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Ex-ministros debatem vigilância sanitária na América

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Publicado em:31/10/2013

Tatiane Vargas

Ex-ministros debatem vigilância sanitária na AméricaA mesa Desafios e perspectivas para a vigilância sanitária na América do Sul contou com a presença de ex-ministros da Saúde de dois países que compõem a região: Brasil e Uruguai. José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde do Brasil e atual diretor executivo do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde (Isags/Unasur), e Jorge Venegas, ex-ministro da Saúde do Uruguai e professor da Universidad de la República (UdelaR), falaram sobre a situação de saúde de seus países e suas interfaces com a vigilância sanitária. O encontro, realizado no terceiro dia (29/10) de atividades do VI Simpósio Brasileiro de Vigilância Sanitária/II Simpósio Pan-Americano de Vigilância Sanitária, foi coordenado pelo ex-diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, José Agenor Alvarez da Silva.

Jorge Venegas, ex-ministro da Saúde e membro do partido comunista Uruguaio, apresentou um panorama da saúde latino-americana, falou sobre a mobilidade territorial e geográfica da região, além do processo de construção regional e da vigilância epidemiológica. Venegas citou alguns aspectos que fizeram parte do processo de construção regional, entre eles, o desenvolvimento de sistemas de saúde universais, a política de medicamentos, a promoção da saúde e suas ações, a determinação social da saúde, além do desenvolvimento e gestão de recursos humanos.

Segundo Venegas, um dos grandes desafios da região é a implementação de sistemas de monitoramento e avaliação no âmbito da rede de vigilância. Como exemplos, citou as doenças vetoriais como o dengue e a cólera, as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), as doenças emergentes, a gestão dos riscos de desastres, a evolução tecnológica e a incorporação, certificação e controle da qualidade dos dispositivos médicos. “Existe, na América Latina, uma luta contra a iniquidade, uma luta social, política, educativa e de gênero que visa acesso aos serviços, à universalização da saúde - prestada com qualidade - e à construção de sistemas sanitários e educativos”, explicou.

Sobre a vigilância sanitária, Jorge Venegas apontou algumas sugestões para o tema como: reafirmar a vontade política e institucional da cooperação Sul-Sul; recriar mecanismos que permitam conhecer, estudar e dar respostas ágeis à vigilância sanitária regional e sub-regional; planejar encontros e mecanismos de comunicação que possam pôr em prática itens de grande importância estratégica para vigilância sanitária; impulsionar uma política de saúde regional na área de formação de recursos humanos e tecnológicos; e pôr em prática o acordo assinado pelos 12 países que compõem a América Latina durante a Assembleia Mundial da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre vigilância sanitária, entre outras sugestões.

Brasil é um país violento, desigual, fracionado e desestruturado

José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde do Brasil, contextualizou brevemente as ações do Isags e a defesa da proposta dos sistemas universais de saúde, que culminou na publicação Vigilancia em Salud em Suramérica: epidemiológica, sanitária y ambiental, que expressa as visões dos Ministérios da Saúde dos 12 países que compõem a União das Nações Sul-Americanas (Unasul). Segundo Temporão, a publicação possui um capítulo sobre vigilância sanitária que reconhece a enorme necessidade de esforços na área. Em seguida, falou sobre as transformações e transições na América Latina e citou que os países da região possuem diferentes problemas que se expressam de maneira comum.

Sobre as transições, Temporão apontou a epidemiológica e citou que, no Brasil, não temos apenas uma dupla carga de doença. “A situação epidemiológica do nosso país é ainda mais complicada. Temos uma tríplice carga de doença, pois a violência merece uma abordagem específica. Temos um país violento, desigual, fracionado e desestruturado. Além disso, estamos caminhando para um quadro de prevalência das depressões e doenças senis. Somente mais médicos não resolvem nossos problemas, precisamos de muito mais”, destacou.

O ex-ministro apontou ainda a transição alimentar, que compreende as mudanças no padrão de consumo, a publicidade de alimentos e a questão dos pesticidas e, ainda, a transição tecnológica, que envolve as doenças causadas pela tecnologia, denominadas iatrogenias. Por fim, o ex-ministro entrou no contexto das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT).

“Precisamos ter visão crítica de que a solução para as doenças crônicas é a mudança de hábitos individuais. O Brasil avançou muito no controle do tabagismo, por exemplo. Temos apenas 13% da prevalência de fumantes, mas ainda sim passamos por muitos retrocessos. O maior desafio hoje é aproximar a prática clínica da vigilância em saúde”, finalizou.


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