP.

"Nós temos uma trajetória de valorização do ensino na ENSP, e esse é um momento de reinaugurá-lo em um outro contexto, em uma outra gestão", explicou Tatiana Wargas, destacando a relevância do evento. Ela falou ainda sobre o processo seletivo 2014 dos alunos para os três programas stricto sensu da ENSP (Saúde Pública; Saúde Pública e Meio Ambiente; Epidemiologia em Saúde Pública - o Programa de Bioética não participou da seleção nesse momento) e da nota Capes para cada um dos programas, que será divulgada no mês de dezembro. Confira.

Informe ENSP: O que é o Encontro sobre Ensino da ENSP que ocorrerá no dia 10 de dezembro?

Encontro busca repensar o ensino na ENSPTatiana Wargas:
Trata-se de um evento para o qual a Direção está convocando toda a Escola com o objetivo de discutir o ensino na ENSP. Estamos em um processo de discussão para a estruturação do nosso Regimento Interno, com a participação de representantes dos departamentos em que há a parte do ensino. Esse processo está em curso já há algum tempo, vindo desde a gestão anterior. Mas, com a nova gestão do diretor Hermano Castro, houve uma pequena mudança de proposta. Atualmente, queremos colocar em discussão com os professores, pesquisadores, técnicos, entre outros, a ideia de uma Vice Integrada de Ensino. É nisso que temos trabalhado no âmbito do Regimento Interno.

Eu tenho a preocupação de que essa proposta precisa ser mais bem trabalhada e divulgada dentro da Escola, até porque o Regimento deve expressar todo um projeto político.  E assim surgiu essa proposta de realizar um primeiro encontro para discutir o ensino da ENSP, o que pode ajudar a rever a nossa própria estrutura.

Nesses sete meses em que estou à frente da Pós-Graduação da Escola, busquei identificar onde estão os nossos desafios, conhecendo efetivamente o que é a organização dos programas, o que é a organização do lato sensu, da Educação a Distância. Eu e o Frederico Peres (vice-diretor de Escola de Governo) temos trabalhado em parceria nessas questões. Venho também participando das reuniões do Colegiado de Escola de Governo. Estamos construindo um grande projeto político-pedagógico, fazendo o regimento do ensino lato sensu. Há muita coisa sendo acontecendo.

Informe ENSP: O debate é inédito na ENSP?

Tatiana Wargas:
 Não. Esse debate acontece graças ao acúmulo de discussões anteriores realizadas na Escola por diferentes grupos, desde 2002/2003. As pessoas falam da iniciativa ENSP em Movimento, das comunidades de prática, trazem documentos que foram produzidos nesse período. O Regimento do lato sensu que estamos construindo nesse momento, na verdade, é uma construção que tem quase 10 anos, desde a reformulação da Escola de Governo. Estamos só fazendo os ajustes. Então, o encontro de ensino que estamos propondo é o primeiro dessa gestão, mas não é, de modo algum, a primeira vez que se discute ensino na Escola.

Informe ENSP: Quais questões serão abordadas nesse encontro?

Tatiana Wargas:
O encontro tem como propósito debater os caminhos para o Ensino na ENSP, com vistas a reconhecer os desafios do cenário atual e as estratégias necessárias para a definição do projeto político-pedagógico. As questões colocadas são bem gerais, tais como: O que é formar para saúde?; O que se quer formar?; Qual o projeto de formação que se quer para cada âmbito da ENSP (stricto, lato, EAD)?; O que é ser docente desta Escola? O que precisamos avançar e definir como política institucional para o ensino? A ideia é fecharmos o ano com essa chamada e construir uma proposta de agenda para 2014. Ou seja, quais temas precisamos aprofundar mais no debate. Isso porque a gente vê que alguns falam sobre Educação Permanente, outros em Educação Continuada, outros em certificação e outros em competências. Existem muitas terminologias entre nós, e precisamos conversar sobre elas para saber em que projetos gostaríamos de nos engajar. Podemos discutir como essas questões estão sendo tratadas dentro dos cursos. Precisamos entender o que é específico da EAD, e o que a EAD pode trazer de contribuições para o restante da Escola. Da mesma forma, podemos discutir o que é a proposta stricto sensu e buscar modos de articulação com o lato sensu. Eu tenho visto o trabalho que a EAD faz, e é algo muito cuidadoso. Temos que trazê-la para dentro da Escola, pois parece que ela não faz parte da ENSP. São questões que temos que trabalhar mais.

Informe ENSP: A questão de maior articulação entre stricto e lato sensu foi uma das propostas de campanha do próprio diretor Hermano.

Tatiana Wargas:
Foi sim. Temos que articular mais o stricto com o lato sensu. No relatório de 100 dias da nova gestão, nós fazemos um diagnóstico sobre essa situação. Algumas pessoas me procuraram e disseram que eu fui muito crítica e negativa a respeito do que a Escola produziu nesses últimos tempos. Eu respondi que não foi um diagnóstico negativo, e sim para apontar que temos desafios ainda a enfrentar. Acho ótimo que possamos ter desafios e reconhecer onde estão as nossas deficiências, para melhorar e saber também onde temos potencialidades já trabalhadas.

Informe ENSP: Então, o objetivo do encontro é ouvir a comunidade ENSP sobre o ensino na Escola?

Tatiana Wargas:
Nós fizemos essas perguntas genéricas para que as pessoas venham um pouco mais propensas a discutir. O nosso desafio é fazer um encontro que propicie o debate. Nossa intenção não é fazer um encontro em que as pessoas fiquem esperando que apenas a Direção e convidados apresentem suas propostas. A Direção terá uma fala inicial. Estou pedindo também aos coordenadores de curso com trajetória na EAD, no lato, no stricto, e até mesmo professores que possuem uma longa trajetória na Escola, para virem como uma apresentação informal, com uma visão sobre o que eles gostariam de ver no ensino da ENSP. Além destes, estamos chamando os alunos para que tragam suas contribuições. Não é um encontro-evento, e sim um encontro-debate, um local de escuta.

Nossa ideia aqui não é falar de um tema tão importante como o ensino com poucos pares, fechado na Direção, para, daqui a três meses, quando o Regimento estiver discutido, as pessoas estranharem aquilo e não se reconhecerem no documento. Queremos olhar para as propostas e verificar se elas são viáveis. Às vezes, a proposta que estamos pensando não encontra, na Escola, um caminho para ser viabilizada. As pessoas poderão nos dizer e convencer de que outras propostas podem ser até mais interessantes.

Nós, agora, temos que parar e discutir realmente o que queremos. É preciso um cuidado muito grande, porque o ímpeto da gestão é de querer normatizar tudo, gerar fluxos e dizer quais são os processos de trabalho. A gente pode, e deve, normatizar, mas se fizermos isso sem uma discussão coletiva, é possível que se burocratize ainda mais e não resolva nossas questões. Porque papel escrito é a coisa que mais se despreza nesse país. Escrever uma lei não é suficiente. A gente precisa trazê-la para o debate.

Informe ENSP: São sete meses à frente da Pós-Graduação ENSP. Como você avalia essa nova experiência?

Tatiana Wargas:
Eu continuo fazendo minhas pesquisas por intermédio do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde e venho trabalhando nesse desafio diário de conhecer a gestão. Nunca fui gestora em minha trajetória profissional e penso que tem uma coisa fundamental na gestão: as relações com os grupos, com as equipes, conseguir trazer as pessoas para o debate a fim de rever seus processos de trabalho. O mais difícil, nesses últimos meses, tem sido dar tranquilidade para as pessoas, pois eu não estou invadindo o espaço delas, e sim reconhecendo o potencial de cada um para trabalhar.

Por outro lado, eu tenho tido uma resposta muito boa das pessoas que trabalho diretamente, porque elas estão se sentindo valorizadas. Temos feito reuniões para entender o que é esse trabalho, até porque eu não conheço nada disso. Quem conhece são eles. Quem faz a gestão da pós são aquelas pessoas que estão diariamente aqui, há mais de dez anos. 

Agora, um elemento novo, que sou eu, traz possibilidades de ver aquilo que está viciado para poder ser modificado.

Acho também que temos uma deficiência enorme na gestão tecnológica da informação. Temos sistemas de informação que precisam ser criados, porque as coisas ainda são muito manuais e isso dá um trabalho enorme. Uma mesma informação pode ser pedida para diferentes pontos da minha rede de trabalho, ou seja, é pedida no Serviço de Gestão Acadêmica, na Escola de Governo e na Vice de Pós-Graduação. Então temos três pessoas trabalhando em uma mesma coisa, de forma manual, coletando informações e, às vezes, temos resultados diferentes. Isso eu tenho trabalhado muito e o Fórum de Informação, Comunicação e Tecnologias da Informação, coordenado pela pesquisadora Ilara Hammerli, de uma certa forma, nos obrigou a fazer uma matriz em que encontramos várias situações-problemas, porque a gente gerencia a informação principal da Escola, que são os cursos, os alunos que estão entrando, o Sistema de Gestão Acadêmica (Siga). Se a gente conseguisse resolver a gestão da informação da Escola com programas que dessem suporte realmente a gestão do ensino, eu acho que teríamos um ganho enorme. Esse me parece ser um desafio a ser enfrentando.

Informe ENSP: Existe algum outro desafio?

Tatiana Wargas:
Outro grande desafio que depois de sete meses eu percebo é que a gente, dentro da cultura institucional, fortaleceu muito a autonomia, algo que queremos e prezamos, mas não podemos confundi-la com independência. Precisamos fortalecer nossos espaços colegiados, promover o máximo de transparência e participação nos processos de decisão relativos aos cursos e programas. Toda a comunidade acadêmica deveria ter informações claras sobre os recursos que entram, como estão distribuídos, como podemos utilizá-los etc. Ainda há muito a trabalhar nesse aspecto.

E os nossos colegiados precisam também intensificar a discussão pedagógica, não podemos ficar restritos aos processos operacionais. Quando a gente fica no operacional, no dia a dia, deixa de discutir o que é substantivo. Que formação é essa que a gente quer e para onde desejamos ir? Precisamos avaliar ainda mais os nossos cursos. Temos que garantir autonomia sim para nossos profissionais, mas autonomia não pode ser independência. Eu não posso decidir para onde vai um recurso, qual o foco que quero dar para o curso, entre outras coisas, sozinha. A Direção não pode tomar decisões sozinha, os programas não podem, os coordenadores de curso não podem, porque tudo que se faz na Escola são projetos institucionais, que estão comprometidos com projetos maiores de formação e discussão sobre saúde. Isso tudo tem que ser discutido coletivamente. Eu tenho que ter um orçamento aberto. Tenho que ter um processo político-pedagógico discutido com o grupo de professores. Temos que buscar trabalhos mais coletivos e compartilhados.

Informe ENSP: Como você está vendo o processo seletivo stricto sensu para 2014?

Tatiana Wargas:
Tivemos um conjunto importante de pessoas procurando a Escola no processo seletivo para 2014. No caso do Programa de Saúde Pública, a prova de seleção para o doutorado tem se mostrado uma boa forma de gerar algum tipo de filtro e de entendimento de quem são esses candidatos, o que é bastante positivo. É claro que há sempre o que ajustar e aperfeiçoar, e estamos atentos a isso.  

Mas eu acho que teremos um conjunto de alunos entrando bem engajados e com projetos interessantes. Quando olhamos para a seleção, a gente vê que houve bastante êxito. Pode ser que não tenhamos conseguido captar todos os perfis desejados, mas aqueles que captamos entendemos como boas apostas para o doutorado. Isso com relação ao programa de saúde pública. Nos doutorados e Saúde Pública e Meio Ambiente e Epidemiologia em Saúde Pública, por eles terem um processo menor, há um controle maior na seleção, o que resultou também em alunos mais bem avaliados.

Ainda estamos aguardando os resultados finais do mestrado. O de Saúde Pública ofertou 82 vagas, e a gente tem uma previsão de um ano com uma turma muito grande e que vai entrar com o processo de reestruturação do programa. Mas as áreas mostraram que as provas foram boas, e tivemos também um excelente processo de seleção. Da mesma forma podemos dizer em relação aos Programas de Epidemiologia e de Meio Ambiente. A expectativa é receber um grupo muito interessante no próximo ano.

É claro que esse é um processo trabalhoso para a Escola. Sempre temos coisas a aprender, e eu já fiz uma lista do que precisamos aperfeiçoar para a seleção referente ao ano de 2015. Contamos ainda com o apoio de um advogado, dr. Marcos, para nos orientar em situações específicas que envolvem todo o processo de seleção. Este ano, por exemplo, passamos a divulgar as notas das provas seguindo uma orientação da Procuradoria e entendimento da necessidade de ter uma política de transparência no processo seletivo. A orientação do dr. Marcos foi fundamental para termos clareza do melhor caminho a seguir neste momento. Tudo isso tem sido um aprendizado, e foi minha primeira seleção enquanto vice. Eu já participei nas áreas de concentração como professora, mas o processo aqui é bem diferente porque há toda uma dimensão jurídica e de apoio ao candidato que não tinha dimensão como professora. É importante ressaltar todo o apoio da Maria Cecilia Barreira, chefe do Serviço de Gestão Acadêmica, e de sua equipe, que possui um background enorme nesse processo.

Tivemos também as chamadas específicas para os alunos estrangeiros este ano e estamos recebemos novos alunos. Ainda precisamos avançar muito nessa área de cooperação internacional, e, nesse sentido, a Vice-Direção de Escola de Governo iniciou a reestruturação da área de assessoria internacional para ajudar a direcionar futuramente as demandas de cooperação internacional. Também temos muitas expectativas nessa construção. 

Há propostas de novidades para 2014 no intuito de fazer mais chamadas para os programas. Isso está em discussão e também será válido para alunos estrangeiros. Estamos remodelando. Como as turmas estão grandes, temos que rever se não podemos fazer esse processo em dois momentos. Tudo ainda em discussão.

Informe ENSP: Para encerramos, está chegando a hora da divulgação da nota Capes para os Programas da Escola. Qual a expectativa?

Tatiana Wargas:
 Agora em dezembro, a Capes vai divulgar oficialmente as notas dos programas dos quatro programas. Há uma sinalização do comitê da área de Saúde Coletiva da Capes para uma boa avaliação para os três programas (Saúde Pública; Saúde Pública e Meio Ambiente; Epidemiologia em Saúde Pública). Para o de Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva, não temos informação, até porque essa é a primeira avaliação do programa, mas, em breve, teremos notícias de todos. Os mestrados profissionais também tiveram uma boa avaliação.

Eu penso que houve um reconhecimento do comitê de avaliação da Capes sobre o esforço da Escola, nesses últimos anos, em fazer com que nossos professores publicassem mais, porque foi feita uma campanha intensa nesse sentido, mas também de engajar nossos docentes nas disciplinas e mostrando a importância deles na orientação. 

Os relatórios de avaliação da Capes foram muito trabalhados pelos programas desde o ano de 2012, com o cuidado de ressaltar o que acumulamos em cada área. Então, essas possíveis boas notas são resultados do esforço desde a gestão anterior da Escola com todos os programas, na busca por produção docente, na captação da produção discente, na valorização da nossa produção técnica, entre outros pontos.

Teremos um Colégio de Doutores reunindo todos os Programas de Pós-Graduação da ENSP nos dias 25 e 26 de fevereiro de 2014. Nesse encontro, voltaremos a essa discussão do ensino na Escola olhando mais para o stricto sensu. Cada programa tem realizado seus colégios de doutores específicos. Vamos levar também para a reunião o que foi a avaliação da Capes, o que são os programas, para onde eles estão indo, quais desafios essas notas trazem, o pacto com relação ao credenciamento de doutores para o próximo triênio, com a finalidade de evitar o que vinha ocorrendo, de que todo ano se fazia um ponto de corte dos doutores. Isso era algo questionado pela Capes e gerava tensão e desgaste para nós todos. Agora para o triênio 2013-2015, serão definidos os professores credenciados garantindo sua participação durante todo o período.


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1 comentários
EDUARDO S. PONCE MARANHÃO
30/11/2013 10:37
É isso aí Tatiana ! Muito bom trabalho ! Vamos melhorar a qualidade do ensino da Ensp ! Revendo e reorganizando os vários níveis do ensino [lato, estrito senso]( doutorado, mestrados) e as modalidades como o EAD- moderniza-los, aperfeiçoa-los . Os alunos da Escola precisam e estão esperando por tudo isso e os professores/pesquisadores também , e já tem muito tempo ! É bom que vc e vários outros na Ensp estão mostrando essa energia, esse compromisso ,essa honestidade de querer avançar para alcançar e atingir o melhor ! Vamos em frente ! Parabéns a vc e todos os colegas .