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Pesquisador fala sobre dias passados na prisão

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Publicado em:30/10/2013

Pesquisador fala sobre dias passados na prisãoLutar não é crime: Refletindo sobre os acontecimentos dos dias 15 a 18 de outubro de 2013 foi o título da atividade realizada na tarde de terça-feira (29/10), no auditório térreo da ENSP, na qual o pesquisador do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiente da ENSP, Paulo Roberto de Abreu Bruno, fez um relato da repressão sofrida e sua consequente prisão, junto com vários outros manifestantes. Na ocasião, Fátima Pinho de Menezes, mãe do jovem Paulo Roberto Pinho, vítima de uma ação policial em Manguinhos, também relatou seu sofrimento com a perda do filho.

O encontro foi uma iniciativa da Articulação do Fórum ENSP com os Movimentos Sociais, dando continuidade às discussões e encaminhamentos em decorrência das últimas prisões políticas. Na ocasião, o diretor da Escola, Hermano Castro, lembrou que a ENSP, por ser uma instituição pública com amplo compromisso com a sociedade, tem que debater os recentes acontecimentos, a fim de buscar soluções para que prisões ou violências arbitrárias não voltem a ocorrer em nosso Estado. “Se queremos uma sociedade completamente pacificada, se queremos um Estado pacificado, é fundamental que cada um de nós, dentro das suas atividades, reflita sobre os acontecimentos”, destacou Hermano.

A mesa foi coordenada por Eduardo Stotz, pesquisador do DENSP e coordenador da Articulação do Fórum da ENSP com os Movimentos Sociais e teve início com uma breve fala emocionada de Fátima Pinho de Menezes, mãe do jovem Paulo Roberto Pinho, vitimado em ação policial em Manguinhos. Ela agradeceu o apoio recebido pela ENSP/Fiocruz nesse momento difícil de sua vida, afirmando que seu filho, assim como outros jovens, era perseguido por agentes policiais.

“Depois dessa experiência de passar pelos porões da nossa democracia eu entendo perfeitamente o que Fátima Pinho está dizendo, principalmente na forma de tratamento que esse Estado dispensa aos seus cidadãos, em particular as pessoas pobres, faveladas e, principalmente aos negros. Estamos falando de uma cultura de 300 anos de escravidão que se mantém sobre um discurso de democracia onde as pessoas votam e se sentem representadas, mas que, na verdade, a estrutura de opressão se mantém intacta, no meu ponto de vista”. Começou assim a fala de Paulo Roberto de Abreu Bruno, relatando os quatro dias de privação de liberdade que sofreu entre os dias 15 e 18 de outubro.

O pesquisador da ENSP, muito emocionado, relatou passo a passo como ocorreu o processo de abordagem policial, sua prisão, junto com outros 18 presos políticos e os terrores psicológicos sofridos em dois presídios do Rio de Janeiro. Paulo Bruno foi detido pela polícia, na noite de 15/10, quando participava de manifestação popular, no Centro do Rio de Janeiro, em apoio aos professores. “É claro que todo esse terror, toda essa tortura psicológica que sofri mexeu comigo. Mas isso não vai me impedir de continuar trabalhando”, afirmou o pesquisador, mostrando sua força para a comunidade ENSP. E encerrou: “Foi muito importante para mim sentir a solidariedade dentro dessa instituição. Entrei para a ENSP em 2006 e ter sido abraçado simbólica e fisicamente pelas pessoas foi fundamental e acho que o Cabral não esperava por isso”, encerrou.

Participaram ainda dos debates o advogado Luís Peixoto, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ e Monique Cruz, do Fórum Social de Manguinhos.

(Fotos: Peter Ilicciev - CCS/Fiocruz)



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