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Mesa debate experiências dos movimentos sociais

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Publicado em:10/10/2013
 
A terceira mesa do VIII Seminário Internacional e XII Seminário Nacional Direito e Saúde, realizada na manhã do dia 9/10, discutiu o tema Movimentos sociais como construção do conhecimento€‹. Coordenada pela pesquisadora da ENSP Lucia Souto, a atividade reuniu representantes de diferentes frentes, que falaram sobre os movimentos das mulheres e de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBTTTs), o Teatro do Oprimido e as ações dos movimentos na Baixada Fluminense (RJ). O evento é uma iniciativa do Grupo Direitos Humanos e Saúde da ENSP (Dihs).
 
O coordenador do projeto Ponto de Cultura, do Centro de Teatro do Oprimido, Geo Britto, ressaltou a importância dos movimentos sociais para a construção do conhecimento e assegurou que sua militância é por meio da arte. “Todo ser humano é um produtor de cultura e protagonista de suas vidas. Não desenvolvemos ações para o outro, mas com o outro, como meio democrático para a transformação da sociedade. Essa é a lógica do Teatro do Oprimido”, explicou ele. 
 
Mesa debate experiências dos movimentos sociais
 
Geo relatou sua experiência com o projeto Cultura Viva, criado pelo então Ministro da Cultura, Gilberto Gil, durante o governo Lula. Segundo ele, o Cultura Viva não é um programa de governo ou da sociedade, mas sim do bem comum, e sua lógica é empoderar pessoas ou grupos que já desenvolvem projetos na área.
 
O coordenador do projeto Além do Arco-Íris, do AfroReggae, Felipe Petik Pasqualotto, falou sobre o trabalho que realiza com lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBTTTs). De acordo com ele, a proposta do AfroReggae é promover justiça e inclusão social por meio da arte. Em 2012, quase 11 mil pessoas passaram pelos mais de 50 projetos oferecidos por seus núcleos. “O projeto busca conhecer a realidade das pessoas LGBTTTs que vivem em favelas, mas o foco são transexuais e transgêneros, pois percebemos que eles estão em uma situação mais vulnerável”, defendeu Felipe.
 
Ele lamentou saber que, enquanto a academia discute as definições de siglas e conceitos para as pessoas LGBTTTs, estas vivem em situação de risco e vulnerabilidade, muitas vezes se prostituindo sem noção de risco ou proteção. Segundo Felipe, o objetivo do projeto é oferecer opções para essas pessoas saírem das ruas. “Não é uma questão de juízo de valor da profissão que exercem, mas, sim, de mostrar que podem estar inseridas na sociedade de outra forma, como algumas nunca imaginaram”, revelou. 
 
“Como a produção dos movimentos sociais é recebida pelos espaços de produção teórica?”, indagou Iris da Conceição, coordenador do Núcleo Baixada Fluminense do Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes). De acordo com Iris, que começou a militar nos movimentos de bairros e associação de moradores no fim da década de 1970, a Baixada, por mais que tenha movimentos pulverizados, se une para a luta quando é preciso. “Hoje, uma questão bastante crítica é a falta de visibilidade da Baixada, apesar de termos mais de 4 milhões de habitantes. Portanto, é necessário um movimento de fortalecimento da Baixada e dos conselhos da região”, comentou. 
 
No encerramento da mesa da tarde, a coordenadora executiva da Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação (Cepia), Leila Linhares, abordou a questão das mulheres. Segundo ela, a diversidade dos movimentos permitiu a ampliação dos conhecimentos sobre as mulheres reais da sociedade brasileira, em suas diferenças, dificuldades e particularidades. As brasileiras têm se organizado em diferentes movimentos, entre os quais os de mulheres indígenas, rurais, negras, lésbicas e sindicalistas. “Desde 1988, temos uma democracia em que todos cabem e todos são iguais nas diversas facetas da vida social. No entanto, ainda nos deparamos com formas excludentes de cidadania, e as mulheres – e não apenas elas – estão entre as populações que não alcançaram efetivamente plenos direitos na sociedade”, constatou Leila. 
 
Ela apontou a importância do fortalecimento de movimentos e ações para a cidadania e defendeu as conferências municipais, estaduais e nacionais como um espaço de união. “Nesses eventos, as mulheres dizem o que querem e o que precisa mudar. É necessário que os conhecimentos provenientes da militância direta se traduzam no aprofundamento da reflexão sobre a problemática da democracia no Brasil”, concluiu Leila. 

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